Dando seguimento ao plano de trabalho proposto para a implantação do "Programa Restaurativo Além da Punição" no sistema prisional goiano, representantes do Núcleo de Justiça Restaurativa do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (Nucjur) visitaram, na segunda-feira (24), a Unidade Prisional Regional de Corumbá de Goiás. A abertura do evento foi realizada pelo juiz e coordenador do Nucjur, Decildo Ferreira Lopes e contou com a presença do juiz da Vara Judicial da comarca de Corumbá de Goiás, Paulo Henrique Silva Lopes Feitosa, equipe de policiais penais da Unidade Prisional de Corumbá, representados pelo diretor, Ivan Willian Nogueira, o presidente da Câmara Municipal, Dinamar Conceição de Siqueira, assessores jurídicos municipais e professoras.
O magistrado e coordenador do Nucjur destacou que o intuito do programa é possibilitar a mudança da cultura atual do sistema prisional, com foco na punição e aprisionamento, para uma cultura que possa também fazer parte da missão dos policiais penais, a fim de promover impactos positivos, por meio de ferramentas que oportunizem a transformação das pessoas.
Após a apresentação inicial, 17 policiais penais participaram de um círculo de construção de paz proposto no livro que orienta o programa, “Justiça Restaurativa na Execução Penal: Um manual para aplicação de círculos de construção de paz em unidades prisionais”. A equipe foi dividida em dois círculos, que foram conduzidos pelas facilitadoras Alice Rayane da Cruz Moreira e Michele Helena Silva (CEJURE-Goianésia) e Goianiamar Nunes Leite e Laiane Carolina Carvalho de Matos (NUCJUR). Finalizada a vivência do círculo de construção de paz, alguns dos policiais penais relataram sua experiência com esta prática restaurativa.
Transformar os ambientes
“A ideia é levar a Justiça Restaurativa ao sistema prisional goiano. O grande efeito da Justiça Restaurativa é transformar os ambientes e relacionamentos como oportunidades para a construção da paz. Todo projeto que visa construir uma realidade diferente da cultura atual, merece um voto de confiança, pois é em prol de todos. O que estamos trazendo para Corumbá não é direcionado apenas a quem está preso, mas a toda comunidade”, explicou a coordenadora de interlocução entre órgãos internos e externos para consolidação de parcerias, Laiane Carolina Carvalho de Matos.
“Esse programa vem para nos mostrar que posso fazer o preso enxergar por outro prisma, que preciso fazer diferente na vida das pessoas. Hoje entendi o meu propósito de vida, e para eles (presos) também. Fiquei lisonjeado por ter a oportunidade de participar e entender que posso fazer a diferença na vida de muita gente”, destacou o policial penal Paulo.
“Me surpreendi, a gente chega revestido por uma capa, bem resistente, mas todos começaram a se abrir. A gente convive todos os dias mas não tem o conhecimento das questões pessoais. A unidade precisava disso, pois desenvolveu companheirismo, união, respeito. Gostei muito do círculo da Justiça Restaurativa” apontou o policial Gregory Rocha.