A lavradora Keila Coelho da Silva, de 31 anos, saiu contente com o atendimento recebido na 4ª e última edição desse ano do Justiça Itinerante, realizada no assentamento Bandeirante, localizado a 40 quilômetros de Baliza. Ela precisava tirar a segunda via da carteira de identidade e estava realizada por ter conseguido resolver a pendência que já se arrastava há mais de dez anos.
“Foi rápido e fácil. Cheguei cedo, peguei a senha e resolvi. Agora, vou pegar o documento daqui a dez dias”, contou ela. Moradora do antigo acampamento Oziel há 22 anos, Keila (foto acima) adiou a segunda via do documento em razão da dificuldade de locomoção e financeira. “A estrada só melhorou agora. É difícil arrumar jeito de ir na cidade e além disso não temos boas condições financeiras”, justificou.
Ela foi uma das muitas beneficiárias do Programa Justiça Itinerante, que, até essa quarta-feira (18), oferece mais de 70 serviços gratuitos à população de Bandeirante e região. Os moradores do local procuraram massivamente os atendimentos ofertados pelo TJGO e parceiros, especialmente aqueles de registro civil.
No Justiça Itinerante, Keila conseguiu sua segunda via gratuitamente, mas se fosse procurar a unidade de atendimento mais próxima, localizada em Aragarças, ela teria de percorrer cerca de 90 quilômetros e pagar 42,26 reais pela nova emissão do documento.
De acordo com a papiloscopista policial Gisele Lima, coordenadora do serviço no Justiça Itinerante, a grande demanda pela emissão da carteira de identidade se deve, além do fator logístico, ao tempo de espera para obtenção do serviço. “Não tem Vapt Vupt por aqui e a unidade de atendimento mais próxima, em Aragarças, tem fila de dois meses para agendamento”, contou.
Dificuldade
Terezinha Medeiros Ferreira (na foto acima com o marido, Eurípedes) foi outra moradora do assentamento que esteve no Colégio Estadual Oziel Alves Pereira para tentar conseguir a identidade do cunhado e resolver pendências relacionadas à aposentadoria da sogra. O cunhado, que tem mais de 70 anos, está há décadas sem o documento após ter tido sua carteira roubada.
“Aqui é difícil transporte e a lonjura. E como a gente mexe com gado, é complicado sair porque tiramos leite de manhã e à tarde. Então isso é muito bem-vindo”, afirmou ela, que além do cunhado, toma conta da sogra e viu seus três filhos saírem do assentamento em busca de trabalho nas redondezas. De acordo com ela, o dinheiro é curto, mesmo com os bicos feitos eventualmente pelo marido, e mal dá para sustentar ela, o marido, a sogra, o cunhado e o filho caçula, único que ainda vive com a família. “Essa aposentadoria da minha sogra vai ajudar demais, porque . Para viver aqui você não pode só gostar, você tem que amar, porque é a lida com a roça”, contou. (Texto: Aline Leonardo - Fotos: Cecília Araújo - Centro de Comunicação Social do TJGO)
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