A 2ª Vara de Família e Sucessões e o 2º Centro Judiciário de Solução de Conflitos de Anápolis já estão no Metaverso. A iniciativa, inédita na esfera estadual da Justiça brasileira, é da diretora do Foro da comarca de Anápolis, Aline Vieira Tomás. A magistrada, titular da Vara e do Cejusc, já faz atendimentos, reuniões, recebe advogados e resolve questões administrativas em geral no ambiente de realidade virtual aumentada.
Entusiasta de novas tecnologias, a juíza percebeu que o Metaverso poderia ser uma forma eficiente de aproximar mais o Judiciário do cidadão. Ela, então, decidiu criar um espaço virtual e divulgá-lo para advogados e usuários dos serviços e, logo, várias atividades estavam sendo realizadas nesse meio.
“O Poder Judiciário está sempre na vanguarda quando o assunto é se adaptar para o pronto atendimento às demandas que surgem com a evolução da sociedade. Então, com a chegada do Metaverso como uma forma de comunicação para um segmento da sociedade ligado à tecnologia, o Poder Judiciário ingressa nesse mundo de realidade virtual aumentada para a entrega da prestação jurisdicional, sem deixar de fora nenhum usuário que bate às nossas portas", afirmou a juíza Aline Tomás.
O projeto-piloto foi elaborado dentro de uma plataforma oficial da Microsoft, chamada Alt Space VR. Nela, os usuários ingressam e configuram seus avatares e, com isso, podem transitar pelos ambientes virtuais da plataforma. Segundo a magistrada, a 2ª Vara de Família e Sucessões e o 2º Cejusc de Anápolis promovem atividades neste universo de realidade virtual aumentada como preparação para quando a atividade jurisdicional propriamente dita puder ser ali realizada, o que ainda depende de regulamentação.
“O Metaverso já está presente em diversos segmentos da sociedade, mas no Judiciário ainda é muito incipiente. Então, como a função precípua do Judiciário é o pronto atendimento àquelas demandas que chegam aos nossos fóruns diariamente, não teríamos como ficar distantes de um segmento virtual mais tecnológico, que é o que o Metaverso representa hoje”, explicou a juíza responsável pelo projeto.
Audiências com hologramas
A magistrada acredita que, em um futuro próximo, quando os avatares forem substituídos por hologramas, tornando a representação virtual muito próxima ao real, atos como entrevistas e oitivas de testemunhas poderão ser realizadas no Metaverso. Hoje, a atuação do Judiciário se restringe ao âmbito administrativo e pedagógico. “Então, quando esta for a realidade, nós já estaremos preparados e não seremos iniciantes nesse universo”, argumentou.
De acordo com ela, o Metaverso agrega muito à vida do jurisdicionado porque vem para somar, é inclusiva, facilitando ainda mais o acesso à justiça para todos, assim como os atendimentos on-line e híbridos, que vieram para ficar pela facilidade de se acessar o Judiciário telepresencialmente.
Metaverso
De acordo com especialistas, o Metaverso é uma tecnologia que possibilita a inserção de pessoas e coisas num espaço virtual compartilhado. O conceito, no entanto, é mais complexo que apenas uma solução de realidade virtual, pois converge internet e realidade física, numa versão virtual aprimorada, com interação sem barreiras físicas, e associada a outras tecnologias como criptomoedas e NFTs, que por sua vez, serve como uma espécie de certificado digital, só para citar um exemplo.