“Não aceite que digam que você não é capaz”. Essa foi uma das frases destacadas pelo estudante João Vitor de Paiva Bittencourt, primeiro jovem com síndrome de Down a integrar o conselho do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil, na palestra “Combatendo o Capacitismo: Promovendo a Inclusão e a Igualdade", realizada nesta segunda-feira (11) no auditório do Fórum Cível Heitor Moraes Fleury. A iniciativa faz parte do Projeto Todos Por Todos, realizado pela Comissão Permanente de Acessibilidade e Inclusão do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO).

A palestra foi aberta pela juíza auxiliar da Presidência, Lidia de Assis e Souza, que na ocasião representou o presidente doTJGO, desembargador Carlos França. “É com muita alegria que recebemos João Vitor, que hoje fala da importância da promoção da inclusão e da igualdade e da necessidade de combate ao capacitismo. A acessibilidade diz respeito a uma transposição de entraves que representam as barreiras para efetiva participação de pessoas nos vários âmbitos da vida social. E a inclusão social é um processo que depende não apenas de aprovação de leis. Vai além, há necessidade de cursos profissionalizantes para capacitação com pessoas com deficiência, empresas e instituições interessadas e comprometidas com essa mão de obra para que o direito de todo e qualquer cidadão possa ser efetivamente cumprido”, destacou a magistrada.


Representando o corregedor-geral da Justiça, desembargador Leandro Crispim, o juiz auxiliar da Corregedoria, Gustavo Assis, por sua vez, afirmou que “em meio à diversidade dos sujeitos, uma sociedade que aspira ser justa deve ter a capacidade de acolher e valorizar as diferenças, garantindo que todos devem ser respeitados, reconhecidos na sua singularidade e motivados a desenvolver as suas potencialidades. Esse é o propósito do projeto Todos por Todos”.

Experiência gratificante

A diretora do Foro da comarca de Goiânia, juíza Patrícia Bretas, lembrou que por meio do Projeto Com Viver, iniciativa que visa promover a inclusão de pessoas com necessidades especiais no meio social e profissional, o Fórum Cível de Goiânia conta com estagiários voluntários com síndrome de Down. “Nós temos uma experiência muito gratificante com eles. E nossa intenção é aumentar o quadro desses colaboradores. Para isso, precisamos saber como incluí-los aqui na nossa rotina, como acolhê-los e, principalmente, como tornar o nosso ambiente o melhor possível, e essa palestra com João Vitor é uma forma de conhecermos mais”, pontuou a juíza.


A presidente da Comissão Permanente de Acessibilidade e Inclusão do TJGO, juíza Priscila Lopes da Silveira, lembrou como projeto Com Viver, criado em 2017, tem ajudado a incluir a pessoa  com deficiência, tanto física quanto intelectual, no meio social, além de oportunizar a preparação dela para o trabalho. “É difícil de descrever o sentimento ao conviver com essas pessoas. São comprometidas, leais, capazes, mas, infelizmente, por preconceito, não conseguem  ocupar espaços que existem e elas têm capacidade e potencialidades como qualquer outra pessoa”, destacou,  ao agradecer o apoio da Presidência do TJGO e da Corregedoria nas demandas de inclusão e acessibilidade no Poder Judiciário.



Palestra

João Vitor de Paiva Bittencourt, que conquistou seu espaço com a ajuda das redes sociais e viralizou com mais de 700 mil seguidores, compartilhou sua trajetória e visão sobre inclusão e igualdade, além de sua luta pelos direitos das pessoas com deficiência. O jovem de 24 anos,  que também é ator e modelo, abordou em sua palestra sobre formas de acessibilidade e inclusão e a oportunidade e autonomia para as pessoas com deficiência; pontuou sobre capacitismo, que são práticas ofensivas que inferiorizam as pessoas com deficiências e destacou a importância da rede de apoio. “Sempre tive o suporte da minha família, de amigos, de professores. E isso foi muito bom. Estudei em escolas regulares e pude provar que a pessoa com síndrome de Down é capaz. Passei em quatro vestibulares e hoje faço o curso de graduação em Educação Física".


O influenciador digital contou dos planos para o futuro. “Quero tirar minha carteira de motorista e me casar com minha namorada”, brincou. E finalizou reforçando: “Não aceite que digam que você não é capaz”.


A jovem Karine Gomes, que tem síndrome de Down e é estagiária voluntária no Fórum Cível, gostou da palestra de João Vitor e compartilhou da opinião dele. “Nós somos capazes e temos que buscar conscientizar as pessoas disso”.


Presenças

Também participaram da palestra, as juízas substitutas em segundo grau,Telma Aparecida Alves e Iara Márcia Franzoni, a juíza Simone Monteiro, diretora de Foro substituta da comarca de Goiânia, o juiz Otacílio Zago, da comarca de Goiânia, a secretária de acessibilidade e inclusão  do Núcleo de Responsabilidade Social e Ambiental (Nursa), Raquel Antonini, a que conduziu a cerimônia,  a presidente da Asdown, Ana Maria Ferreira Motta, servidoras, servidores do Fórum Cível. (Texto: Karinthia Wanderley/ Fotos: Leonardy Sales- Centro de Comunicação Social do TJGO)

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