“Ninguém, mais ninguém, vai poder querer dizer como amar”, declarou o juiz Gabriel Lisboa, coordenador do Comitê de Equidade de Gênero do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO), ao citar versos do cantor Johnny Hooker, durante a celebração da cerimônia de casamento comunitário em comemoração ao Dia Mundial do Orgulho LGBTQIAPN+, ocorrida nesta sexta-feira (28), no jardim do Fórum Cível, localizado no Parque Lozandes, e contou com a presença de amigos e familiares.

O evento foi organizado pela Presidência do TJGO e pela Corregedoria Geral da Justiça (CGJ), por meio da Diretoria do Foro da comarca de Goiânia, e realizou o casamento de 69 casais da população LGBTQIAPN+.

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Compuseram a mesa diretiva da cerimônia: o presidente em exercício do Poder Judiciário goiano, desembargador Amaral Wilson; o corregedor-geral da Justiça do Estado de Goiás, desembargador Leandro Crispim; a desembargadora Sandra Regina Teodoro Reis; a diretora do Foro da comarca de Goiânia, juíza Patrícia Bretas; a juíza auxiliar da presidência do TJGO, Lídia de Assis e Souza; os juízes auxiliares da CGJ, Gustavo Assis Garcia e Soraya Fagury; a vice-presidente da Associação dos Magistrados do Estado de Goiás (Asmego), juíza Renata Nacagami, representando a presidente da Associação, magistrada Patrícia Carrijo; o coordenador do Comitê de Equidade e Diversidade de Gênero do TJGO, juiz Gabriel Lisboa; a presidente da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de Goiás (Arpen-GO), Evelyn Aída Tonioli Valente; e a presidente da Comissão Especial de Diversidade Sexual e Gênero do Conselho XXI Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (CFOAB), Amanda Souto.

Durante a cerimônia, houve a apresentação musical da cantora e servidora do TJGO, Mara Cristina.

“Hoje, celebramos não apenas o amor, mas também a igualdade e o respeito”, declarou o presidente em exercício do TJGO, desembargador Amaral Wilson. Ele destacou que, por meio da realização do evento, o Poder Judiciário de Goiás reafirma o compromisso com a promoção dos direitos humanos e a luta contra o preconceito. “Que esta cerimônia seja um marco de inclusão, dignidade e garantia de direitos”, frisou Amaral Wilson.

Evolução dos direitos

A diretora do Foro da comarca de Goiânia, juíza Patrícia Bretas, lembrou durante a cerimônia que o TJGO completou 150 anos de história no último dia 1º de maio, e que ao longo desses anos, sempre atuou para garantir os direitos da sociedade. “Essa data, em que se comemora o Dia Mundial de Celebração do Orgulho LGBTQIAPN+ e o 1° casamento coletivo dessa população, ficará na história. Espero que toda a sociedade se inspire no exemplo de humanidade e inclusão que o Poder Judiciário hoje transmite”, destacou a magistrada, que coordenou a organização do evento.

Celebração do amor

O coordenador do Comitê de Equidade e Diversidade de Gênero do TJGO, juiz Gabriel Lisboa, que celebrou o casamento coletivo, falou sobre o significado do momento. “Celebramos o passado, porque celebramos um relacionamento iniciado há alguns anos, com tantas histórias, crescimento e luta.
Celebramos o presente, porque aqui formalizamos a união de vocês.
Celebramos o futuro, porque hoje se inicia uma nova família e uma nova história a dois.
Assim, depois de tanta luta, o direito de vocês é reconhecido. A união de vocês é reconhecida. Uma nova história começa. E um lindo futuro está diante de vocês”.

Planejamento ousado

A juíza auxiliar da CGJ, Soraya Fagury, explicou que a realização do casamento coletivo foi uma iniciativa da presidência do TJGO em parceria com a Corregedoria da Justiça de Goiás. “Foi um planejamento ousado, especialmente pelo prazo estipulado para que a cerimônia acontecesse no Dia Mundial de Celebração do Orgulho LGBTQIAPN+”. Soraya Fagury ainda agradeceu o apoio da Arpen-GO e da diretora do Foro da comarca de Goiânia, juíza Patrícia Bretas.

Encontros

Adriana Cardoso e Andréia Peres se conheceram na noite do Réveillon de 1990, num clube da capital. Desde então, nunca mais se afastaram uma da outra. Passaram por inúmeros desafios. As famílias não aceitavam o relacionamento entre as duas mulheres. Encontravam-se às escondidas, e o namoro não podia ser revelado para as famílias. Pouco mais de um ano após aquele Réveillon, elas decidiram morar juntas.

Adriana e Andréia nunca mais se separaram. E hoje contam com o apoio daqueles que eram contra a união naquela época. “Hoje nossas famílias nos aceitam. Somos um casal. Ela é tia dos meus sobrinhos, eu sou tia dos sobrinhos dela. Formamos uma família muito feliz”, disse Adriana ao se encaminhar para a cerimônia de oficialização da união, que já dura mais de 30 anos. Segundo Andréia, a iniciativa do Tribunal e da Corregedoria Geral da Justiça de Goiás foi nobre. “Nunca tinha visto uma instituição pública que tivesse o olhar voltado pra gente, casais LGBTQIAPN+. Somos muito gratas por essa oportunidade. Queremos viver o resto de nossas vidas juntas”, comemorou Andréia.

 Reconhecimento

O psicólogo Rafael Hasmussen e o enfermeiro Everton Vieira se conheceram há 10 anos pelas redes sociais. Moram juntos há nove anos. “Passamos por vários tipos de preconceito. Caminhamos muito para chegar neste momento hoje de reconhecimento da nossa união”, disse Everton Vieira.

Para Rafael Hasmussen, “é muito bom ser reconhecido oficialmente como um casal, uma família, graças à iniciativa do Tribunal de Goiás. É importante que haja mais edições do casamento coletivo LGBTQIAPN+. A nossa comunidade precisa desse amparo”, reconheceu.

Também prestigiaram a cerimônia a juíza Érika Barbosa Gomes e o juiz Vitor Umbelino Soares Júnior; o defensor público Tairo Batista Esperança; a secretária-geral da Presidência do TJGO, Dayhenne Mara Martins; o secretário-geral da CGJ, Gustavo Maciel; a secretária de Estado de Políticas para Mulheres e Promoção da Igualdade Racial, Gláucia Maria Teodoro Reis; a deputada estadual Bia de Lima; e o tabelião do Cartório do 2º Ofício de Registro Civil das Pessoas Naturais e Tabelionato de Notas de Goiânia, Antônio do Prado; e o cartorário Rômulo Nogueira, titular do Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais da 3ª Circunscrição de Goiânia.  Veja mais fotos  (Texto: Carolina Dayrell / Fotos: Agno Santos e Wagner Soares – Centro de Comunicação Social do TJGO)