“Negro é a raiz da liberdade”.  Esse foi o canto entoado pela servidora do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO), Graziela Soares, ao abrir a Roda Antirracista, realizada na tarde desta quarta-feira (6), no Salão Nobre do Plenário, na sede do Poder Judiciário estadual. A ação faz parte da programação da 26ª Semana da Justiça Pela Paz em Casa, que teve início na última segunda-feira (4) e se estende até sexta-feira (8).

Falta de oportunidades para mulheres pretas, segregação na infância por causa da cor, vivências familiares e dificuldades do cotidiano foram alguns dos temas conversados durante a roda, que foi mediada pela Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Familiar do TJGO.

“O corpo negro e a vida negra não importavam”, frisou Mônica Ramos Gomes, uma das participantes do evento. Essa frase se traduz em números. Somente em 2022, mais de 7 milhões de mulheres foram agredidas fisicamente com tapas, socos ou chutes, sendo que desse total, 65,6% eram mulheres pretas. A pesquisa que foi realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública junto ao Instituto Datafolha e publicada no final de 2023, mostra a realidade do Brasil.

Por esse motivo, a Roda Antirracista foi incluída na programação dessa primeira edição do ano da Semana Pela Paz em Casa. Para a juíza, vice-coordenadora da Coordenadoria da Mulher e autora do projeto da Roda Antirracista, Érika Cavalcante (foto abaixo), os dados mostram como é fundamental trazer as questões raciais para dentro das discussões de gênero, a fim de trabalhar para reduzir os números.

“Para mulheres negras, que sofrem com um tipo de violência diferente das mulheres brancas, é importante ter essa conversa sobre racismo, para que possamos entender a perspectiva da nossa sociedade, por meio dessas mulheres”, frisou a magistrada ao afirmar o objetivo da realização da Roda Antirracista durante a Justiça Pela Paz em Casa.



Ambiente acolhedor

“Quem traz na pele essa marca, possui a estranha mania de ter fé na vida”, cantou Milton Nascimento em sua música Maria, Maria, que foi trilha sonora do encerramento da Roda Antirracista. Apesar do tema sério, a roda foi marcada por um ambiente leve, descontraído e acolhedor, onde as mulheres presentes se sentiram confortáveis para falar de suas dores e experiências.

Ainda durante a roda, foi realizado o convite para o lançamento do projeto Flores do Ipê, que será feito na segunda-feira (18), às 14 horas. O programa visa atender, acolher e orientar mulheres, servidoras, magistradas, terceirizadas e estagiárias, do Poder Judiciário goiano, sobre como agir em casos de violência doméstica.

Presenças
Participaram também da roda, os servidores da Coordenadoria da Mulher, Carlos Gonçalves, Morgana Santos e Mara Cristina, além de outras servidoras do TJGO e público externo. (Texto: Agnes Geovanna - Fotos: Lara Guimarães e Luís Ricardo - Centro de Comunicação Social do TJGO)

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