Pelo menos 7,4 milhões de mulheres foram agredidas fisicamente com tapas, socos ou chutes em 2022 no Brasil. A pesquisa, publicada no fim do ano passado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública junto ao Instituto Datafolha, revelou também que, entre essas mulheres, 65,6% eram negras contra 29% de brancas, 2,3% amarelas e 3% indígenas.
Conclui-se com o estudo que, além do gênero, a raça é um componente significativo também na violência doméstica e familiar. Por essa razão, a Coordenadoria Estadual da Mulher em situação de Violência Doméstica e Familiar promove, nesta quarta-feira (6), às 14h30, na sede do TJGO, em Goiânia, a Roda Antirracista, um programa desenvolvido para fomentar o debate sobre a democracia racial e agir pela sua concretização. A programação, voltada para mulheres negras, faz parte da 26ª Semana da Justiça Pela Paz em Casa, que neste ano concentrou seus esforços no município de Caldas Novas e Itumbiara.
“A raça é determinante na história dessas mulheres, então, não podemos deixar de trabalhar as questões do racismo entre as muitas discussões promovidas pela Semana da Justiça Pela Paz em Casa. Ter consciência desses números e da prevalência das questões raciais nos obriga a colocar o racismo no centro dessas discussões”, afirmou a vice-coordenadora e autora do projeto da Roda Antirracista, juíza Érika Gomes Cavalcante (foto acima).
Para a magistrada, além do gênero e da raça, outro componente dessa matemática é o fator social. De todas as formas de violência pesquisadas - física, psicológica e sexual - , 43% das vítimas relataram o parceiro íntimo como o agressor ao longo da vida. A prevalência é superior entre mulheres negras (48% deste grupo populacional), apenas com ensino fundamental (49%), com filhos (44,4%), divorciadas (65,3%), com maior incidência na faixa etária de 25 a 34 anos (48,9%). “Esses dados nos permitem concluir que são mulheres jovens, que provavelmente tiveram filhos cedo e, em razão da escolaridade, com salários que as tornam dependentes de seus agressores. Precisamos discutir essas questões e trabalhar para reduzir esses números”, observou a magistrada.
Programação
A programação da 26ª Semana da Justiça Pela Paz em Casa inclui ainda palestras sobre temas como “o que você precisa saber sobre a violência doméstica: uma abordagem prática para além do óbvio”; palestra para discentes no Centro Universitário Universo Goiânia sobre a Lei Maria da Penha, Igualdade de gênero e o Papel dos Estudantes de Direito na Mudança Cultural, além de grupos reflexivos e ação na cidade de Itumbiara. (Texto: Aline Leonardo - Arte: Bárbara Carvalho - Centro de Comunicação Social do TJGO)