Os dizeres dos abadás e os versos da canção alertam sobre a violência e o assédio sexual contra a mulher. A ação do bloco carnavalesco Nem Vem chamou a atenção de frequentadores de bares e de quem circulava em ruas dos setores Marista, Sul e Oeste, na capital, nesta sexta-feira (2). A iniciativa do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO), por meio da Coordenadoria Estadual da Mulher, que está em sua segunda edição, teve a participação da escola de samba Beija Flor de Goiás, além de um carro de som comandado pela cantora e servidora Mara Cristina. Durante a ação, os foliões do bloquinho, entre magistrados, servidores e público em geral, entregaram adesivos com telefones úteis para denúncias em casos de assédios.

A desembargadora Sandra Regina Teodoro Reis, que na ocasião representou o presidente do TJGO, desembargador Carlos França, participou do desfile e destacou que o objetivo da ação é transmitir uma mensagem às mulheres, " e especialmente aos homens, que o corpo da mulher só pode ser tocado se ela permitir. Ninguém tem o direito de encostar na mulher se ela não quiser. E aqueles que não respeitarem o que diz a lei, serão punidos”, alerta a magistrada.

Aumento de casos no carnaval

A titular da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar, juíza Marianna de Queiroz, reforça o intuito do bloquinho destacando a importância de sensibilizar a sociedade em geral sobre a prevenção ao assédio sexual no carnaval. “Os casos de violência contra a mulher aumentam nesse período. Temos mais importunação sexual, mais episódios de assédio e estupro, e geralmente eles ocorrem na rua, envolvendo bebida alcoólica. E o bloco Nem Vem atua no sentido de promover um carnaval onde todos estão seguros para brincar, curtir, em que mulher não seja importunada”, enfatiza.

Para a vice-coordenadora da Coordenadoria Estadual da Mulher, juíza Érika Barbosa, a mulher tem o direito de se “divertir, brincar, acompanhada ou sozinha, pode escolher sua roupa, sua fantasia, sem ser perturbada ou diminuída. A sociedade tem que se mobilizar para erradicar a violência de gênero. E eventos como este são importantes para construir um futuro mais seguro para as mulheres”, frisa, ao destacar que os números do Ministério dos Direitos Humanos da Cidadania e do Ministério das Mulheres, apontam que em Goiás foram somados mais de 70 casos de violência contra a mulher apenas nos dias de carnaval nos últimos quatro anos.

O representante comercial Augusto Cabral Garcia acompanhou o percusso e gostou da iniciativa. “É sempre válido reforçar esse tipo de campanha. Tem muitos homens que abusam das mulheres no carnaval e isso não pode acontecer”. A servidora do TJGO, Vanessa Vasconcelos, também deixou um recado importante durante a folia “Estamos aqui pra reforçar que assédio é crime. Meu corpo, minhas regras. Respeito é bom e todo mundo gosta e as mulheres têm que ter essa consciência e os homens precisam respeitar a todas nós. Não é não”, enfatiza.

Denúncias

A major Dyrlene Seichas, comandante do Batalhão Maria da Penha, parceiro da ação, alertou sobre a importância das mulheres denunciarem. “Se percebeu que está sendo vítima de assédio, violência moral, sexual, acione o Batalhão Maria da Penha".

E a delegada Ana Elisa Gomes, titular Delegacia Estadual de Combate à Violência Contra a Mulher em Goiás (Deam), afirma que as mulheres têm que estar conscientes de seus direitos e devem recorrer à segurança pública em caso de abuso. “Peça socorro a uma viatura, ligue no 190, ou, ser for necessário, procure a Delegacia da Mulher que funciona 24 horas”, reforça. (Texto: Karinthia Wanderley/ Fotos: Wagner Soares- Centro de Comunicação Social do TJGOVeja galeria de fotos

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