"O assédio tem relação com o poder e onde há excesso de poder há escassez de amor". Essa foi uma das reflexões da psiquiatra Ana Beatriz Barbosa na palestra "Os Impactos Psicológicos e Emocionais Gerados pelo Assédio e Discriminação no Trabalho", realizada nesta terça-feira (30) no auditório Desembargador José Lenar de Melo Bandeira, sede do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO).
A iniciativa da Diretoria de Recursos Humanos (DRH) do TJGO encerrou a Campanha de Combate ao Assédio e Discriminação no Poder Judiciário Estadual . Servidores e público externo acompanharam a palestra, transmitida pelo canal do TJGO no YouTube e foi mediada pela servidora do DRH, Daniela Botelho.
A palestrante Ana Beatriz Barbosa, que é uma das mais renomadas na área do comportamento humano, destacou que o assédio é um fenômeno que existe desde que a humanidade começou a se formar. "Onde há grupos humanos tem sempre alguém que quer exercer mais poder. E o poder, além de trazer coisas tóxicas, vem com o apego. Aqueles que conquistam o poder não querem perder", revelou.
A psiquiatra explicou a diferença entre assédio e discriminação e ressaltou que ambos provocam uma série de consequências para as vítimas. "A pessoa que é assediada ou discriminada sente o organismo em estado de alerta, o que pode levar a alterações psicossomáticas, comportamentais e psicopatológicas".
Alterações comportamentais e psicológicas
Segundo Ana Beatriz, entre as consequências das alterações psicossomáticas que podem ocorrer com a pessoa assediada, estão taquicardia, refluxo, cefaleias, dermatites e dores musculares. As comportamentais: irritabilidade, aumento de consumo de álcool e drogas, disfunções sexuais e isolamento social. E, ainda, conforme ela, as psicopatológicas: ansiedade, apatia, insegurança, melancolia, depressão e fobias.
A psiquiatra salienta que o agravamento do quadro traz como consequência, o absenteísmo (falta de assiduidade no cumprimento de um dever ou obrigação); transtornos de ansiedade, humor e sono.
Na explanação, a palestrante afirmou que é importante observar no ambiente do trabalho alguns sinais que podem ser motivados por conta de assédio. “O ambiente começa a ter mais discussões entre os colegas, mais insatisfação, menos produtividade. Esses são sinais de alerta que temos que observar”, explicou ela ao pontuar características comuns da pessoa que assedia. “Há o narcisista, o autoritário, o inseguro e o competitivo ao extremo”.
Barreiras e formas de encorajamento
De acordo com a psiquiatra, muitas pessoas acabam não denunciando os assédios. Ela lista os fatores, como o medo da retaliação, a preocupação com a reputação profissional, receio de não ser levado a sério e a incerteza do resultado da denúncia. No entanto, reforça que há estratégias para encorajar a denúncia, que devem ser adotadas pelas empresas e instituições, como canais de denúncia confidenciais, políticas claras e eficazes, divulgação ampla das políticas e apoio psicológico.
Ana Beatriz finalizou a palestra fazendo a pergunta ao público: Que tipo de pessoa você quer ser? E sinalizou que o melhor é esforçar para ser uma pessoa melhor. "Quando identifico o meu melhor, torno melhor o sentido da minha vida e, como propósito, divido isso com o maior número de pessoas. Sejamos seres humanos, que através de valores, virtudes e sabedoria, mudamos a nossa vida e dos outros. Estamos aqui para evoluir e evolução e ampliar a minha consciência, que tem a ver com ser uma pessoa melhor".
Presenças
Também participaram do evento, as juízas auxiliares da Presidência do TJGO, Sirlei Martins e Marina Buchdid; a diretora de Recursos Humanos, Wanessa Oliveira; diretora de Planejamento Estratégico, Mislene Medrado; e a diretora administrativa, Tatiana Rodrigues. Veja galeria (Texto: Karinthia Wanderley / Fotos: Wagner Soares - Centro de Comunicação Social)