A abertura do quarto dia da 18ª edição da Semana da Justiça Pela Paz em Casa, na manhã desta quinta-feira (19), foi brindada com a apresentação musical da cantora e compositora Mara Cristina, que também é servidora do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO). Ela interpretou a canção A Penha Vai Valer, de sua autoria em parceria com os músicos Edhi e Tom Faria. A música fala de situações de violência física e psicológica contra as mulheres, e foi inspirada em histórias de mulheres que superaram os traumas de um relacionamento violento.

Ao fazer as apresentações das palestras do quarto dia do evento, a coordenadora da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do TJGO, desembargadora Sandra Regina Teodoro Reis, destacou que conhecer as fases do ciclo de violência é fundamental para entender a dinâmica das relações abusivas e violentas. Segundo a desembargadora, a teoria do ciclo de violência é uma das teses explicativas sobre a relação entre parceiros íntimos que vivem em situação de violência. “Acreditamos que para respeitar a autonomia da mulher e conseguir ajudá-la, é necessário que tenhamos abertura ao ouvir suas experiências sem preconceitos”, ressaltou.

Abordagem sócio jurídica do ciclo de violência doméstica

O primeiro painel da programação deste quarto dia do evento debateu o tema "Abordagem sócio jurídica do ciclo de violência doméstica: providências a serem tomadas pelas vítimas e pelo Estado", ministrado pelo segundo vice-coordenador da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar, e titular da 10ª Vara Criminal dos crimes punidos com reclusão de Goiânia, juiz André Reis Lacerda. De acordo com o magistrado, há interpretações equivocadas sobre o feminismo, o patriarcado e a cultura machista. “O feminismo não é necessariamente pender a balança em prol da mulher, mas sim apresentar um contraponto para combater as desigualdades sociais nas relações de gênero”, destacou o magistrado.

André Reis Lacerda ressaltou que a efetividade da Lei Maria da Penha evidencia a situação de vulnerabilidade da mulher inserida em situações de violência doméstica e familiar. “Precisamos mudar esse cenário de agressões contra as mulheres, por meio da educação, informação e da transformação cultural”, disse.

Conforme a assistente social da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar, e integrante do Comitê de Equidade e Diversidade de Gênero do Poder Judiciário do Estado de Goiás, Sherloma Starlet Fonseca Aires, as providências para ajudar a mulher que sofre violência familiar são mais meticulosas do que o auxilio às mulheres que sofreram agressão fora do ambiente doméstico. “Na criminologia tradicional, as respostas padrão não são suficientes para explicar a relação das pessoas envolvidas em situação de violência de gênero, sobretudo, no ambiente familiar”, observou Sherloma Aires. (Texto: Carolina Dayrell / Fotos: Acaray Martins - Centro de Comunicação Social do TJGO)

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