A TV Anhanguera, afiliada da TV Globo em Goiás, exibiu, nesta quinta-feira (10), o último episódio da série Infância Desprotegida, realizada em parceria com o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, por meio da Coordenadoria da Infância e Juventude. Com quatro reportagens, a série abordou a violência física, psicológica e sexual sofrida por crianças e adolescentes. Esse grupo foi vítima de 70% dos casos notificados no Estado no ano passado.

Na primeira matéria, a repórter Giovanna Dourado contou a história de crianças como Isaac, Alessandro e Mônica, nomes fictícios escolhidos por três irmãos que eram agredidos pelo pai biológico, que também abusava sexualmente da menina e de um dos irmãos. A reportagem tratou ainda da importância da Lei da Palmada e do impacto da pandemia nos números da violência contra as crianças e adolescentes, uma vez que, por falta do contato dos professores com os alunos, as denúncias diminuíram. Em 2019, foram registrados 2.286 relatos, mas o número caiu para 1.966 em 2020.

A série mostrou ainda, em seu segundo episódio, a história de Beatriz, uma menina de 12 anos, que sofria maus tratos em casa, mas que foi resgatada graças à sua coragem para denunciar. A violência psicológica e emocional tratada nessa matéria foi sentida na pele por Beatriz, que entregue pela mãe biológica a uma mulher aos três meses, apanhava de cipó, era maltratada e impedida de ir à escola, além de fazer muitos trabalhos domésticos. O material mostrou também, em seu terceiro capítulo, como funciona a rede de proteção assim que a denúncia é feita pelo Disk 100 e, por fim, como essas denúncias e o acolhimento das crianças mudam vidas e devolve a esperança para essas crianças.

“Gostaria de agradecer ao Tribunal de Justiça de Goiás pelo voto de confiança. A contribuição da Coordenadoria da Infância e Juventude foi fundamental. Se não fosse a parceria com a juíza Célia Lara, que nos permitiu chegar a histórias tão emblemáticas e inspiradoras e que nos orientou sobre todas as questões legais do tema, não teríamos chegado ao resultado final”, afirmou a diretora de jornalismo da TV Anhanguera, Brenda Freitas, para quem a série cumpre um papel social fundamental.

A parceria, idealizada pelo Centro de Comunicação Social do TJGO, teve o objetivo de dar visibilidade aos casos de violência e maus tratos com as crianças, que, em razão da pandemia, perderam a escola, como importante canal de denúncia e para que, diante desse dificultador, a sociedade soubesse como ajudar esse público. “Embora este seja um tema triste, ele é também necessário, pois a informação, passada com responsabilidade e a competência vistas no material executado pela TV Anhanguera, é fundamental para despertar a população para a importância da denúncia e ajudar na proteção dessas vítimas indefesas”, afirmou o presidente do TJGO, desembargador Carlos Alberto França.

Crime

Para a coordenadora da Infância no Estado de Goiás, juíza Célia Regina Lara, a série Infância Desprotegida demonstrou a violência praticada contra crianças e adolescentes, em suas mais variadas formas. Segundo a magistrada, esses diversos tipos de violência abordados na série, além de trazer consequências para toda a vida da pessoa, constituem crimes que precisam ser punidos com o rigor da lei, de forma a evitar a reiteração dessas condutas.

“A sensação de impunidade e o agravamento das agressões, em muitos casos, podem levar até a morte”, alertou ela. “É dever de todos nós, enquanto cidadãos, denunciar ao Conselho Tutelar, às Polícias Civil e Militar, e, também no Disk 100 os maus-tratos, as agressões físicas e ou psicológicas e o abandono material ou intelectual praticados contra crianças e adolescentes, para que a rede de proteção infanto-juvenil possa atuar o quanto antes, fazendo cessar tais condutas e para que os direitos violados possam ser restabelecidos”, ressaltou.

 Desafio


Para a jornalista Giovana Dourado (foto), repórter responsável pela série, apesar da profissão ser carregada de desafios, algumas reportagens são mais difíceis. “Essa série foi assim. Eu e minha equipe fomos apresentados a um mundo que não era familiar pra gente, a um tema tão importante, quanto delicado de tratar, porque são vidas e vidas de crianças. E a gente não pode trazer mais sofrimento para aquelas pessoas”, afirmou ela, que se impressionou com o compromisso dos envolvidos na rede proteção. “Como as pessoas que estão ali, nessa rede de proteção, se desdobram pra conseguir garantir esses direitos básicos das crianças e adolescentes. São pessoas que fazem com muito amor, muita entrega, que torcem para dar certo, que vibram quando conseguem. A gente sentiu isso, vendo bem de perto e acompanhando o trabalho”, afirmou.

A repórter se surpreendeu também com a força das crianças e como elas se comportam diante das adversidades. “Nós fomos surpreendidos por uma força de vida em cada uma delas, pelos olhares brilhantes - que só a gente viu - , pelo valor que elas dão a cada detalhe, que, para muita gente, é tão pouco. E como o amor transforma vidas! A gente viu isso de perto”, afirmou ela, que espera “que a série possa ajudar quem precisa de socorro e também a mudar o olhar de quem pode ajudar, de quem pode fazer alguma coisa, inspirar aqueles gestores que ainda não têm uma rede de proteção bem estruturada”, afirmou.

Participaram da série, além de Giovana, o chefe de redação Rimenes Prado, a chefe de produção Lisa Borile, a produtora Thais Barbosa, o repórter cinematográfico Vantuir Oliveira, o auxiliar técnico Marco Aurélio, o designer Patrick Guima, os editores Fayda Chiarella e Danival Ferreira, todos sob a coordenação da diretora de jornalismo Brenda Freitas.

Seriedade
Para o diretor de Comunicação Social do TJGO, Luciano Augusto, a parceria com a TV Anhanguera surpreendeu pela sensibilidade e profissionalismo, principalmente diante de um tema tão difícil de ser abordado. “A seriedade desses profissionais merece todo nosso reconhecimento. Que esse seja apenas o começo de novas parcerias, sempre voltadas para assuntos de interesse e relevância para a sociedade”, afirmou. (Texto: Aline Leonardo - Centro de Comunicação Social do TJGO)

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