Foi realizada, neste sábado (22), mais uma etapa do Projeto Recomeçar, resultado da parceria entre o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) e a Fundação Instituto Para o Desenvolvimento do Ensino e Ação Humanitária (IDEAH), da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), com o objetivo de viabilizar cirurgias plásticas reparadoras em mulheres, crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica.

Das 20 pessoas selecionadas pela Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar, 12 compareceram e passaram pela avaliação médica para decidir quem estava apto para a cirurgia. As vítimas, vindas de cidades como Jataí, Aparecida de Goiânia, Nova Crixás, Quirinópolis, Formosa, Firminópolis, Planaltina, Goiânia, Itaberaí e Novo Gama, foram avaliadas por chefes das áreas de cirurgia plástica e residentes da Universidade Federal de Goiás (UFG), Hospital das Clínicas de Goiânia, Hospital Geral de Goiás e Santa Casa, nos consultórios do Centro de Saúde do TJGO.

“Quando uma mulher, adolescente ou criança passa por situações de violência, o Estado e a sociedade falharam. Então, é nosso dever mobilizar equipes, estrutura e ofertar todo o apoio necessário a esse importante projeto. Mais que tirar cicatrizes físicas, isso pode ajudá-las a superar as cicatrizes emocionais deixadas pela violência”, afirmou o presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, desembargador Carlos França, que agradeceu a toda equipe de cirurgiões que tornaram possível a realização de mais essa fase do projeto, na pessoa do presidente da Fundação, o cirurgião Luciano Chaves.

O esforço do TJGO para efetuar a ação foi lembrado pelo presidente da Fundação, o cirurgião Luciano Chaves (foto abaixo), que coordenou todo o atendimento da equipe médica. Segundo ele, o projeto-piloto está sendo iniciado em Goiás graças à sensibilidade do presidente do TJGO, desembargador Carlos França, que, após ser apresentado à ideia da parceria, se mobilizou de maneira a assinar o termo de cooperação apenas dez dias depois, na presença de todos os presidentes de tribunais de justiça do país, uma vez que havia um encontro do Colégio de Presidentes de Tribunais sendo realizado nas dependências do TJGO.

“Concluímos esse atendimento, em parceria com o TJGO e os serviços de Cirurgia Plástica parceiros. Nós cirurgiões sempre estivemos muito acostumados nessa rotina cirúrgica de pacientes que têm um tumor, uma sequela de queimadura ou mastectomizadas de um câncer de mama. Mas, foi unanimidade entre os colegas que esse nível de atendimento nos era desconhecido, porque saímos daqui com uma troca importante. Aprendemos muito ouvindo a história, o relato de cada paciente sobre as sequelas físicas e na alma dessas mulheres”, afirmou ele, que agradeceu ainda o empenho da juíza auxiliar da Presidência, Sirlei Martins da Costa, e da desembargadora Sandra Regina Teodoro Reis, que chefia a Coordenadoria da Mulher do TJGO.

Além da seleção das vítimas e da cessão do espaço, o TJGO firmou parcerias para fornecer transporte e alimentação. O deslocamento foi organizado pela Secretaria de Estado para o Desenvolvimento Social e prefeituras das cidades em que residem as mulheres, adolescentes e crianças selecionadas. Em Goiânia, o transporte ficou a cargo da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social. Já a alimentação foi custeada pelo Grupo-E Refeições. Além disso, o Sindicato dos Servidores e Serventuários da Justiça se dispôs a oferecer hospedagem. A Faculdade Universo também participou do evento, oferecendo atendimento psicológico às vítimas.

Dia feliz
De todas as pacientes examinadas, apenas uma não teve recomendação cirúrgica, mas foi encaminhada para um tratamento específico para o seu caso. “É o dia mais feliz da minha vida. Meu trauma é tão grande, que muitas vezes acordo de manhã, ainda tonta do efeito de muitos remédios que eu tomo, e vejo meu rosto como se ele ainda estivesse tão machucado quanto no dia”, contou uma das pacientes que serão operadas. “Eu estou sonhando, louca para chegar novembro logo. Hoje representa uma luz no fim do túnel. Desde 2016 que eu luto para me livrar das cicatrizes e agora soube que há muita coisa nova, que eu desconhecia e que os médicos disseram que poderão me ajudar”, contou Vânia (nome fictício), que teve sua história relatada no lançamento do projeto.

Social
Além dos chefes da Cirurgia Plástica da UFG, Paulo Renato de Paula; do HGG, Sérgio Augusto da Conceição, e da Santa Casa, Gheisa Moura Leão,  12 residentes, sendo quatro de cada serviço, participaram da força-tarefa. “É um papel social cirurgia plástica que demonstra que não trabalhamos só com estética ou futilidade, mas temos uma parte social importante, como esta que está sendo realizada aqui hoje e que resgata a autoestima das mulheres vítimas de violência doméstica”, observou Felipe Vanderlei Alckmin, residente do 3 º ano do serviço de cirurgia plástica do HGG.

Repescagem
As vítimas que não compareceram neste sábado, por problemas diversos, passarão por uma repescagem e farão os exames em data e horários a serem combinados com a equipe do TJGO e da Fundação. (Texto: Aline Leonardo - Fotos: Agno Santos e Gusthavo Crispim - Centro de Comunicação Social do TJGO)

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