O Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO), Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), Poder Municipal de Luziânia e sociedade local, se uniram com os dirigentes do Abrigo Puríssimo Coração de Maria para implantar uma brinquedoteca em suas dependências. Com previsão de entrega para o mês de agosto, a juíza em substituição, Flávia Cristina Zuza, pretende usar as brincadeiras para estimular a socialização das crianças com traumas pessoais.
Para implementar o projeto, serão necessários brinquedos, mesas, cadeiras, espaço para leitura, jogos e computadores. Além da brinquedoteca, será instalada no prédio uma sala de estudos, com mesas, cadeiras, livros e computadores para estimular o aprendizado por meio das pesquisas e uma sala destinada às atividades desportivas e atendimento terapêutico. O espaço terá, ainda, livros de histórias para entretenimento das crianças, uma vez que a magistrada considera "que o contar histórias é uma forma lúdica de demonstrar os caminhos da vida."
Ainda de acordo com Flávia Zuza, o projeto foi inspirado "na importância de uma infância feliz para um crescimento saudável, já que esse tempo é o alicerce da vida adulta e também da formação da pessoa humana como cidadã integrada na sociedade". Segundo ela, “a criança abrigada traz consigo os traços do abandono, maus tratos e violência vividos dentro do seio familiar, onde deveria haver proteção, carinho, amor e cuidados”, além do histórico de abandono, abusos e rejeição. Por conta disso, ficam presas aos efeitos negativos de suas condições e não conseguem formar vínculos de confiança com as outras crianças e seus cuidadores. Dessa forma, ela observou, a brincadeira ajudaria na socialização delas.
Abandono
O Abrigo Puríssimo Coração de Maria recebe as crianças encaminhadas pelo juiz da Infância e da Juventude da comarca e tem capacidade para 20 crianças, mas, no momento, abriga 19, das quais 15 meninas e 4 meninos. O abrigo é presidido pela irmã Mariana Nierzewaska e dirigido pela irmã Maria Beatriz Placzek e está vinculado à Igreja Católica.
A juíza esclareceu que são muitos os motivos que fazem essas crianças entrarem em um abrigo, dentre eles “problemas de origem familiar, rejeição, abusos sexuais, problemas com alcoolismo e drogas, questões financeiras, sociais e emocionais”. Além disso, ela mencionou casos de crianças que voltam ao abrigo depois de uma adoção mal sucedida, o que ela considera a entrada mais cruel no abrigo, pois traz a reedição de um abandono, a repetição da rejeição já conhecida pelo interno.
"Daí a importância de que a criança viva em um ambiente saudável, para conseguir se relacionar melhor com os outros abrigados e com os adultos, pois a brincadeira funciona como mecanismo de desenvolvimento para a maior facilidade de enfrentar os traumas e então criar vínculos com as pessoas que as acompanham", disse. (Texto: Jovana Colombo – estagiária do Centro de Comunicação Social do TJGO)