A previsão atual é de que o julgamento dos policiais militares Adaílton Ribeiro dos Reis, Brunner Ramos da Silva e Wagner Pereira dos Santos, da Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (Rotam), deve ultrapassar o horário das 23 horas desta quarta-feira (28). Acusados pelo homicídio duplamente qualificado de Luiz Antônio Ázara, eles estão sendo julgados desde 8h30 pelo 1º Tribunal do Júri de Goiânia, presidido pela juíza Carmecy Rosa Maria Alves de Oliveira. Neste momento (16 horas), a defesa do primeiro acusado apresenta seus argumentos.
No final da manhã Solange Verônica Ázara, mãe de Luiz Antônio, afirmou no depoimento que seu filho era trabalhador e não tinha qualquer envolvimento com drogas. Ela contou que ao chegar em casa e se deparar com muitas viaturas policiais, implorou, assim como muitos de seus vizinhos, para que não fizessem mal ao seu filho, pessoa honesta e sem antecedentes criminais, mas sem sucesso.
Solange relatou, ainda, que Luiz Antônio tinha uma deficiência física, resultado de um acidente sofrido quando tinha um ano e que era impossível ele ter escalado um muro ou subido no telhado, conforme versão apresentada pelos policiais. Ela disse também que cerca de R$ 2 mil de seu outro filho, Fábio Júnior, foram roubados durante a abordagem e que encontrou a casa com muitas avarias, portas quebradas, roupas reviradas e muito sangue.

O caso

De acordo com o MP, no dia 27 de janeiro de 2006, por volta das 16h30, na Avenida São Clemente, Vila São José, Luiz Antônio conduzia uma motocicleta Honda/Titan CG-150, de cor vermelha, de propriedade de um amigo, quando recebeu um alerta do carro da Polícia Militar (PM) para que estacionasse o veículo. Assustado, uma vez que não usava o equipamento de proteção adequado e nem portava documentos, Luiz Antônio imprimiu maior velocidade ao veículo com o intuito de esquivar-se dos policiais.

O vendedor mudou seu trajeto e dirigiu-se para sua residência. Logo depois, foi procurado pelo tio Edvon Santana de Araújo que estava em seu estabelecimento comercial e havia presenciado a perseguição policial. Diante da fuga, diversos policiais se empenharam em localizá-lo, cercando sua casa. No entanto, segundo a denúncia, os policiais, ignorando o apelo da mãe, amigos e vizinhos que tentaram explicar que Luiz Antônio tinha uma deficiência física, cercaram o local, agindo de maneira agressiva e sem a menor justificativa começaram a gritar, empunhar as armas e determinar que todos se calassem e se afastassem da casa.
Ato contínuo, os três policiais contornaram o quarteirão, pularam o muro da residência e surpreenderam Luiz Antônio na área de serviço. Nesse instante, conforme os autos, cada um dos denunciados efetuou um disparo em direção à vítima, atingindo-a com dois tiros. Após ser ferido, Luiz Antônio tentou entrar na cozinha de sua casa, mas foi atingido com mais dois disparos desferidos por Wagner Pereira, que atingiram-lhe a região torácica e causaram-lhe morte imediata. O MP ressaltou ainda que nesse momento Wagner e outros policiais militares retiraram a vítima da residência e a conduziram ao Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), aonde ele chegou sem vida.(Texto: Aline Leonardo - Centro de Comunicação Social do TJGO)

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