“Que Deus abençoe vocês e a mim mesmo, para que eu possa aproveitar o meu dinheirinho”, disse José dos Santos Azevedo, de 60 anos, logo após ter sua aposentadoria concedida pelo juiz Rodrigo de Melo Brustolin, durante o projeto Acelerar - Mutirão Previdenciário, promovido na comarca de Iporá, até a próxima quinta-feira (5).
Na audiência, ele disse que a profissão que era lavrador. Levou alguns documentos para demonstrar que o que falou era verdade, mas trouxe também testemunhas. Um casal já velho, que o conhecia há mais de 40 anos. Contudo, foram dispensados.
Após viver quase 60 anos em uma chácara e ter ido apenas quatro vezes à cidade, seu José se viu obrigado a mudar para Iporá. “O dono da casinha que eu vivia no meio do mato pediu a casa e tive de vir para cá”, disse. Apesar de estar há muito pouco tempo na cidade e sem um local fixo para ficar, José ainda anda com um sorriso no rosto. “Levo a vida assim. Fazer o que?”, disse ao ser questionado sobre a espera de seu novo endereço.
Porém, ele não esconde as marcas de quem trabalhou a vida toda “na roça”, as mãos calejadas, rosto manchado do sol e as marcas do tempo são expressões que sobressaem em seu José. O aposentado contou que, com o dinheiro,vai comprar comida e tentar um lugar para morar. “Vivo com a ajuda da dona Joana e o marido dela, mas tem dias que não dá, daí vou dormir na feira coberta”, afirmou.
O trabalhador rural relatou que a sua obrigação diária era pescar e capinar. Hoje, não tem nenhuma. “Já plantei arroz e café, quebrei milho, cultivei a terra, capinei pasto e apartei vaca”, enumerou. Mesmo assim, ele afirmou que não vai ficar sem trabalhar morando na cidade. “Sei capinar um lote como ninguém e aqui tem alguns em que o mato está alto”. Entretanto, ele não esquece que a partir de agora vai ter uma ajuda a mais, a aposentadoria. “Antes eu ganhava uns 50 reais, agora vou ter um salário mínimo”, comemorou. (Texto: Arianne Lopes / Fotos: Aline Caetano – Centro de Comunicação Social do TJGO)