O desembargador Itaney Francisco Campos (C) tomou posse na Academia Goiana de Letras (AGL) em solenidade realizada nesta quinta-feira (24) no Plenário da Corte Especial do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO). Escritor, poeta e contista, o magistrado passa a ocupar a cadeira de número 37, anteriormente conquistada por Mário Ribeiro Martins, cujo patrono é Crispiniano Tavares.

“É com grande alegria e satisfação que recebi a notícia de que meu nome foi respaldado para ocupar a cadeira na instituição. Trata-se de uma realização pessoal, pois sempre me dediquei à literatura, não com a intensidade que gostaria, porque tinha que reservar tempo para as atividades judicantes. Agora veio ao encontro da minha aspiração de vida que é produzir mais literatura – poesia, crônicas, ensaios”, relatou o desembargador em entrevista.

Itaney Campos faz parte do rol de magistrados do TJGO imortais – além de Ney Teles de Paula, - Maximiano da Mata Teixeira, Dário Cardoso e Augusto Rios também ocuparam cadeiras na Academia.

Solenidade

A solenidade de posse foi conduzida pela escritora Lêda Selma (à direita na foto acima), presidente da AGL, e contou com participação do desembargador e ex-presidente do TJGO, Ney Teles de Paula, também componente da instituição. O presidente do TJGO, desembargador Leobino Valente Chaves (à esquerda na foto acima), demais membros da Academia, magistrados e servidores prestigiaram a cerimônia.

Proferido por Eurico Barbosa Santos, o discurso de recepção a Itaney Francisco Santos endossou a tradição da AGL e a importância cultural que a casa representa para o Estado de Goiás. O escritor também ressaltou o currículo do desembargador e sua trajetória na magistratura e na literatura. “Seu ingresso nesta Academia significa que mais um grande homem de letras dará contribuição do seu talento às responsabilidades deste cenáculo para com a afirmação da vitalidade cultural do nosso Estado”.


Magistratura e Literatura

Autor de várias obras, como Orações no Templo da Justiça, Inventário do Abstrato e Antônio Teodoro da Silva, um escorço biográfico, Itaney Francisco Campos já está trabalhando em seu próximo livro. “(A obra será sobre) os Percalços do judiciário no período em que se instalou a ditadura militar no País. O Poder Judiciário sofreu várias medidas impostas pelo do governo militar, que afastou, aposentou reprimiu e fiscalizou vários juízes e desembargadores”.

Com 34 dedicados à magistratura, o desembargador acredita que o exercício de sua profissão tem interseções com a escrita literária. “São duas profissões que exigem bastante leitura. A sensibilidade existe nos dois planos. Tudo se trata da matéria humana. O poeta e o romancista escrevem sobre conflitos humanos. O Juiz também analisa os conflitos na sociedade - os relacionamentos conflituosos e dramáticos. Há, também, a busca do belo nos dois campos: o moral, na justiça, e o belo estético, que é a arte”.

Currículo
Natural de Uruaçu, interior do Estado de Goiás, Itaney Campos, é graduado em Direito pela Universidade Federal de Goiás (UFG), mas também cursou Letras por dois anos na mesma instituição. Ele já integra a União Brasileira de Escritores Goianos (UBE) e a Academia Goiana de Direito (Acad) e é autor de várias obras que abordam temas de caráter literário, histórico e jurídico, como Orações no Templo da Justiça, Inventário do Abstrato e Antônio Teodoro da Silva - um Escorço Biográfico. O magistrado participou de várias antologias como Hector no Cubo e outros contos e tem livros inéditos, a exemplo do Sob o Signo da Ditadura: A Intervenção Militar em Goiás e as Medidas Punitivas Contra o Poder Judiciário Estadual. Por dois mandatos foi diretor do jornal O Magistrado, da Associação dos Magistrados do Estado de Goiás (Asmego), e escreveu Notícias Históricas de Campinas e Inventário do Abstrato, publicadas pela Secretaria de Cultura de Goiânia, bem como participou das coletâneas de poesia Verbo Interior e Thêmis Translúcida.

Além da carreira jurídica, Itaney Campos possui grande currículo acadêmico. O magistrado integra o Instituto Histórico e Geográfico de Goiás e recebeu grau máximo da Banca Examinadora do Curso em Especialização em História Cultural, da Faculdade de História da Universidade Federal de Goiás (UFG), em apresentação de monografia. É também especialista em Direito Processual Civil e mestre em Direito Agrário pela UFG, onde exerceu, nos anos de 2000 e 2001, as funções de professor substituto, de Direito Civil e Processual Civil. (Texto: Lilian Cury / Foto:Wagner Soares- Centro de Comunicação Social do TJGO)

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