Internado há uma semana no Hospital Municipal de Porangatu, Divino Leite Borges, de 67 anos, pediu ao irmão para avisar o juiz que não poderia comparecer à audiência previdenciária que seria realizada no fórum da cidade. No entanto, isso não foi motivo para que a audiência não fosse realizada. O juiz Thiago Cruvinel Santos foi até o hospital para colher o depoimento de Divino.

“Como o senhor não pode ir até ao fórum, a Justiça veio até o senhor”, salientou o juiz. Em seguida, o magistrado voltou ao fórum para ouvir outras testemunhas e proferir a sentença. O fato aconteceu durante a realização do Programa Acelerar – Núcleo Previdenciário, promovido de segunda-feira (13) a quinta-feira (16), na comarca de Porangatu.

Thiago Cruvinel disse que Divino atende todos os requisitos para a concessão da aposentadoria por idade rural e lhe conferiu o direito ao benefício previdenciário. Além disso, o magistrado concedeu a tutela antecipada para determinar ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que implemente, no prazo de 30 dias, o benefício no valor de um salário mínimo. Segundo ele, com os depoimentos, ficou claro que Divino sempre exerceu atividade rural para subsistência, em regime de economia familiar, inclusive, por tempo superior ao período legal de carência.

Divino descobriu há poucos meses que está com câncer na bexiga, mas a doença se agravou há 10 dias quando ele sentiu dores fortes na barriga, foi ao hospital e desde então não voltou para casa. “O médico disse que eu preciso fazer cirurgia e não me liberou para ir ao fórum. Mas graças a Deus o doutor veio aqui para me ajudar. Obrigada”, agradeceu.

O irmão de Divino foi quem teve a ideia de ir ao fórum pedir ao juiz para se deslocar até o hospital. “O povo comentou que esse mutirão ajuda o povo mesmo. Peguei minha motinha e vim pedir o juiz e deu certo. Meu irmão está precisando demais da conta”, desabafou Lindomar Gerônimo da Silva, de 43 anos.

A ida do magistrado ao hospital chamou a atenção de médicos, enfermeiros e pacientes. Algumas pessoas, sem saber o que estava acontecendo, ficaram observando de longe. “Quando eu falei que era juiz e que estava aqui para ver um paciente ninguém acreditou”, contou Lindomar Gerônimo. (Texto: Arianne Lopes / Fotos: Aline Caetano – Centro de Comunicação Social do TJGO)

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