O Programa Amparando Filhos – Transformando Realidades com a Comunidade Solidária foi instalado, nesta quinta-feira (28), em Rio Verde. A iniciativa beneficiará mais de 50 filhos de 25 presas que se encontram na Unidade Prisional da cidade. O programa atingiu a 15ª comarca e será implantado também nesta sexta-feira (29), em Acreúna.
O idealizador e coordenador executivo do Amparando Filhos, juiz Fernando Augusto Chacha de Rezende, destacou que no Brasil há mais de 120 mil filhos de mulheres que se encontram presas e a quantidade de encarceradas é de 37.380, o dado leva o País a ter a 5ª maior população carcerária feminina do mundo. “O encarceramento da mãe afeta gravemente a criança, entre outras consequências, menores que têm a mãe privada de liberdade têm 44% mais chances de apresentar comportamento agressivo”, salientou.
O magistrado apontou ainda que os resultados não só do ponto de vista social, mas educacional e pedagógico podem ser vistos em dois anos de programa. “Foram atendidas até hoje mais de 1,2 mil pessoas direta ou indiretamente, isso abrange as mães, os familiares que ficam com as crianças e as próprias crianças. Nós tentamos tirá-las da delinquência infantojuvenil”, pontuou. Ele afirmou que até hoje nenhum dos filhos que são atendidos pelo programa estão no “mundo do crime”.
O diretor do Foro comarca de Rio Verde e juiz do Juizado da Infância e da Juventude da comarca, Wagner Gomes Pereira, destacou a importância da iniciativa para as crianças atendidas, para a sociedade e para a Justiça. “Visa humanizar a relação entre as mães e os filhos de mulheres encarceradas nos presídios. Não tenho dúvida que a prisão da mulher interfere em todo o processo de socialização da criança”, frisou. O juiz afirmou que o Amparando Filhos contribui paulatinamente com a redução da violência.
Wagner Pereira adiantou que pretende estender o projeto para todos os presos, inclusive os que são pais. “Priorizar a proteção ao desenvolvimento das crianças, filhos e filhos de pessoas que se encontram presas. Percebo que na medida que a criança faz visita no ambiente do cárcere, ela se espelha no que vê lá dentro. É comum observar algumas assimilando a linguagem do presídio, por exemplo. Ela passa a naturalizar aquilo que está tendo contato”, informou, ao destacar a importância das visitas humanizadas.
Para o desembargador Luiz Eduardo de Sousa, coordenador geral do Amparando Filhos, o programa ao longo dos dois anos vem se aperfeiçoando. “Os magistrados que aderem a iniciativa são engajados, por isso os resultados estão sendo bons”, enfatizou. O programa, segundo ele, visa resgatar uma lacuna social. “O Poder Judiciário promove o entrelaçamento para não perder ou até mesmo minimizar os efeitos colaterais nessas crianças, ajudando-as a construir um futuro melhor”, finalizou. (Texto: Arianne Lopes / Fotos: Aline Caetano – Centro de Comunicação Social do TJGO)