Um acidente doméstico mudou completamente a vida do agricultor Elisete Agapito, de 55 anos. No dia 2 de janeiro de 2015, ele teve uma queda de pressão arterial, enquanto estava no banheiro, desmaiou e bateu a cabeça no vaso sanitário. Por causa do tombo, o homem sofreu traumatismo craniano, perdeu os movimentos do lado direito do corpo e teve a fala comprometida. Nesta quinta-feira (23), durante o Acelerar Previdenciário em Alvorada do Norte, ele conseguiu o direito à aposentadoria por invalidez rural.
A obtenção do benefício foi comemorada pelo trabalhador. Como nunca se casou e não teve filhos, Elisete se mudou para a casa da irmã, Cleonice Agapito, que deixou o emprego de depiladora para se dedicar exclusivamente aos cuidados demandados pelo enfermo. “Minha irmã é uma pessoa abençoada. Sou extremamente grato a ela. Agora, teremos dinheiro para remédios e saúde”, afirmou o recém-aposentado.
Cleonice relembra o susto provocado pelo acidente. Segundo relata, Elisete havia deixado a residência onde morava para passar as festas de fim de ano na casa de outro irmão. A família só percebeu o acidente quando o pai, ao entrar no banheiro, sem suspeitar do desmaio do filho, se deparou com uma cena trágica. “Elisete estava deitado no chão e havia bastante sangue em volta da cabeça dele. Ficamos desesperados ao ver que ele estava inconsciente. Levamos ele para um posto de saúde local, em Alvoradinha, mas ele precisou ser transferido para Brasília”, descreve.
Foram dois meses de internação no Distrito Federal. Desse tempo, Elisete ficou 30 dias em coma, tendo necessitado se submeter a duas cirurgias no cérebro. Passou por reabilitação e fisioterapia mas, como sequelas permanentes, não consegue mais se sustentar em pé e andar. “Meu irmão passou um ano deitado, sem poder se levantar. Foi difícil para ele, que trabalhou na roça a vida toda”, conta Cleonice.
Acelerar Previdenciário
A sentença foi proferida pelo juiz substituto Gustavo Costa Borges, lotado na comarca de Posse, mas deslocado, exclusivamente para atuar no Acelerar Previdenciário, realizado nesta semana, em fóruns da região Norte de Goiás. Para comprovar o exercício da atividade rurícola do autor – praticada continuamente até a data do sinistro – o magistrado ouviu testemunhas e verificou o conhecimento básico acerca da agricultura de subsistência. As sequelas permanentes foram verificadas, também, com laudo médico anexado aos autos.
O mutirão abrange casos como esse, de pedidos junto ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), que costumam ser numerosos e representam parcela considerável da demanda processual de comarcas do interior. A iniciativa começou na terça-feira (21), em Posse, passou por Iaciara na quarta-feira (22) e esteve ontem (23) em Alvorada do Norte. Nesta sexta-feira (24), é a vez de Flores de Goiás (24) receber a força-tarefa. A expectativa é realizar, até o fim do evento, mais de 550 oitivas – todas de natureza previdenciária. Nesses quatro dias, devem passar mais de 1.5 mil pessoas pelos fóruns.
Nos dois primeiros dias do evento, em Posse e Iaciara, foram realizadas mais de 300 audiências, com índice superior a 70% de autos sentenciados. Conforme as decisões judiciais, o saldo de benefícios atrasados a serem pagos superam R$ 3 milhões. Participam os juízes Fernando Marney Oliveira de Carvalho (Campos Belos), Gustavo Costa Borges (Posse), Marcelo Alexander Carvalho Batista (Flores de Goiás), Pedro Piazzalunga Cesário Pereira (Cavalcante) e Yvan Santana Ferreira (Iaciara). (Texto: Lilian Cury / Fotos: Aline Caetano – Centro de Comunicação Social do TJGO)