Rodrigo Pereira Soares foi condenado a 17 anos e 9 meses de reclusão, em júri popular realizado nesta segunda-feira (19), em Itaberaí. Ele foi considerado culpado pelo crime de duplo feminicídio na foma tentada em continuidade delitiva contra Adriene dos Santos Resende e sua filha, que na época tinha 14 anos. A sessão de julgamento foi presidida pelo juiz Gustavo Braga Carvalho e durou mais de 10 horas.

Segundo a denúncia, em março de 2016, Rodrigo brigou com a mulher e a atingiu com 17 golpes de faca. Ele ainda perseguiu a filha da vítima com a faca porque ela chegou na hora em que ocorria o crime. O Conselho de Sentença reconheceu a autoria e materialidade do crime contra Adriene e sua filha. Reconheceu também a forma tentada do delito contra Adriene. No entanto, rejeitou a tese da absolvição e da forma privilegiada do homicídio, reconhecendo as classificadoras do motivo fútil, recurso que dificultou ou impossibilitou a defesa da vítima.

Com relação a segundo vítima – filha de Adriene -,  reconheceu a forma tentada do delito e rejeitou a tese da desistência voluntária e absolvição. Ainda, admitiu as classificadoras do motivo torpe e do feminicídio. “Não militam em prol do acusado quaisquer causas excludentes da ilicitude ou da culpabilidade, pois, imputável, detinha pleno conhecimento do caráter ilícito de sua atitude, não empreendendo esforços para agir conforme o direito. A embriaguez voluntária, embora não preordenada a ponto de agravar o crime, também não lhe serve de escusa à conduta criminosa, não havendo qualquer prova de que tenha efetivamente sofrido qualquer adulteração de sua plena capacidade de entendimento e de determinação conforme esse regular discernimento. Portanto, sua conduta foi típica antijurídica e culpada”, destacou o magistrado.

Em depoimento, a vítima disse que morou com o réu durante dois anos, e descreveu detalhadamente tudo o que aconteceu na noite do fato. Afirmou que ela e Rodrigo beberam cerveja o dia todo. “Começamos a beber na feira e só paramos à noite, por volta das 22 horas”, relatou. Ela falou que não se lembrava direito do que havia acontecido, que quando ele desferiu o primeiro golpe de faca nas costas e na altura da lombar, ela lembra que gritava pedindo para ele parar. Momento em que sua filha veio para tentar ajuda-lá.

“Me lembro também da minha irmã chegando e eu pedindo para ela cuidar das minhas filhas porque eu achava que iria morrer e quase morri. Fiquei 60 dias internada na UTI, destes 45 em coma. Os médicos disseram que eu sobrevivi por um milagre”, relatou. A mulher narrou a história de vida e negou que tenha tido algum contato físico com Rodrigo desde do dia que aconteceu o crime. Porém, ela afirmou que ele pediu desculpas e, como ela o amava, ela aceitou. “Mas hoje eu tenho outra pessoa”.

A filha de Adriene, uma adolescente de 16 anos, disse que viu no dia do crime que o réu "estava muito diferente”. Segundo a menor, quando ouviu os gritos da mãe, ela foi ver o que estava acontecendo e a viu no chão. “Não foi a primeira vez que eles tinham brigado. Uma ou duas vezes, ele já tinha batido na minha mãe. Eu falava para ela largar dele, mas ela não largava”, finalizou. Já a irmã da vítima também prestou depoimento e disse que hoje ela e a irmã não tem uma relação boa, não conversam e contou o que ela viu naquele dia.

O réu
Rodrigo foi ouvido em juízo e disse que está arrependido do que aconteceu. E também afirmou que não se lembra direito de tudo o que aconteceu, mas que ele e Adriene beberam o dia todo. “Quando eu peguei a faca, ela puxou da minha mão e cortou os meus dedos. Consegui pegar a faca de novo, tive um surto e comecei a atingi-la. Estávamos muito bêbados”, destacou. Ele afirmou que deu os golpes de faca, porém não se lembra quantos golpes deu um Adriene.

Crime
O crime aconteceu no dia 6 de março de 2016, no Residencial Vitória, situado na região sul da comarca, que fica a 102 quilômetros de Goiânia. Consta dos autos que o acusado e a vítima viveram em união estável por dois anos e costumavam ter discussões. Na data do fato, os dos brigaram por motivo fútil, quando o réu se descontrolou, pegou uma faca e golpeou várias vezes a companheira no abdômen, pescoço e costas.

Logo após o ataque, Rodrigo fugiu do local, mas a Polícia Militar conseguiu localizá-lo na estrada a caminho para Sanclerlândia, onde foi preso em flagrante. Segundo a denúncia, o homicídio não ocorreu por circunstâncias alheias a vontade do acusado: o réu abandonou Adriene ferida, que foi socorrida por vizinhos que haviam escutado a briga do casal. A mulher foi atendida pelo serviço móvel de emergência da cidade e encaminhada em estado grave a Goiânia. (Texto: Arianne Lopes / fotos: Aline Caetano – Centro de Comunicação Social do TJGO)

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