A partir desta terça-feira (22), homens acusados de violência doméstica vão participar de um grupo reflexivo, formado por psicólogos e assistentes sociais. Segundo o juiz William Costa Mello (foto), do 2º Juizado da Mulher de Goiânia, a iniciativa tem objetivo de promover conscientização acerca dos crimes de gênero e é realizada por meio de uma parceria da Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) com o Governo do Estado e com a Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO). As reuniões serão às 18h30, no Centro de Referência e Igualdade (Crei), unidade da Superintendência Estadual Executiva da Mulher e da Igualdade Racial.

Os autores dos crimes incursos na Lei Maria da Penha serão obrigados a participar das reuniões, como uma das medidas que condicionam suas liberdades. O primeiro curso consiste em oficinas temáticas semanais (com 14 semanas com duração), ministrado por professores e alunos da instituição de ensino superior.  O magistrado será informado, mensalmente, sobre a frequência dos participantes do grupo e, ao fim do trabalho, será elaborado um relatório detalhando o cumprimento, acompanhado de uma análise dos participantes do grupo.

Segundo Costa Mello, a intenção primordial é evitar que haja reincidência nesse tipo de delito. “A violência atinge toda a família e tende a se perpetuar se os diversos paradigmas que o justificam não forem trabalhados com os envolvidos neste ciclo. Criar um espaço que possibilite a esses homens pensar em seus atos de maneira reflexiva é prioridade, tendo em vista que esta forma de atuação dá condições para que eles olhem para a sua história e, consequentemente, para si, podendo, por meio desta leitura, compreender o que os levou a cometer atos violentos, e assim interromper o ciclo de violência doméstica e familiar”.

Violência continuada

Na ocasião em que foi celebrado o convênio entre a PUC-GO e o Poder Judiciário, o presidente do TJGO, desembargador Leobino Valente Chaves, frisou vem buscando várias frentes de atuação para combater esse tipo de crime que, segundo estimativas internas, contabiliza 45 mil ações em todas as comarcas do Estado. Em suas palavras, “a Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar e de Execução Penal, presidida pelo desembargador Luiz Cláudio Veiga Braga, vem desenvolvendo um trabalho profícuo nesse sentido”.

À frente da Coordenadoria, Veiga Braga falou que “há uma dívida histórica no tratamento da mulher na sociedade e que a violência doméstica é resultado de uma cultura de desvalorização e subordinação do papel feminino, que precisa ser amplamente combatida”.

Segundo o juiz Willian Costa Mello, a violência de gênero decorre, justamente, dessa situação peculiar: as agressões não são decorrentes, apenas, do uso de drogas ou de situação social, mas sim, de como o homem enxerga sua companheira. “A educação é essencial para mudar esse quadro. Enquanto o agressor se considerar como o provedor e, sua mulher, como subalterna, haverá violência física, emocional e verbal”.

Segundo o magistrado, o convênio com a PUC tem papel fundamental para mudar essa situação. "Acredito que muitos desses homens foram, também, vítimas durante a infância ou assistiram esse tipo de situação entre seus pais”.

Equipe

A equipe responsável pelos encontros tem a seguinte composição: José Geraldo Veloso Magalhães (advogado da Secretaria Cidadã), Sandra Maria e Vera Morselli  (psicólogas da Secretaria Cidadã e da PUC-GO, respectivamente), Wilnéia Rocha (assistente social da Secretaria Cidadã), Joseleno V. dos Santos e Júlia Mello Pargeon (professores e psicólogos da PUC-GO) e, por fim, os alunos do curso de psicologia Ricardo Ribeiro, Andressa Tavares, Amanda Carolina, Fernanda dos Santos e Rodrigo Perissinotto. (Texto: Lilian Cury – Centro de Comunicação Social do TJGO)

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