“Tiago Henrique é um homem frio, calculista e que até riu durante o depoimento”, contou a delegada de polícia Flávia Santos Andrade, na audiência realizada nesta quarta-feira (13), presidida pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara, na 1ª Vara Criminal de Goiânia. O processo apura o homicídio de Michel Luiz Ferreira da Silva, ocorrido no dia 12 de dezembro de 2012, no Setor Campinas, na calçada de uma clínica oftalmológica.

Flávia Andrade contou que assumiu a presidência do inquérito em andamento – o procedimento policial foi iniciado pelo delegado Atos Galia Costa Lima e teve como relator o delegado Mateus Costa Melo – e, durante a força-tarefa realizada pela Polícia Civil no ano passado, interrogou Tiago Henrique em duas ocasiões. No primeiro interrogatório ele confessou a autoria do crime. No segundo, ele afirmou que se recordava de ter passado no local do homicídio, mas que não se lembrava de ser o autor do assassinato. Entretanto, segundo a policial, quando lhe foram mostradas fotos extraídas de imagens de vídeo de uma câmera de segurança, ele se reconheceu como a pessoa que aparecia nos prints.
A delegada disse também que no início dos interrogatórios o vigilante se mostrou retraído, mas que aos poucos foi contando sobre os crimes. “Mesmo não tendo experiência em psiquiatria, dá para perceber que Tiago Henrique é uma pessoa que não possui distúrbios mentais. É uma pessoa fria, calculista, que age de forma premeditada. Ele sabia o que estava fazendo”, concluiu Flávia Andrade.
A mãe de Michel da Silva, Edna Ferreira da Silva, disse que gostaria de perguntar a Tiago Henrique os motivos que o levaram a assassinar o filho. “Meu filho não era morador de rua, era dependente químico, mas estava em tratamento. Não tinha inimizades. Eu queria saber o motivo que leva uma pessoa a matar outra sem ao menos conhecê-la”, questionou.
O médico Donaciano Ferreira Filho contou que chamou a polícia logo após detectar que Michel da Silva estava morto. Ele relatou que, ao chegar à clínica da qual é proprietário, notou que uma pessoa estava deitada na porta da clínica. Afirmou que tentou acordá-lo, mas constatou que ele estava em morte cerebral e tinha um ferimento no ouvido esquerdo.
Tiago Henrique, logo depois de entrar na sala de audiências, debruçou-se sobre a mesa e manteve-se em silêncio. O juiz Jesseir Coelho de Alcântara transmitiu ao vigilante, a pedido da mãe de Michel da Silva, a pergunta sobre os motivos do crime, que também não foi respondida. Participaram da audiência o promotor de justiça Rodrigo Félix Bueno, a assistente de acusação Ana Cláudia Fonseca e a advogada Brunna Moreno de Miranda Bernardo. (Texto: João Carlos de Faria/Fotos: Hernany César – Centro de Comunicação Social)

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