Faltam apenas quatro audiências para que o juiz Jesseir Coelho de Alcântara conclua a fase de instrução criminal dos 31 processos envolvendo o vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha, suspeito de ser serial killer. Destes, em 21 já foram proferidas decisões de pronúncia.
O vigilante já foi condenado em dois processos – 3 anos de reclusão em regime aberto por porte ilegal de arma, na 8ª Vara Criminal de Goiânia, e a 12 anos e 4 meses de prisão por dois assaltos a uma mesma agência lotérica, na 10ª Vara Criminal de Goiânia.
Durante audiência no processo que apura o envolvimento do vigilante no homicídio do morador de rua Thiago Fernandes de Carvalho Machado, o delegado Maurício Massanobu Kai, ao responder questionamentos do promotor de justiça Cyro Terra Peres, explicou o indiciamento de Tiago Henrique foi realizado com base em provas técnicas.
Segundo ele, a Polícia Civil detectou semelhanças na forma em que cinco moradores de rua foram assassinados: por um homem em uma moto de cor escura, com a vítima dormindo sob marquise, com um tiro na cabeça. “A única diferença é que Thiago Fernandes levou dois tiros na cabeça, mas Tiago Henrique confessou que disparou duas vezes para acabar com as duas balas que tinha em sua arma”.
O policial contou ainda que, no curso das investigações, foi utilizada também a quebra de sigilo dos sinais de celular de todos as torres de Estação Rádio Base (ERB) – que transmite sinal de telefone celular – para detectar se havia coincidência de números. No entanto, explicou o delegado Maurício Kai, essa informação não foi obtida, assim como o exame de balística deu negativo para a arma apreendida em poder de Tiago Henrique. Segundo o delegado, os projéteis de arma de fogo retirados do corpo de Thiago Fernandes e de outros quatro moradores de rua têm a mesma marcação balística, que são semelhantes a de uma das três armas que foram furtadas da empresa de segurança em que trabalhava.
Ainda de acordo com Maurício Kai, Tiago Henrique confessou a autoria do homicídio do morador de rua e justificou a prática dos crimes como uma maneira de extravasar a raiva que sentia, adquirida devido aos problemas enfrentados durante a infância. O policial classificou o vigilante como uma pessoa fria e de comportamento antissocial.
Ao ser levado para a sala de audiências da 1ª Vara Criminal de Goiânia, Tiago Henrique repetiu o comportamento adotado em outras ocasiões. Ele preferiu manter-se em silêncio, não olhou para nenhum dos presentes na sala – exceto para a sua defensora, Brunna Moreno – e debruçou-se sobre a mesa. Ao final, foi comunicado pela advogada de que terá de participar da próxima audiência, que será realizada no dia 10. Das quatro testemunhas arroladas em conjunto pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO) e pela defesa, três foram dispensadas por não terem sido encontradas.
Thiago Fernandes foi assassinado por volta das 2 horas do dia 11 de dezembro de 2012, sob a marquise de uma loja situada na esquina da Avenida Independência com a Rua 44, no Centro. A vítima seria moradora de rua e usuária de drogas e dormia no local quando foi morta. (Texto: João Carlos de Faria/Fotos: Aline Caetano – Centro de Comunicação Social)