O juiz Jesseir Coelho de Alcântara, da 3ª Vara dos Crimes Dolosos Contra a Vida e Tribunal do Júri, ouviu, nesta segunda-feira (30), o ex-motorista da dupla sertaneja Henrique e Juliano, Aginaldo Viríssimo Cuelho (foto à esquerda), e outras seis testemunhas arroladas no processo que apura a morte da ex-mulher dele, que estava grávida de quatro meses, Denise Ferreira da Silva. A audiência de instrução foi realizada no Fórum Criminal, no 4º andar, sala 427, em Goiânia.
Além do réu, durante a sessão, foram ouvidas quatro testemunhas arroladas pela acusação e de defesa: Sílvia Leandra Alves Feitosa; Rondinelly Silva Toledo; Lidiana Alves de Souza, vizinhos de Denise e o motorista do Uber, Antônio Wilker Freitas Rodrigues, bem como duas da defesa, Matheus Alves Cuelho, filho do motorista, e a nora dele, Danyelli Barbosa de Souza Pires.
Na ocasião, os vizinhos da vítima (foto à direita) Rondinelly e Lidiana disseram que Denise era sempre ameaçada pelo motorista. Relataram ainda que, no dia do fato, Aginaldo Viríssimo e Denise começaram uma discutir, momento em que ele desferiu um tiro na nuca da ex-mulher. “Ele foi frio e calculista por ter matado uma mulher honesta e sem que a mesma pudesse se defender”, afirmaram na sessão.
Ao serem questionados se Denise mantinha outro relacionamento, as testemunhas negaram, sob o argumento de que a vítima mal saía de sua residência. Rondinelly ressaltou que, no dia do casamento de Aginaldo, o réu só não a matou porque foi impedido por ele. “Nós e também os outros moradores do condomínio ficamos abalados com a notícia da morte dela”, frisou Lidiana, outra vizinha de Denise.
Ao ser ouvido, o motorista do Uber, Antônio Wilker Freitas, contou que, no dia do crime, foi acionado pelo aplicativo para levar Aginaldo até a Rodoviária de Goiânia. Entretanto, ao chegar no local, o acusado pediu para que ele fizesse uma corrida particular até a Rodoviária de Anápolis. No caminho até o município de Anápolis, que fica a 60 quilômetros de Goiânia, o motorista disse que Aginaldo havia comentado com ele que havia matado a ex-mulher na capital goiana. “Assim que terminei a viagem, a Polícia Civil me ligou perguntando onde eu havia deixado o acusado do crime”, comentou.
Ainda, na audiência, o filho e a nora do acusado, Matheus Alves Cuelho e Danyelli Barbosa de Souza Pires, afirmaram que a vítima estava traindo Aginaldo e, que, inclusive tinham prints de conversas entre ela e outros homens. Na oportunidade, Matheus e a namorada dele afirmaram que, no dia do crime, eles foram junto com o acusado até um clube da cidade, quando passaram a ingerir bebida alcoólica. “Meu pai sempre foi um homem amoroso”, comentou Matheus.
Durante a audiência de instrução, Aginaldo Viríssimo Cuelho (foto à esquerda), acusado de matar Denise, confessou o crime, contudo, alegou que o disparo ocorreu de forma acidental. Ainda, na ocasião, ele contou que conheceu Denise em São Paulo, porém após o convívio entre ambos, ela passou a não aceitar os filhos dele.
Na oportunidade, ele disse que, ao descobriu que a mulher o traía, foi até a residência dela para tentar esclarecer o fato. “Ao chegar no condomínio percebi que dentro do apartamento havia outra pessoa, momento em que forcei para que Denise abrisse a porta, quando começamos a discutir e a arma que portava no momento disparou e a atingiu na nuca”, contou.
“Eu já tive várias oportunidades de sair do relacionamento, porém quando a gente ama, fica difícil. Nunca deixei Denise e nem o filho dela passarem fome”, declarou. De acordo com o promotor de Justiça, Aguinaldo Bezerra de Lima Tocantins, as provas dos autos são robustas para condenar o motorista pelo crime de homicídio. “As provas atestam que o crime de feminicídio da ex-companheira na frente do filho dificultou a defesa da vítima”, pontuou.
Além disso, o representante do MPGO (foto à direita) frisou que o acusado tratava a vítima com violência, inclusive com ocorrências registradas na Polícia. “Se depender do Ministério Público, sustentaremos todas as qualificadoras neste caso, pois o crime foi cometido de forma covarde. A justiça e a sociedade têm que puni-lo para que ele pague pelo crime”, afirmou.
Prazo
De acordo com o juiz Jesseir Coelho de Alcântara (foto à direita), após inquirição do acusado e das testemunhas, o Ministério Público e a assistência de acusação e de defesa têm 20 dias para apresentar seus memoriais para que após isso seja decidido se o acusado será pronunciado e levado a júri popular. Enquanto isso, o acusado continuará preso no Centro de Custódia, em Aparecida de Goiânia
Prisão
Em 5 de junho deste ano, o juiz Jesseir Coelho de Alcântara (foto à esquerda) converteu em preventiva a prisão do motorista Aginaldo Viríssimo Cuelho pela morte da ex-mulher. Durante a audiência de custódia, o magistrado entendeu que a prova da materialidade e os indícios de autoria foram demonstrados pelas declarações que formam o auto de prisão em flagrante e pela própria prisão em flagrante. Ressaltou, ainda, que não foram juntados documentos que comprovassem a primariedade do réu.
Crime
Segundo informações preliminares, ele teria arrombado a porta da casa da ex-mulher, no setor Orienteville, e tentado agredir a vítima. Quando ela tentou fugir, ele a alvejou com um tiro. Testemunhas informaram que o casal brigava muito. Vizinhos acionaram o Corpo de Bombeiros, entretanto, ela morreu no local. Veja o termo (Texto: Acaray M. Silva /Fotos: Aline Caetano - Centro de Comunicação Social do TJGO)