O lavrador Edmundo Alves Mendes, de 43 anos, que tem dor lombar intensa e radiada para os membros inferiores, sendo esta definitiva, progressiva e degenerativa, conseguiu o direito à aposentadoria rural por invalidez neste quarto dia do Programa Acelerar - Núcleo Previdenciário, que está sendo realizado em São Miguel do Araguaia desde o dia 25. Igual benefício foi conseguido por Izabel Alves de Souza, de 49, que sofreu um acidente vascular cerebral, impossibilitando-a de fazer as atividades diárias inerentes a uma mulher que sempre viveu e trabalhou na zona rural.

Convivendo diariamente com muita dor e sem poder fazer quase nada, Edmundo Alves Mendes contou que o diagnóstico de sua doença é desanimador, principalmente num procedimento cirúrgico. “O médico me falou que tenho apenas 10% de chances de sucesso e 90% de ficar numa cadeira de rodas”. Ele disse, ainda, que sua vida mudou muito desde a doença, porque não pode trabalhar, tendo vivido ultimamente da ajuda da mãe e da sogra nas despesas da casa. Os remédios, uma injeção nos fins de semana e dois comprimidos diários para dor, são custeados pelos irmãos.
O lavrador ressaltou que no começo da doença ainda conseguia trabalhar, até que um dia teve de parar de vez e o dinheiro sumiu. “Com vergonha de avisar a minha família que estava sem dinheiro, só tomei esta atitude quando, numa manhã, ouvi minha filha comentar que em casa não tinha nem feijão para cozinhar”. Ele tem mais dois filhos.
Com o dinheiro que vai receber, um salário mínimo, contados a partir da data do indeferimento administrativo do pedido, em 30 de janeiro de 2014, Edmundo Alves Mendes disse que vai quitar, primeiro, as contas que está devendo no supermercado, padaria e açougue. Também vai poder pagar um tratamento dentário para sua mulher antes de sua cirurgia de redução de estômago. “A minha mulher pesa 150 quilos e, além de obesa, é diabética. O médico disse que ela tem de fazer o tratamento dos dentes antes da cirurgia, já marcada para daqui a quatro meses, em Goiânia”, comemorou o lavrador.
Ao proferir a sentença, o juiz Everton Pereira Santos observou que é impossível exigir do lavrador que passou boa parte da vida trabalhando no campo, passe por processo de readaptação e encontre outra colocação funcional na zona rural. Ao final, o magistrado antecipou os efeitos da tutela e determinou ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que implante imediatamente o benefício em um salário mínimo, em razão do seu caráter alimentar.

Forte dor de cabeça

“Comecei a passar mal por volta da 1 hora. Foi uma forte dor de cabeça e depois a vista ficou ruim, principalmente o olho direito, que fechava toda hora. Também senti uma dormência na boca que me incomoda até hoje.” Foi assim que a lavradora começou a contar como tudo aconteceu e as sequelas que a doença lhe deixou. “Hoje faço pouca coisa e bem devagarinho, pois não posso me esforçar muito nem tomar sol. Tenho de tomar quatro remédios todos os dias para pressão e dor de cabeça", explicou.
Izabel Alves de Souza casou-se aos 14 anos com Roberto Donizete de Carvalho , de 57. Eles têm oito filhos, sendo do mais velho com 37 anos e o mais jovem, 17. Ela afirmou que tão logo entrou na Justiça pleiteando o benefício entregou nas mãos de Deus e hoje ela sai vitoriosa com sua aposentadoria. Ela também vai receber um salário mínimo a partir da data da incapacidade, ocorrida em 12 de julho de 2013, e benefício implantado imediatamente, observou o juiz Fernando Ribeiro de Oliveira ao proferir a sentença que de igual modo a anterior, seja executada imediatamente. Os trabalhos deste quarto mutirão previdenciário serão encerrados nesta sexta-feira (29). (Texto: Lílian de França/Fotos: Aline Caetano – Centro de Comunicação Social) 

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