O aumento da pressão arterial da lavradora Benedita de Jesus (foto), de 57 anos, que vive em condição de miserabilidade e a difícil locomoção por um problema na perna direita, levou o juiz Joviano Carneiro Neto, diretor do Foro da comarca de Jussara, a transferir a sala de audiência para o local em que ela se encontrava. 

Ela foi atendida no salão do Tribunal do Júri, em meio a centenas de pessoas que aguardavam sua vez para o atendimento no Programa Acelarar -Núcleo Previdenciário, realizado na unidade judiciária, de 15 a 17 de fevereiro.

Benedita de Jesus conseguiu a aposentadoria rural por idade e vai receber o valor correspondente a um salário mínimo, a partir do indeferimento do requerimento administrativo pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), ocorrido em 1º de julho de 2014. Na sentença, o magistrado concedeu, de ofício, a antecipação dos efeitos da tutela para determinar a imediata implantação do beneficio previdenciário postulado.

Tão logo soube do ocorrido com Benedita de Jesus, que já estava sendo assistida por profissionais da Secretaria de Saúde de Jussara, que estavam dando suporte ao evento, Joviano Carneiro foi até o Tribunal de Júri e, num cantinho, realizou a audiência (foto). Ela foi a primeira a ser atendida e, durante o tempo que esteve no fórum, foi feita a aferição de sua pressão arterial por diversas vezes, inicialmente em 160X110mmHg. Imediatamente foi administrado o seu remédio, que há dias não vinha tomando. Aos poucos ela foi se recuperando.

Benedita de Jesus contou ao juiz que a vida toda trabalhou na roça, ajudando seus pais na “lida diária”, como apartar vaca, fazer farinha e queijo, entre outros serviços domésticos que uma fazenda requer. “Desde que caí de um cavalo minha vida mudou. Quebrei a perna direita, próximo à bacia e fiquei muito tempo imobilizada. Tenho dificuldade de andar porque ela dói muito”, afirmou. Por conta desse acidente, que não faz muito tempo, ela foi morar na cidade de Jussara. Como não tem salário, vive da ajuda de amigos. São eles que lhe dão de tudo, desde a comida até os remédios que tem de tomar diariamente.

Analfabeta, mora de favor num puxadinho construído exclusivamente para ela, no galpão de um secador de cerais. Apertado e de chão batido, o barraco está com muitas telhas quebradas e o madeiramento cheio de cupim. “Quando chove a casa dela alaga”, garantiram os amigos Jorselina

Raimunda Duarte, de 52 anos, e Paulo Roberto Toledo, de 69 anos, que a companharam ao fórum e que lhe dão assistência constante. “É pela graça de meus amigos que ainda estou viva. Um traz o almoço, o outro o café, e assim vou vivendo. Meus pais já morreram, não casei e não tenho filhos.
Apenas um irmão que mora na roça e é também fraco como eu”, ressaltou Benedita de Jesus.

Sobre o benefício recebido, alegremente, afirmou que vai até sarar. “Vou ter condições de tratar de minha saúde, comprar meus remédios e minhas coisinhas que tenho vontade de ter”. Tão logo souberam da sentença, os amigos de longas datas, Jorselina Duarte e Paulo Toledo, afirmaram que vão construir uma casa digna para ela. Graças a Deus tenho este dois, ressaltou a idosa, com lágrimas nos olhos azuis que também necessitam de uma cirurgia de catarata.

O Programa Acelerar - Núcleo Previdenciário na comarca de Jussara, realizou 364 audiências, das quais 206 julgadas procedentes, totalizando 81,04% de sentenças proferidas. Os benefícios atrasados renderam o montante R$ 2.642.764,27. Desde ontem (18), o Núcleo - Previdenciário está na comarca de Montes Claros, com encerramento dos trabalhos nesta sexta-feira (19). Foram agendadas 120 audiências para os dois dias do evento. (Texto: Lílian de França – Centro de Comunicação Social do TJGO)

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