Em razão da sua aposentaria compulsória, que ocorrerá no dia 8 de abril, quando completará 70 anos, a Seção Criminal do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO), durante sessão realizada nesta quarta-feira (19), homenageou o juiz substituto em segundo grau Sílvio José Rabuske.
“Sua figura tranquila de juiz marcou a memória de todos os que o conheceram e tiveram a feliz oportunidade de conviver com ele. Ensinou a muitos que julgar é antes de tudo um ato de amor e respeito ao próximo”, enalteceu a desembargadora Carmecy Rosa Maria Alves de Oliveira, presidente da Seção Criminal.
Já o desembargador Luiz Cláudio Veiga Braga relembrou o Poema de Sete Faces, de Carlos Drummond de Andrade, e a música Um Homem Chamado Alfredo, de Vinícius de Moraes. Segundo ele, Sílvio "é o homem por trás dos óculos", como diria Drummond. “Um homem de fala mansa, que fala pouco. Homens como vossa Excelência são raros; vai ficar sempre a saudade”, afirmou o desembargador. Para ele, "os homens são como as moedas; devemos tomá-los pelo seu valor, seja qual for o seu cunho".
Com a voz embargada e tomado por grande emoção, Sílvio Rabuske disse não ser “digno” de tantas palavras e gestos de carinho. “A magistratura sempre me trouxe alegrias”, disse. Citando São Paulo Apóstolo, o magistrado afirmou que "compareceu ao combate e que agora já pode ir". Agradeceu pelo que lhe foi dado e ofertado pelo Judiciário e entregou sua caneta da magistratura à desembargadora Carmecy Rosa Maria Alves de Oliveira.
Amigo
Já o desembargador Itaney Campos fez referência a Milton Nascimento e disse que "Sílvio é um amigo que devemos guardar do lado esquerdo do peito e que deixa o Judiciário com todos os reconhecimentos da classe".
Também registraram homenagens ao magistrado, os desembargadores João Waldeck; Ivo Fávaro; Edison Miguel; Nicomedes Domingos Borges e Avelirdes Lemos, o juiz substituto em segundo grau, Jairo Ferreira Júnior, e os juízes em substituição Fábio Cristovão e Lília Mônica. O procurador de Justiça Leônidas Bueno Brito também fez questão de dizer algumas palavras a Sílvio.
Trajetória
Sílvio Rabuske nasceu em Santa Cruz do Sul (RS), em 1944. Formou-se em Direito pela Universidade Católica de Goiás (UCG), onde também lecionou, e ingressou na magistratura em 1982. Passou pelas comarcas de Alvorada do Norte (1982); Edéia (1983 a 1989); Itapuranga (1989 a 1991) e Aparecida de Goiânia, 1991 a 2007.
Como juiz de Alvarada do Norte e mais três municípios, permaneceu na comarca durante um ano sem promotor de justiça e advogado residente. Segundo ele, esse foi um ano difícil, porque, com o voto vinculado e a sub-legenda, precisou organizar e presidir a eleição de quatro municípios. Muitas vezes, ficou na metade da estrada, por causa dos atoleiros de areia.
Enquanto juiz de Edéia, além de sempre trazer o serviço em dia, respondeu, por várias vezes, pelas comarcas de Joviânia, Acreúna, Jandaia e Paraúna. Em Itapuranga, com a experiência até então adquirida, imprimiu agilidade tão grande nas atividades judicantes que, certos advogados, propalavam que, na comarca, se proferiam sentenças de afogadilho. Além disso, por ter levado a júri todos os autores de homicídio, o município ficou, um ano inteiro, sem sentir os efeitos de homicídios e tentativas de homicídios.
Na comarca de Aparecida de Goiânia, onde ficou 21 anos, também ficou sozinho de junho a novembro de 1991, época em que o município já tinha em torno de 170 mil habitantes. Deixou a 1ª Vara Criminal da comarca de Aparecida atualizada e, em junho de 2012, tomou posse como juiz substituto em 2ª Grau.
Durante os mais de 30 anos de magistratura, nunca respondeu processo administrativo. Além do alemão e espanhol (que domina), tem facilidade para entender o latim, o italiano, o francês e o inglês. Estudou, também, grego. (Texto: Gizely Cândida - Fotos: Aline Caetano - Centro de Comunicação Social do TJGO)