A vendedora ambulante Euripa dos Reis Soares disse, ao juiz Jesseir Coelho de Alcântara, da 1ª Vara Criminal de Goiânia, estar traumatizada, com medo de motociclistas e de andar sozinha, além de ter pesadelos e dificuldade de trabalhar. Ela é a única vítima do vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha que conseguiu sobreviver, depois de ser atacada. O vigilante já foi condenado, em 8 processos, a mais de 142 anos de prisão – seis homicídios, assalto a mesma agência lotérica duas vezes e porte de arma de fogo de uso proibido. Também participaram da audiência a promotora Sandra Ribeiro Lemes e a advogada Brunna Moreno de Miranda Bernardo.

A tentativa de homicídio ocorreu por volta das 23h40 do dia 19 de julho de 2014, nas imediações do Córrego Cascavel e da Feira do Chopp, no Setor Aeroviário, em Goiânia. Segundo a denúncia do Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO), Tiago viu Euripa Soares e sua amiga Adriana Bandeira Espinola Goes desembarcarem de um ônibus do Eixo Anhanguera e decidiu se aproximar das duas. Ele abordou a vítima e anunciou um roubo. Enquanto a vendedora ambulante buscava pegar seu aparelho de celular para lhe entregar, ele apontou-lhe uma arma de fogo e efetuou de imediato um disparo contra ela, atingindo o seu pescoço. Euripa Soares conseguiu correr alguns metros, mas caiu. Em seguida, o acusado fugiu do local.

Euripa Soares confirmou os fatos denunciados pelo MPGO e disse que, desde o dia do crime, nunca mais conseguiu esquecer o rosto do vigilante. Segundo ela, no momento da abordagem, Tiago Henrique estava com a viseira do capacete levantada. A mulher também afirmou que, durante o interrogatório na Polícia Civil, reconheceu o denunciado por fotografia. Ela disse ainda ter ficado traumatizada. “Eu não tinha medo de nada, hoje tenho medo de tudo. Não gosto de sair de casa e entro em pânico ao ouvir o nome dele”, explicou.

Ao responder questionamento da promotora Sandra Lemes, a vítima contou com detalhes como foi o crime de que foi vítima. “Ele chegou e falou que era um assalto. Eu estava na calçada e ele nem desceu da moto. Quando fui pegar o celular, ele levantou a blusa, pegou o revólver e atirou em mim. Antes de cair no chão, caminhei em volta da moto. Ele ficou me olhando para ver se eu tinha morrido. Então, fugiu”, contou.

A mulher disse ainda que só percebeu ter sido baleada por sentir dor nas costas – a bala atingiu o pescoço da vítima no lado esquerdo e saiu logo abaixo da omoplata, no lado direito. “O crime atrapalhou a minha vida. Além de estar traumatizada, eu não consigo trabalhar direito, pois não tenho como anunciar os produtos que vendo. A minha voz ficou fraca e eu sinto muita falta de ar”, relatou.

A única testemunha do crime, Adriana Bandeira Espinola Goes, não foi encontrada para prestar depoimento na audiência. Ao ser questionada sobre a possibilidade de encontrá-la, Euripa Soares afirmou ter perdido o contato com ela também. Antes de deixar a sala de audiências, a vendedora ambulante fez um apelo ao juiz Jesseir Coelho de Alcântara: “Não solta esse homem”. Tiago Henrique não respondeu as perguntas dos presentes à audiência. Ele se limitou a dizer que “por enquanto estava aprendendo a amar essa cidade”.

Novo júri
O vigilante será submetido a um novo júri nesta quarta-feira. Desta vez, ele será julgado pelo 1º Tribunal do Júri de Goiânia, sob a presidência do juiz Eduardo Pio Mascarenhas, a partir das 8h30, pelo homicídio de Mauro Ferreira Nunes, com as qualificadoras de crime praticado por motivo torpe e com emprego de recurso que impossibilitou a defesa da vítima. A sessão terá a participação do promotor de Justiça Rodrigo Félix Bueno, representando o MPGO, e do advogado Herick Pereira de Souza. O crime ocorreu no dia 28 de fevereiro de 2014, na Avenida Neder Meyer, na Vila Canaã, dentro do estabelecimento Eskema Imagens. A vítima estava no estabelecimento quando foi abordada pelo suspeito do crime, que parou sua moto na porta da loja e entrou, anunciando um assalto. Mauro Ferreira não esboçou reação mas foi atingido com um tiro no peito.

Quer saber mais sobre seu processo. Fale comigo!
Atendimento Virtual
Programa de Linguagem Simples do TJGO
Avalie nosso serviço