“Estou encantada com a organização, sofisticação e caráter social do Mediar é Divino na solução dos conflitos pelo aspecto religioso. Esse é o verdadeiro viés da Justiça.” A fala emocionada é da desembargadora Maria Cezarinete Angelim, presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Acre (TJAC), durante visita realizada nesta quinta-feira (4) à Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus, para conhecer na prática como são realizadas as mediações e conciliações referentes ao renomado projeto Mediar é Divino, do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO).
Acompanhada do juiz Aureliano Albuquerque Amorim, do diretor de logística do TJAC, Antônio Flores de Queiroz, e do assistente do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos do TJGO (Nupemec), Augusto Maciel de Souza Magalhães, a desembargadora contou que o Tribunal acreano promove a conciliação desde 2001, mas que o aspecto religioso abordado pelo Mediar é Divino chamou sua atenção. “Essa modalidade é muito interessante e diferenciada. Pacificar não é tarefa simples e sabemos da credibilidade desse projeto especialmente com as pessoas que frequentam a igreja, um público amplo”, avaliou. Para Aureliano Amorim, o trabalho pode ser classificado como “espetacular” em razão do baixo custo para a instituição e para o próprio Poder Judiciário. “Além da economia, o lado social e de pacificação social do projeto é muito forte, pois ele também contribui para diminuir a marginalidade por meio do diálogo”, pontuou.
A conciliadora voluntária Sirlene Dias de Faria Lopes, que passou pelo curso de capacitação oferecido pelo TJGO seguindo as diretrizes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), explicou à presidente do TJAC que a comunidade é atendida pelo padre Luiz Augusto Ferreira da Silva, que realiza uma triagem dos casos que envolvem questões relacionadas à família, cível, de vizinhança e comercial. “A mediação divina busca suas inspirações na fé que professamos. Nosso objetivo é a mediação pré-processual, ou seja, evitar que causas de menor gravidade cheguem à Justiça, especialmente com foco na restauração das famílias. Padre Luiz dá os avisos durante as missas e quem sentir a necessidade nos procura. É nosso líder religioso que verifica qual pendência pode ser solucionada na confissão ou encaminhada diretamente para a conciliação. Só hoje serão atendidas, das 17 às 19 horas, 44 famílias e geralmente o padre consegue dar solução a mais de 90% desses casos”, ressalta.
De acordo com ela, boa comunicação e carisma são essenciais para o bom resultado desse trabalho. “Não é só a parte intelectual que deve ser levada em consideração. A pessoa precisa ter amor ao próximo e aprender a ouvir, analisar. Atendemos casos em que um indivíduo quer matar o outro por motivo banal. Isso pode ser desmontado com um sorriso e uma boa conversa. Às vezes tudo o que alguém necessita é ser ouvido e compreendido nas suas aflições. A facilidade e a simplicidade na comunicação são essenciais para o êxito desse belo e gratificante trabalho”, ensina, satisfeita por atuar diretamente com o Mediar é Divino. (Texto: Myrelle Motta/Fotos: Aline Caetano – Centro de Comunicação Social do TJGO)