Recomeçar. Essa foi a palavra usada por A.S.R.F, de 32 anos, ao final da audiência presidida pelo juiz Fernando Marney Oliveira de Carvalho que suspendeu, pelo prazo de dois anos, o curso do processo que ela respondia por dirigir embriagada. A sessão foi realizada durante o Programa Justiça Ativa que teve início nesta segunda-feira (11) e prossegue até quinta-feira (14), na comarca de Caldas Novas.

A mulher, que foi usuária de drogas por quase 15 anos, viu na decisão do magistrado um motivo para recomeçar sua vida. “Confesso que no início estava com medo de ir para cadeia”, afirmou. Ela disse que há 9 meses não usa nenhum tipo de droga e que vem lutando contra o vício com o qual conviveu metade de sua vida.

De acordo com o juiz, nesse caso, uma sentença condenatória que levasse A.S.R.F para uma unidade prisional não teria o mesmo efeito que a decisão de suspensão do processo. “Um outro desfecho poderia destruir a vida dela. Então, podendo conceder esse tipo de benefício, a gente livra a mulher da prisão e a deixa no lugar que ela está atualmente que é se dedicando a cuidar de outras pessoas”, frisou.

No entanto, durante os dois anos de suspensão do processo a mulher terá de cumprir as condições que foram impostas, como: composição do dano à coletividade, a autorização de que metade do valor pago a título de fiança – R$ 1.320,00 – seja transferido ao Justiça Terapêutica, programa do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO); ela está proibida de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização judicial, por mais de 30 dias e deverá comparecer pessoalmente e obrigatoriamente em juízo, a cada dois meses, para informar e justificar suas atividades.

“A denunciada fica advertida de que o benefício será revogado caso venha a ser processada por outro crime ou descumprir qualquer uma das condições. Fica a denunciada esclarecida que, expirado o prazo sem revogação, será declarada extinta a punibilidade e que o prazo prescricional não ocorrerá durante o prazo de suspensão do processo”, salientou.

Do vício ao recomeço
Após 16 anos, A.S.R.F superou o vício das drogas e tenta ajudar mulheres que se encontram na mesma situação em que ela esteve. A mulher garante que para se livrar das drogas enfrentou uma grande batalha. “Comecei com o álcool ainda criança, já usei todos os tipos que drogas que possa imaginar, como maconha, merla, cocaína, thinner, cola, loló, lança-perfume, cocaína, LSD, ecstasy, heroína e crack”, enumerou.

Atualmente, a mulher ajuda com sua história de vida pelo menos cinco mulheres que estão internadas na Comunidade Renascimento, em Rio Quente. “Com tudo o que eu passei, acho que posso contar minha vida e tentar ajudar essas mulheres que estão passando por tudo o que eu passei”, disse. Segundo ela, o apoio da família foi fundamental para abandonar o vício. “Eles nunca me abandonaram e me ajudam no que eu preciso”, contou.

Segundo ela, se pudesse voltar no tempo nunca teria entrado para o mundo das drogas. Tempo em que foi fez inúmeras coisas, como se prostituiu, furtou e até roubou para manter o vício. “Foi uma época que eu abandonei tudo na minha vida. Até meu filho”, desabafou, ao contar que engravidou do filho que hoje está com 10 anos. “Não sei quem é o pai dele porque estava muito bêbeda na época. Não me lembro de nada”. (Texto: Arianne Lopes / Fotos: Aline Caetano – Centro de Comunicação Social do TJGO)

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