A equipe do Programa Acelerar – Núcleo Previdenciário do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) concedeu, nesta sexta-feira (14), em Formoso, a dupla aposentadoria do casal de lavradores Lázaro Lopes, 81, e Francisca Ferreira Lacerda, 76 (foto). Ambos trabalharam para o primeiro deputado camponês eleito no Brasil, José Porfírio de Sousa, líder principal da Revolta Camponesa de Trombas e Formoso, ocorrida na década de 1950. 

Bem-humorado, mesmo com todos os problemas de saúde enfrentados pela mulher e as dificuldades impostas pela vida do campo, Lázaro disse que não perde a fé em Deus e “abençoou” os integrantes do Acelerar Previdenciário e a juíza Hanna Lídia Rodrigues Paz Cândido, que presidiu a audiência. “Vou orar todos os dias pela vida da senhora, da equipe do mutirão e do meu advogado. Se não fosse por vocês eu e minha esposa não teríamos conseguido essa graça", relatou. 

Sobre a época em que prestou serviços ao líder camponês José Porfírio, natural do Estado do Maranhão, disse que se sente honrado por ter trabalhado com um homem que viveu para ajudar as pessoas. “Ele tinha o coração muito bom e junto com o governador de Goiás na época, Mauro Borges, eles dividiram algumas propriedades e doaram para os pobres. Era um pobre coitado que fazia de tudo para auxiliar o próximo. Ele andava visitando as pessoas de casa em casa e ali mesmo comia, chupava uma laranja. Ele mesmo promovia vários mutirões para plantar na roça dele e quando era época de colheita dava tudo aos necessitados”, contou.

Já Francisca Ferreira, explicou que a saúde está abalada há muito tempo, pois já fez várias cirurgias no coração e ainda sofre com diabetes e problemas na tireóide. “Quando tinha saúde, cozinhava para peão, marido e filhos. Tinha muita disposição. Plantava banana, mandioca e cuidava das criações de galinhas e porcos, com a ajuda dos quatro filhos. Hoje não tenho consigo nem cuidar da minha casa. Por isso, esse dinheiro é tão importante para que eu possa me tratar e ter mais qualidade de vida”, acentuou.

Caso atípico

Para a juíza Hanna Lídia Rodrigues Paz Cândido, que presidiu a audiência, o caso de Lázaro e Francisca é atípico, por se tratar da concessão desse benefício a dois membros da mesma família, uma vez que ambos o pleitearam juntos. “É a primeira vez que eu realizo uma audiência como essa, totalmente incomum”, ressaltou. Inicialmente, há alguns anos, o casal teve o benefício de amparo assistencial da Lei Orgânica de Assistência Social (Loas), voltado para pessoas portadoras de deficiência ou com idade mínima de 65 anos, concedido pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Contudo, esse direito foi cancelado e eles acabaram entrando com um novo pedido de aposentadoria, agora obtido durante o mutirão previdenciário.

O mutirão previdenciário atendeu cerca de 600 pessoas durante esses dois dias realizou 190 audiências nesta seara. Para o juiz Reinaldo de Oliveira Dutra, coordenador do Núcleo Previdenciário, o índice de benefícios concedidos foi superior ao esperado, por se tratar de uma região eminentemente rural. “Temos aqui 22 assentamentos rurais e se tivéssemos que realizar cada audiência fora do mutirão levaríamos muitos meses”, comemorou. Para a juíza Wanderlina Lima Tassi, que está respondendo pela comarca de Formoso, o esforço concentrado superou todas as expectativas. “Se possível, no primeiro semestre do ano que vem receberemos novamente a equipe do Acelerar Previdenciário. Estamos muito satisfeitos com os resultados”, enalteceu.

Na próxima semana, o Acelerar Previdenciário segue para as comarcas de Uruana, Itapuranga, Goiás, e, por fim, atenderá na noite de quinta (20) para sexta-feira (21) a comunidade do Povoado de Araras, subordinado ao município de Fainas, que tem o maior índice de portadores de xeroderma pigmentoso do mundo (doença genética e incurável que provoca hipersensibilidade à luz e deixa os doentes até mil vezes mais suscetíveis ao câncer de pele do que as demais pessoas). (Texto e Fotos: Aline Caetano - Centro de Comunicação Social do TJGO)

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