“O que deve fazer uma juíza, mãe e mulher ao adentrar numa instituição como essa e sentir todas as necessidades dessas pequeninas criaturas ?”. Foi este questionamento que levou a juíza Flávia Cristina Zuza a criar o projeto Ciranda Cirandinha. Ela, que é titular da 1° Vara Cível e Fazenda Estadual e atualmente respondente do Juizado da Infância e Juventude de Luziânia, lançou, na manhã desta quinta-feira (19), uma brinquedoteca na Associação Filhas do Puríssimo Coração de Maria.

O abrigo, no entorno de Brasília, conta hoje com 17 crianças. Há nove meses quando esteve no local, a juíza ficou sensibilizada com a situação dos pequenos, que tinham apenas uma televisão para se divertir. O tempo de uma gestação, como ela mesma define, foi o suficiente para que o Poder Judiciário, Ministério Público do Estado de Goiás, Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e a sociedade em geral criassem a brinquedoteca.

A juíza que não mediu esforços para tornar real o sonho das crianças e encontrou no empresário José Paulo Boni o apoio financeiro para concluir o projeto. O empresário morreu em julho deste ano e não chegou a ver o espaço finalizado. Mas hoje, a brinquedoteca foi batizada com seu nome. Uma das crianças do abrigo agradeceu aos familiares do empresário. “Muito obrigado por cuidar do nosso sonho e acreditar que nós somos capazes de brilhar”.

A brinquedoteca tem 207 metros quadrados, possui sala de brinquedos, de estudos e desportos e dois banheiros. Os menores ali abrigados têm entre zero e nove anos de idade e foram encaminhados para lá por iniciativa do Ministério Público e do Conselho Tutelar. Na associação, elas permanecem por até 120 dias. Depois desse período, algumas voltam para a casa dos pais ou, por meio da adoção, ganham novo lar.

A intenção do Poder Judiciário é fazer com que essas crianças tenham um melhor ambiente para se preparar para o retorno familiar. Para isso, os menores contam com o apoio de assistentes sociais, psicólogos e pedagogos. Atualmente Luziânia tem quatro abrigos, com espaço para até 70 menores. No Juizado da Infância e Juventude tramitam exatamente 1.402 processos.

Emocionada e com a voz embargada durante todo o discurso, a juíza Flávia Zuza disse ser grata à magistratura por se tornar uma pessoa melhor a cada dia. "Agradeço a admiração das pessoas que amo e de todo povo que hoje confia que o juiz não é uma pessoa que se esconde atrás de uma toga", finalizou. (Texto: Geovane Gomes / Foto: Wagner Soares – Centro de Comunicação Social do TJGO)

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