Aos 14 anos, Bianca Souza, estudante do 9º ano Colégio Oziel Alves, localizado no assentamento Bandeirante, desconhecia alguns termos racistas como “cabelo ruim”, “denegrir” ou “criado-mudo” até participar, na manhã desta quarta-feira (18), da Roda Antirracista para discutir o tópico “Diálogos para a democracia racial”. O evento integrou a programação do Justiça Itinerante, que realiza sua quarta e última edição do ano no assentamento situado à 40 quilômetros de Baliza e formado por cerca de 500 famílias.

Comandada pela juíza Érika Gomes Barbosa Cavalcante, presidente do Comitê de Acesso à Justiça, a Roda de Conversa teve a participação da juíza auxiliar da Presidência Marina Cardoso Buchdid, coordenadora do evento e que representa o presidente do TJGO, desembargador Carlos França, no Justiça Itinerante. O bate-papo com os alunos do colégio também contou com a juíza Andreia Marques de Jesus Campos, da comarca de Aragarças, representantes do Ministério Público, das Defensoria Públicas da União e do Estado e da prefeita de Baliza, Fernanda Nolasco Vanderley de Oliveira.

“Nosso foco hoje foi tratar do racismo recreativo e trabalhar com os alunos muitos termos racistas que são praticados como brincadeira e piada entre os alunos, além de orientá-los sobre as atualizações na lei dos crimes raciais, que tornaram crime esse tipo de atitude”, afirmou a magistrada, que utilizou uma linguagem simples para conversar com os estudantes e explicar também porque o crime de racismo não prescreve.

De acordo com Bianca, apesar dela mesma já ter sofrido com essas “brincadeiras” em razão da cor de sua pele ou de seus cabelos cacheados, ela não fazia ideia que se tratava de racismo. “Eu gostei da roda porque a gente aprende bastante. Agora sei que 'cabelo de bombril' é racismo, sei que não podemos fazer isso e como denunciar se fizerem com a gente”, contou. “Achei importante porque a gente aprende o que não fazer e a mudar o jeito de tratar as pessoas”, relatou Marcos Vinícius Ferreira dos Santos, de 17 anos, estudante do 3º ano colegial. “Eu já sofri bulling por ser muito magro e por causa da minha cor”, revelou.

Aconselhamento
Para simplificar o entendimento dos estudantes, a juíza auxiliar da Presidência Marina Buchdid conversou com eles e explicou que, ainda que eles não identifiquem um termo negativo como racista, se ele fizer mal ou incomodar, o melhor é procurar aconselhamento ou ajuda”, orientou ela, que conversou com os adolescentes ainda sobre a importância do estudo e que o tratamento gentil e acolhedor deve começar em casa, com pais e irmãos, na escola e com amigos. “É assim que mudamos as coisas”, disse.

Também participaram da Roda Antirracista, que discutiu também violência doméstica e familiar, Kleber Berreza de Melo, defensor público da União; a promotora da comarca de Aragarças, Ana Carla Dias Mascarenha, e a defensora pública Bárbara Maia. (Texto: Aline Leonardo - Centro de Comunicação Social do TJGO)

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