O Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO), por intermédio do Juizado da Infância e Juventude da capital, realizou na tarde desta quarta-feira (15), na Penitenciária Feminina Consuelo Nasser, em Aparecida de Goiânia, mais uma edição do Programa Amparando Filhos, a primeira após a pandemia de Covid-19. O projeto é estruturado na promoção de visitas periódicas humanizadas de crianças e adolescentes às mães reeducandas, promovendo o vínculo familiar e social, bem como o exercício do papel parental, mesmo no período da detenção.
Conforme a titular do Juizado da Infância e Juventude da comarca de Goiânia, juíza Maria Socorro de Sousa Afonso da Silva, “o programa busca mudar a realidade de crianças e adolescentes, filhos de mães condenadas ao cumprimento de pena, por meio da promoção de encontros humanizados fora do ambiente prisional, evitando que o menor vivencie o drama do cárcere”. A magistrada ainda ressalta que durante as visitas são realizadas atividades recreativas para as mães e suas crianças, por meio de apresentações musicais, rodas de estórias, lanches e entrega de presentes.
A juíza Maria Socorro Afonso da Silva destaca "a participação da Equipe Interprofissional Forense, como também o apoio da Divisão de Agentes de Proteção do Juizado da Infância e Juventude, além de voluntários da rede de proteção à criança e ao adolescente, e parceiros, representantes da sociedade, que contribuíram com os patrocínios para a realização do programa", lembrou a magistrada.
Reinserção social e familiar
A coordenadora regional prisional da Diretoria Geral de Administração Penitenciária (DGAP), Alline Scaglia, ressaltou que o programa é de grande relevância no processo de reinserção social e familiar das detentas e de seus filhos. “A ação promovida pelo Juizado da Infância e Juventude de Goiânia é realizada de acordo com a política da Polícia Penal, que, com ordem, disciplina e respeito, apoia e valoriza as ações de ressocialização da população carcerária”, avaliou.
Segundo a secretária executiva do Programa Amparando Filhos, Karin Araújo, a ação viabilizou o encontro de 56 crianças com suas mães, totalizando 31 reeducandas. Ainda segundo Karin Araújo, as edições do projeto são muito esperadas tanto pelos filhos, quanto pelas detentas. “O momento é muito especial para as famílias, pois aproxima e incentiva o contato dos menores com suas genitoras”, destacou Karin Araújo. As servidoras do Juizado da Infância e Juventude de Goiânia, Odete Janot Garib e Adriana de Souza Pacheco também acompanharam a visita.
Para a reeducanda GHV, condenada pelo crime de latrocínio e cumprindo pena há um ano, o programa possibilitou o sonho de rever as três filhas. “É difícil esquecer a realidade de estar presa, e longe do convívio da família. Essa é a primeira vez em um ano que recebo a visita de minhas filhas. Não tenho palavras para agradecer a ação desse programa que proporcionou esse reencontro”, desabafou, emocionada.
Já para a reeducanda ALS, que cumpre pena por tráfico de drogas, o sentimento durante a visita foi inédito e especial. Ela pode conhecer sua primeira neta, que nasceu no dia do Natal. “Esse é o meu maior presente. Sonhava com o dia que iria pegar ela no colo, e poder abraçá-la”, disse em meio às lágrimas. ALS está contando os dias para voltar para casa, e poder ajudar a filha na criação da pequena Laís. No próximo mês de abril, ela recebe uma progressão de pena, e passa a cumprir em regime semiaberto.
O ponto alto da tarde de reencontros foi durante a apresentação musical da dupla Erik e Adriana Silvestre, em que uma criança de cinco anos pediu aos músicos para cantar uma música dedicada à sua mãe. A letra da canção era sobre manter a fé em Deus, mesmo nos momentos mais difíceis, e da importância de se fortalecer e não desistir de seus objetivos. A visita às reeducandas, integrada ao Programa Amparando Filhos, foi autorizada pela Diretoria Geral da DGAP, que tem à frente o policial penal Josimar Pires Nicolau. Veja galeria de fotos (Texto: Carolina Dayrell / Fotos: Wagner Soares – Centro de Comunicação Social do TJGO)
