O segundo dia do 2º Workshop Cases de Comunicação do Sistema de Justiça, promovido pelo Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) e Fórum Nacional de Comunicação e Justiça (FNCJ), com apoio da Escola Judicial do TJGO (Ejug), foi marcado por apresentações de 16 profissionais que atuam na área de Comunicação de diversos órgãos do sistema de Justiça no Brasil. O workshop teve início na quinta-feira (13) com a apresentação do projeto Apadrinharte, pelo juiz auxiliar da Corregedoria do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP), Iberê Dias.

A diretora de Comunicação do Ministério Público de Alagoas, Janaína Ribeiro, abriu a apresentação de cases de comunicação no segundo dia do evento. Ela mostrou aos participantes o case “Campanha Agosto Lilás- A Mão Invisível da Violência Doméstica”.


Assessora de Planejamento do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO), Cecília Oliveira, apresentou a campanha Minha Existência é Resistência, com objetivo de homenagear mulheres negras e combater preconceitos de raça, gênero e classe. A iniciativa englobou, inicialmente, uma webserie, lançada em parceria com o Comitê de Igualdade Racial, em comemoração ao Dia de Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, no dia 25 de julho.

Um dos desdobramentos da campanha foi uma exposição fotográfica, feita pela própria assessora, que envolveu 30 mulheres negras. “Foram mais de 1.800 minutos de entrevistas, com mulheres de diferentes idades, profissões, níveis de escolaridade e localidades”, destacou Cecília. Atualmente, as obras estão no Museu da Imagem e do Som (MIS) de Goiânia.


A Diretora de Comunicação da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, Débora Diniz, apresentou o case Reconhecimento Fotográfico. Segundo ela, o reconhecimento fotográfico, mesmo beneficiando vítimas de assalto e roubo, acaba causando prejuízo a outras. Ela citou, no evento, um levantamento, feito pela Defensoria Pública do Rio de Janeiro, que mostra que, “injustamente, 83% dos presos que passam por reconhecimento fotográfico no Brasil, são negros. A profissional disse que o estudo que subsidia a reportagem sobre o caso é referência para novos panoramas de novas análises.



Débora Diniz destacou ainda os resultados práticos que têm impulsionado a visibilidade, principalmente, pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o qual vem tratando sobre o tema, bem como criando projetos de lei para impedir que outras pessoas sejam vítimas. “Além disso, o TJ do Rio tem reconhecido e cancelado casos como esses”, finalizou.



Dando seguimento ao cronograma do workshop, a assessora-chefe do Conselho da Justiça Federal (CJF), Ana Cristina Rosa, ministrou palestra que abordou o tema: Política de Comunicação Social da Justiça Federal.  “O nosso diferencial foi planejar, de forma coletiva, uma forma de documento o qual foi construído com outros assessores”, frisou.

Na ocasião, ela mostrou vídeos de outros assessores da Justiça Federal que comentaram sobre o projeto para que pudessem formar o roteiro de construção da política de comunicação da entidade. “Para chegar à construção do documento, que contém 10 artigos, ficamos 11 meses debatendo e discutindo em reuniões on-line, tentando acolher sugestões de todos, diante da realidade de cada um”, explicou Ana Cristina.

Na oportunidade, ela revelou que uma das medidas que está proibida é a promoção pessoal de magistrados e servidores. “Mesmo diante da aprovação do documento, ainda assim o patrimonialismo acontece”, informou. Conforme ela, o guia não serve para ensinar ninguém a fazer comunicação, mas dar um norte de fazer política consciente. “O Manual inclusive pode ser alterado, sem nenhum prejuízo, e invadir a autonomia administrativa dos terminais”, completou a assessora da Justiça Federal.


Antes dela, o diretor de Comunicação do Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região (TRT), Hugo Cardim, apresentou o case “O Recado de Lauro”. E, logo após a apresentação da assessora da Justiça Federal, outro profissional da comunicação, Brazil Nunes, do Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO), falou aos participantes sobre “Ações de Comunicação do Projeto Eleitor do Futuro” pela Justiça Eleitoral neste ano de 2022, um case que se mostrou de sucesso em seu resultado. Após a apresentação do assessor do TRE-GO, foi a vez do representante da Defensoria Pública da Bahia, Lucas Fernandes, falar do projeto “Podcast Levante 129”.

O dia da eleição


Combater a desinformação foi o mote do projeto “TSE e Checadores: O dia da Eleição”, apresentado pela secretária de comunicação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Giselly Siqueira. A iniciativa começou a ser pensada em 2016, com as eleições norte-americanas e o volume de informações equivocadas acerca do pleito que elegeu o então presidente Donald Trump.

Para o contexto brasileiro, Giselly Siqueira explicou que o projeto-piloto começou a ser desenvolvido durante as eleições suplementares, no ano passado, em dois municípios fluminenses. O objetivo foi aproximar jornalistas, agências de checagem e a população, para mostrar o funcionamento da urna eletrônica e o sistema brasileiro de votação.

Diretora de Comunicação do Tribunal Regional do Trabalho da 18ª região, Lídia Nercessian, apresentou a campanha bem-sucedida da utilização da fachada para colocação de campanhas com mensagens de inclusão e solidariedade. Em seguida, Bianca Felippsen, diretora de comunicação da Defensoria Pública do Ceará apresentou o Projeto Transforma, que consiste no mutirão para retificação de nome e gênero de pessoas trans. O órgão convidou pessoas trans e travestis para palestras e participarem ativamente das ações e, segundo a diretora, “foi uma forma de conceder lugar de fala, e não apenas beneficiar a população atendida”.



Com linguagem jovem, o Ministério Público do Estado de Goiás desenvolveu a campanha “Tá ligado? Então desliga!”, em alusão aos cigarros eletrônicos, disseminados entre o público adolescente. A apresentação ficou a cargo do diretor de comunicação do órgão, Pedro Palazzo. Foram desenvolvidas peças publicitárias, com um personagem fictício – um youtuber de um canal gamer – que alerta sobre os perigos de utilizar o vaporizador. “Vamos atuar também em outras frentes, para abordar saúde, educação e legislação, a fim de unir escolas e pais”, explicou.

Animações 3 D

O diretor de Comunicação Social do Tribunal Regional do Trabalho – TRT-8 (Pará e Amapá), Edney Martins, falou sobre “ Direitos Animados”, uma série de animações 3D de 30 segundos elaborada para veiculação na internet e em TVs e cinemas nos Estados do Pará e Amapá.



Desenvolvida com recursos oriundos do Programa Trabalho Seguro e do TRT-8, por meio de sua Assessoria de Comunicação Social, foram criados vídeos dando vida ao mascote da JT8, conhecido como "Oitavinho", que, junto com a sua turma, formada pela "Tia Bel" , Mariazinha e a nova personagem Mira, falam sobre a atuação da Justiça do Trabalho, o trabalho infantil, a importância de equipamentos de segurança e sobre o aplicativo SimVida, criado para identificar situações de vulnerabilidade da segurança nos ambientes de trabalho.

“Os vídeos foram uma forma de chamar a atenção para a gravidade vivida pela cadeia do açai nesta região. É assustador o número de acidentes causados na extração da fruta, incluindo crianças, que sofrem mutilações com essa prática. E utilizamos uma linguagem simples, justamente para alcançar as pessoas que vivem essa realidade”, destacou.


A diretora de Comunicação Social do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), Adriana Arend e o diretor de Marketing do TJRS, Fábio Berti, abordaram sobre o Prêmio Themis de Jornalismo, que tem o objetivo de reconhecer e premiar produções jornalísticas que destaquem as boas práticas do Poder Judiciário gaúcho no que se refere às atividades jurisdicionais e às ações de gestão que visam a qualificar a prestação de serviços à sociedade. “O grande ganho que esse prêmio trouxe foi que conseguimos estimular pautas positivas sobre o Poder Judiciário, que são tão importantes para a sociedade e também fortalecemos a imagem institucional”, frisou Fábio Berti.

Já o secretário de Comunicação do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), Marden Machado, apresentou o projeto Cidadania Plena, que procura facilitar o voto às pessoas que se encontram em instituições de longa permanência ou em hospitais. “As pessoas com mais de 70 anos estavam à margem e longe da cidadania e eles representam cerca de 8% do eleitorado paranaense. Com a implantação do projeto, agora têm a possibilidade de votar no local onde se encontram, exercendo o pleno direito de cidadão”.

Não se cale


A  diretora de Comunicação Social do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP), Rosângela Sanches, discorreu sobre o Projeto Não se Cale, que iniciou em maio de 2020, com o intuito de reforçar o combate à violência contra crianças e adolescentes e  incentivar a denúncia e orientar como ela pode ser realizada.



"Esse projeto foi idealizado pela juíza do TJSP, Ana Carolina Della Latta Camargo Belmudes, responsável pelo Setor de Atendimento de Crimes da Violência contra Infante, Idoso, Pessoa com Deficiência e Vítima de Tráfico Interno de Pessoas. No início da pandemia, ela percebeu a diminuição de cerca de 40% na distribuição de processos de estupro contra crianças e adolescentes. A princípio, essa informação poderia ter sido motivo de comemoração, no entanto, o que ocorreu é que os casos continuaram ocorrendo, mas muitos não estavam sendo notificados. Quando essa informação chegou para nós da Comunicação, começamos a trabalhar uma forma de divulgação porque as crianças estavam afastadas da escola e juntas dos seus agressores, que, geralmente, são os familiares e pessoas próximas delas. Agora, com o retorno presencial, estamos na fase de depoimentos especiais, habilitando os locais e ensinando como fazer para que essas crianças e adolescentes tenham acolhimento na hora do depoimento", explicou.

Segundo Rosângela Sanches, graças a sensibilidade dessa magistrada, o projeto tem sido bem sucedido. "Muitos trabalhos de comunicação fracassam por não ter uma base sólida. Esse não. Nasceu com uma pessoa que queria muito que desse certo. Com essa base formada, a Comunicação conduz a melhor forma de passar essa informação para o público e trazer a imprensa para ajudar a divulgar esse material", pontua.

 



O workshop foi encerrado com a experiência de Reposicionamento do Instagram da Defensoria Pública do Estado de Goiás (DPE-GO) para alcançar um público que não fosse apenas do Sistema de Justiça. A diretora de Comunicação Social da DPE-GO, Tatiane Pimentel, afirmou que foram implementadas estratégias para alcançar pessoas que geralmente não acessavam as redes da Defensoria, como estudantes, donas de casa. “Focamos nas histórias dos assistidos e assistidas, mostrando o impacto que o trabalho realizado pela Defensoria causa na vida das pessoas. Passamos a interagir mais, utilizar memes, comentários, likes, marcações e as pessoas sentiram essa devolutiva e isso surtiu num resultado excelente”, garantiu. Veja galeria de fotos
(Texto: Acaray Martins, Lilian Cury e Karinthia Wanderley/ Fotos: Wagner Soares- Centro de Comunicação Social do TJGO)

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