“A cultura não é luxo. É direito”. Com essas palavras, o juiz auxiliar da Corregedoria do Tribunal de Justiça de São Paulo, Iberê de Castro Dias, idealizador do projeto ApadrinhArte, abriu nesta quinta-feira (13), o 2º Workshop Cases de Comunicação do Sistema de Justiça, iniciativa do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO), com o apoio da Escola Judicial do TJGO (Ejug). O evento prossegue até esta sexta-feira (14) no TJGO, com a apresentação de práticas de comunicação realizadas por diferentes instituições do país, com foco em direitos humanos e aprimoramento da imagem do Sistema de Justiça.

Representando o chefe do Poder Judiciário goiano, desembargador Carlos França, a juíza auxiliar da Presidência, Sirlei Martins da Costa, deu boas-vindas aos participantes. "Aproveitem ao máximo esse encontro e a capital goiana. Temos certeza que a troca de experiências será enriquecedora e motivará a todos a desenvolverem projetos inspiradores, como o ApadrinhArte, que é tão bem conduzido pelo juiz Iberê de Castro Dias”.

Ao abrir o encontro, o presidente do Fórum Nacional de Comunicação e Justiça (FNCJ) e diretor do Centro de Comunicação Social do TJGO, Luciano Augusto Souza Andrade, destacou a importância do trabalho desenvolvido pelo juiz Iberê de Castro. “Quando pensamos na realização deste workshop, nos lembramos de Iberê por admirar outro projeto idealizado por ele, o Adote um “Boa Noite” – Adoção Nunca é Tardia. E agora, com o ApadrinhArte, que é fantástico. São muitos projetos na área de infância que são inspiradores para todo o país”, pontuou.

Luciano Andrade ressaltou ainda o quanto o apoio administrativo de um órgão é essencial para o desenvolvimento de projetos na área de comunicação. “A visão de Assessoria de Imprensa ainda é equivocada. Muitos pensam que é um departamento que faz matéria ou atende a imprensa. Mas é muito além disso. Aqui, no TJGO, por exemplo, desenvolvemos uma série de projetos, na área de cultura, direitos humanos, inclusão, e temos contado com total apoio da Presidência em todas as iniciativas. Temos avançado muito e vamos avançar ainda mais, graças e esse incentivo”, garante, ao acrescentar que é importante que toda a equipe de comunicação se envolva desde o início de cada projeto criado para o sucesso de cada ação realizada.


Arte e Cultura: garantias constitucionais

Ao apresentar o projeto, Iberê de Castro enfatizou que a arte e a cultura são garantias asseguradas pela Constituição Federal e está prevista também no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), mas que infelizmente, no país, está atrelada a elites. O idealizador do ApadrinhArte explica alguns dos motivos que dificultam o acesso. “Há barreiras geográficas até num mesmo município. Os equipamentos culturais não estão disponíveis em todos os bairros, mas nos mais nobres; há barreiras financeiras. Os preços de eventos culturais, cinemas, museus e shows não estão acessíveis para os mais pobres, além de barreiras educacionais e até barreiras raciais”, pontua o magistrado.
 
Foi pensando nesses entraves que o juiz idealizou o ApadrinhArte. Lançado em abril deste ano, o projeto tem como foco oferecer aos mais de oito mil jovens acolhidos no Estado de São Paulo, oportunidades para frequentar eventos culturais, como cinemas, teatros, museus e shows, além de bolsas em cursos de teatro, música, dança e pintura. A ideia central é fomentar a inserção de crianças e adolescentes residentes em casas de acolhimento e internados em unidades da Fundação Casa, em espaços de elaboração e propagação de arte e cultura.

“Crianças que têm contato com atividades culturais e artísticas conseguem um desenvolvimento cognitivo mais completo, além de melhorar a expressão corporal, a linguagem, sabe receber afetos e externar os seus sentimentos. E é isso que queremos estimular. A cultura como direito, e não como favor ou quebra-galho”, enfatiza.

Iberê de Castro afirma que as pessoas físicas e jurídicas interessadas em participar do projeto podem oferecer ingressos, meios de transporte e alimentação necessários para que crianças e adolescentes de determinada cidade ou região de grandes cidades, frequentem ambientes artísticos. Outra opção é oferecer cursos voltados ao ensino das artes, de modo que sejam não apenas espectadores, mas os próprios agentes da produção artística, se assim desejarem.

Troca de conhecimentos

A coordenadora de Jornalismo da UNIP, Jordânia Bispo, levou alguns alunos do curso para participarem do workshop e garantiu que a experiência engrandece o aprendizado dos acadêmicos. “Nós sempre falamos que a universidade é um espaço de aprendizado rico, mas precisa dialogar com o que acontece fora da sala de aula. Eventos como este, que encontramos profissionais experientes e que estão disponíveis para compartilhar experiências exitosas, é muito válido para os estudantes”.

A estudante Sara Tavares, de 22 anos, que está no 7º período, confirmou o que a professora Jordânia disse. “É muito boa essa troca de conhecimentos. Aprendemos mais sobre que projetos podemos desenvolver em nossa área e dá mais motivação para atuar na profissão”, argumentou.

 Presenças

Também participaram da abertura do 2º Workshop Cases de Comunicação do Sistema de Justiça, a presidente eleita do Fórum Nacional de Comunicação e Justiça (FNCJ), Débora Diniz, que fez uma homenagem ao juiz Iberê de Castro Dias e a secretária-geral da presidência, Dahyenne Mara.

Programação

 Nesta sexta-feira (14), serão apresentadas 16 práticas de comunicação realizadas por diferentes instituições, entre elas, TJGO, Ministério Público do Estado de Alagoas, Defensorias Públicas de Goiás, do Rio de Janeiro, da Bahia, do Ceará; TRT – 7ª Região do Ceará; TRE de Goiás; TSE, Ministério Público de Goiás, TRT8 (Pará e Amapá), Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul; TRE do Paraná; Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Alguns desses cases foram reconhecidos com premiações nacionais. Além das apresentações, haverá momentos de debate e troca de ideias entre os participantes e os palestrantes. (Texto: Karinthia Wanderley/ Fotos: Wagner Soares)