O vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha está sendo julgado nesta quarta-feira (20) pelo homicídio de Bárbara Luíza Ribeiro Costa, ocorrido em 18 de janeiro de 2014, no Setor Lorena Park, na Região Sudoeste da capital. Este é o sexto júri popular a que o acusado é submetido. Ele já foi condenado em cinco outros júris e por dois outros crimes. Juntas, as penas somam 117 anos de reclusão. A sessão é presidida pelo juiz Eduardo Pio Mascarenhas da Silva, no 1º Tribunal do Júri de Goiânia.

Antes de iniciar o julgamento, o promotor de Justiça Maurício Gonçalves de Camargos afirmou à imprensa que acredita na condenação do réu nos termos da denúncia. "Foi o mesmo modo de agir dos demais homicídios, com brutalidade e frieza. Além disso, há a confissão e o exame de balística que comprovam a autoria", afirmou.

Para a defesa, contudo, o réu não tinha consciência de seus atos quando cometeu a série de homicídios. "Minha tese é pela a imputabilidade ou semi-imputabilidade do acusado. A psicopatia é uma disfunção cerebral e é necessário, para diagnóstico, muito mais do que um simples laudo psicológico. Embora ele tenha consciência das atitudes, uma ressonância magnética poderia mostrar que há problemas no cérebro de Tiago, como no lóbulo frontal. Na dúvida, é preciso absolvê-lo", acredita o advogado de defesa Hérick de Souza".

Consta dos autos que Bárbara estava sentada num banco de uma praça, no bairro em que morava, quando foi alvejada com um tiro no peito, por um homem que passava de motocicleta. O modus operandi se assemelha aos demais homicídios em que Tiago é apontado como autor, conforme relata o representante do órgão ministerial. O vigilante é indicado como suspeito de ser o autor de pelo menos 36 mortes, sendo que, para a maior parte dos casos, já houve decisão de pronúncia, isto é, de julgamento pelo júri popular.

Tiago Henrique nega ser psicopata 

Apesar de a defesa de Tiago Henrique pleitear a imputabilidade ou semi-imputabilidade do réu, mediante os crimes de homicídio, o acusado negou sofrer qualquer transtorno ou desordem mental. A afirmação foi dada durante o julgamento pela morte de Bárbara Luíza Ribeiro Costa, após o advogado do réu, Hérick Souza, exibir vídeos que discorriam sobre os traços inerentes de indivíduos psicopatas.

Presidente do 1º Tribunal do Júri de Goiânia, o juiz Eduardo Pio Mascarenhas pediu para o réu se pronunciar após a apresentação das reportagens. "Não sou nada disso que foi mostrado aí não", falou o vigilante que, em seguida, permaneceu em silêncio.

No primeiro vídeo, uma reportagem apresentou estudiosos americanos explanando sobre a fisiologia do cérebro de Adam Lanza, acusado de matar 26 pessoas, incluindo 20 crianças e a própria mãe, em 2012, numa escola primária no Estado norte-americano de Connecticut. Segundo os neurocientistas, há grande diferenças cerebrais entre um psicopata e uma pessoa normal, uma vez que os indivíduos que sofrem do transtorno apresentam anomalias no córtex límbico e no córtex orbital. 

Em seguida, foram mostradas duas entrevistas com psiquiatras brasileiras, Patricia Magalhães e Ana Beatriz Barbosa, que se destacam por estudar o assunto. Mas reportagens, as médicas falaram que a psicopatia é uma desordem cerebral que não tem tratamento, acometendo 4% da população mundial, na proporção de três homens para uma mulher.

Segundo o advogado do réu, Hérick de Souza, Tiago Henrique não tinha plena consciência de seus atos nas ocasiões em que teria praticado os crimes. "A psicopatia é uma disfunção cerebral e é necessário, para diagnóstico correto, uma série de exames que não foram feitos, como ressonância magnética. Essas avaliações poderiam mostrar que há problemas no cérebro de Tiago, em especial no lóbulo frontal e nos córtex". 

Na abertura dos debates, o promotor de Justiça Maurício Camargo ironicamente agradeceu a defesa por exibir os vídeos. "As reportagens mostraram, justamente, que estamos diante de um psicopata nato, que matou mais de 30 pessoas friamente".

Os vídeos foram mostrados antes da fala da promotoria, a pedido do representante do órgão ministerial. "Fui surpreendido com a notícia de que esse material seria apresentado. Contudo, como não tenho hábito de pedir adiamento da sessão, apenas solicitei para que fossem mostrados em momento anterior, para que tomasse conhecimento do conteúdo. Se tivesse a opção de vê-los antes, também, assim como a defesa, teria pedido para exibí-los, porque confiram a minha tese de que Tiago Henrique deve ser preso", ironizou Maurício Camargo.

Ainda durante acusação, o promotor de Justiça destacou que houve laudo da junta médica do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO), atestando a psicopatia de Tiago Henrique. "Segundo diagnóstico, o réu é uma pessoa que pode ser responsabilizada pelos atos que praticou, pois tinha total consciência de seus atos nas circunstâncias do crime". (Texto: Lilian Cury / Fotos: Hernany César - Centro de Comunicação Social do TJGO)

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