Pelo menos 313 pessoas que foram autuadas dirigindo sob influência de álcool ou drogas ilícitas já participaram do ciclo de práticas restaurativas sobre crimes de trânsito na comarca de Goiânia. O projeto, que completou um ano neste mês de abril, faz parte do Programa Justiça Terapêutica do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) e é exigência imposta aos acusados após audiência em juízo.

A iniciativa surgiu a partir da alta demanda de pessoas que chegavam ao Judiciário por dirigirem após ingestão de bebida alcoólica (autuadas, principalmente, no artigo 306 do Código de Trânsito Brasileiro). Como a equipe da Justiça Terapêutica já atua, desde sua implantação, pautada em princípios de Justiça Restaurativa no contexto de usuários e dependentes de álcool e drogas, a 12ª Vara Criminal da comarca de Goiânia solicitou atenção específica a esse tipo de público.

Por essa razão, foram criadas as Oficinas de Trânsito uma Prática Circular com base em fundamentos da Justiça Restaurativa voltadas para a reflexão daqueles que dirigiam sob efeito de álcool.

A psicóloga e coordenadora técnica do Justiça Terapêutica, Thaíssa Moiana, citou o Programa Justiça Para o Século 21, do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, assinalando que “práticas circulares não se destinam a apontar culpados ou vítimas, nem a buscar o perdão e a reconciliação, mas a percepção de que nossas ações nos afetam e afetam aos outros, e que somos responsáveis por seus efeitos".

Um dos participantes do projeto que não quis se identificar argumentou que as reuniões o ajudaram a pensar sobre as suas responsabilidades e o seu papel diante da sociedade. “Esse grupo foi a melhor coisa que me aconteceu em todo esse processo que estou respondendo”, assegurou. Thaíssa salientou ainda que, “apesar da resistência inicial, os motoristas se envolvem na proposta do projeto e contribuem ativamente para o processo de reflexão e realização das práticas que são discutidas”.

A psicóloga ressaltou ainda que, ao final de cada oficina, a equipe estimula os participantes a compartilharem palavras que resumem aquele momento que eles acabaram de vivenciar. “As mais comuns que surgem nos depoimentos das pessoas são reflexão, responsabilidade, aprendizado e consciência”, finalizou a coordenadora. (Fonte: Centro de Comunicação Social do TJGO)

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