O juiz Jesseir Coelho de Alcântara (foto), da 1ª Vara Criminal de Goiânia, mandou a júri popular o vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha, no processo que apura o homicídio de Wesley Alves Guimarães. Ele foi pronunciado por homicídio com duas qualificadoras – motivo fútil e com emprego de recurso que impossibilitou a defesa da vítima. O morador de rua Wesley Guimarães foi assassinado por volta da 1h30 do dia 9 de fevereiro de 2013, sob a marquise de um estabelecimento comercial na Avenida C-4, no Jardim América, com um tiro na cabeça.

É a 23ª vez que Tiago Henrique, suspeito de ser serial killer, é mandado a júri popular – 22 pronúncias pela 1ª Vara Criminal de Goiânia e 1 pela 2ª Vara Criminal de Goiânia. Somente na 1ª Vara Criminal da capital, ele responde a 32 ações de homicídio – apenas 1 foi arquivada. O vigilante já foi condenado a 3 anos de reclusão em regime aberto por porte ilegal de arma, na 8ª Vara Criminal de Goiânia, e a 12 anos e 4 meses de prisão por dois assaltos a uma mesma agência lotérica, na 10ª Vara Criminal de Goiânia. Ele também responde a ações criminais na 2ª Vara Criminal de Goiânia e na 4ª Vara Criminal de Aparecida de Goiânia.

Tiago Henrique foi preso no dia 14 de outubro de 2014, durante força-tarefa realizada pela Polícia Civil, para apurar assassinatos em série. O Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO) ofereceu denúncia, recebida no dia 22 de maio de 2015, em que pugnou pela decretação da prisão preventiva do denunciado. A defesa do vigilante preferiu não se manifestar. Foi realizada audiência de instrução preliminar no dia 27 de julho, com cinco testemunhas sendo ouvidas. Na ocasião, Tiago Henrique usou o direito constitucional de manter-se em silêncio.

Nas alegações finais, o MPGO pugnou pela pronúncia de Tiago Henrique, com base nas provas colhidas, que comprovam a materialidade delitiva e a autoria, bem como das qualificadoras. Já a defesa alegou que não existem provas que possam atribuir-lhe a autoria do delito e requereu a impronúncia, por inexistência de indícios suficientes de autoria ou de participação, assim como as qualificadoras.

Ao decidir-se pela pronúncia, Jesseir de Alcântara afirmou que a materialidade do crime estava comprovada pelos laudos de Exame Cadavérico e Pericial de Local de Morte Violenta. Segundo o magistrado, os indícios de autoria estão presentes na confissão feita à Polícia Civil, na qual assumiu ter sido a pessoa que atirou na vítima. Durante audiência de instrução preliminar, os depoimentos dos agentes policiais que participaram da investigação do crime também apontam os indícios de autoria para Tiago Henrique.

O exame de microconfronto balístico deu negativo para a arma apreendida na casa do vigilante, mas deu positivo para o revólver utilizado em outro crime, no qual ele é apontado como suspeito. “O conjunto probatório juntado aos presentes autos traz indícios de autoria contra o acusado”, escreveu Jesseir de Alcântara na decisão de pronúncia.

De acordo com o titular da 1ª Vara Criminal de Goiânia, não foram acolhidos os pedidos da defesa de impronúncia nem de retirada das qualificadoras. No caso do motivo fútil, o acusado declara ser motivado por um sentimento de raiva que lhe acometia e que matava com o objetivo de livrar-se da revia e alcançar a euforia que sentia após cometer o crime.

“Assim, não podemos dizer que não houve motivação para o cometimento dos delitos”, afirmou o magistrado. Como relação ao recurso que impossibilitou a defesa da vítima, Jesseir de Alcântara disse que a vítima foi atacada de inopino, estando impossibilitada de defender-se.

“Verifico, por meio das provas coligidas aos autos, a presença dos requisitos necessários para a prolação da decisão intermediária de pronúncia, uma vez que a materialidade se encontra demonstrada e que existem indícios de autoria que recaem sobre o denunciado”, afirmou Jesseir de Alcântara. O juiz lembrou também o temor vivido pela sociedade goiana pela série de homicídios praticados sem motivação e por um motociclista que agia de forma cautelosa, atingindo as vítimas com disparos certeiros e evadindo-se do local do crime sem deixar vestígios. (Texto: João Carlos de Faria/Foto: Aline Caetano – Centro de Comunicação Social)

Casos envolvendo Tiago Henrique em que já há decisão de pronúncia
Ana Lídia Gomes – O crime ocorreu no dia 2 de agosto de 2014, no Setor Cidade Jardim. A vítima aguardava transporte em um ponto de ônibus quando foi atingida por um tiro no peito, disparado por um homem em uma moto preta. Decisão de pronúncia proferida pelo juiz Eduardo Pio Mascarenhas, da 1ª Vara Criminal de Goiânia. Encontra-se em grau de recurso.

Juliana Neubia Dias – O crime ocorreu no dia 26 de julho de 2014, no Setor Oeste. A vítima, de 22 anos, que trabalhava como auxiliar administrativa foi morta na avenida D, no Setor Oeste, com um tiro no pescoço e outro no tórax, dentro co carro do namorado, um Fiat Palio, quando pararam no semáforo. O assassino estava parado em uma moto, usando capacete, e aproximou-se do veículo e atirou contra ela. A audiência foi realizada no dia 25 de março, pelo juiz Eduardo Pio Mascarenhas. Decisão de pronúncia proferida pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara, da 1ª Vara Criminal de Goiânia.

Lilian Sissi Mesquita e Silva – O crime ocorreu no dia 3 de fevereiro de 2014, na Cidade Jardim. A vítima foi assassinada com um tiro de revólver calibre 38 no peito quando buscava os filhos na escola. A audiência foi realizada no dia 25 de março, pelo juiz Eduardo Pio Mascarenhas. Decisão de pronúncia proferida pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara, da 1ª Vara Criminal de Goiânia.

Bárbara Luíza Ribeiro Costa – O crime ocorreu no dia 18 de janeiro de 2014, no Setor Lorena Park. A vítima estava sentada no banco de uma praça esperando pela avó quando um homem em uma motocicleta atirou no peito dela. Decisão de pronúncia proferida pelo juiz Eduardo Pio Mascarenhas, da 1ª Vara Criminal de Goiânia. Encontra-se em grau de recurso.

Wanessa Oliveira Felipe – O crime ocorreu no dia 23 de abril de 2014, dentro de uma farmácia no Bairro Goiá, em Goiânia. A vítima entrava na farmácia quando um homem usando capacete se aproximou dela e disparou um tiro em seu tórax. A audiência foi realizada no dia 5 de março de 2015. Decisão de pronúncia da 2ª Vara Criminal de Goiânia, proferida pelo juiz Antônio Fernandes de Oliveira. O processo foi deslocado para a 1ª Vara Criminal de Goiânia. Atualmente encontra-se em grau de recurso (recurso de sentido estrito).

Carla Barbosa de Araújo – O crime ocorreu no dia 23 de maio de 2014, no Setor Sudoeste, em Goiânia. A vítima, de 15 anos de idade, andava por uma rua do bairro, na companhia da irmã, quando foi abordada por um suposto assaltante, em uma moto preta, que pediu o telefone celular. Como ela estava sem aparelho, foi atingida com um tiro no peito. Decisão de pronúncia da 2ª Vara Criminal de Goiânia, proferida pelo juiz Lourival Machado da Costa. Atualmente encontra-se em grau de recurso (recurso de sentido estrito), distribuído para o gabinete do desembargador José Paganucci Júnior.

Ana Karla Lemes da Silva – O crime ocorreu em 15 de dezembro de 2013, no Jardim Planalto. Ana Karla, de 15 anos, foi morta com um tiro no peito. A audiência foi realizada no dia 25 de março, pelo juiz Eduardo Pio Mascarenhas. Decisão de pronúncia proferida pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara, da 1ª Vara Criminal de Goiânia.

Isadora Aparecida Cândida – O crime ocorreu no dia 1º de junho de 2013, no Setor São José. Isadora levou um tiro no peito disparado por um homem usando capacete e em uma motocicleta preta, que aproximou-se dela e anunciou um assalto. O aparelho celular que ela entregaria ao suposto assaltante caiu no chão e o homem a agarrou pelo braço e atirou nas costas dela. A jovem estava com o namorado. A audiência foi realizada no dia 25 de março, pelo juiz Eduardo Pio Mascarenhas. Decisão de pronúncia  proferida pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara, da 1ª Vara Criminal de Goiânia.

Thamara da Conceição Silva – O crime ocorreu no dia 15 de junho de 2014, na esquina da Rua 3 com a Alameda Botafogo, no Centro. A vítima levou um tiro no peito, disparado por um motociclista. Ela estava sentada no banco de uma praça no local, ao lado do namorado, quando foi assassinada. A mulher estava grávida de cinco meses e o feto também morreu. A audiência foi realizada no dia 26 de março de 2015. Decisão de pronúncia proferida pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara, no dia 21 de maio de 2015.

Taynara Rodrigues da Cruz – O crime ocorreu no dia 15 de junho de 2014, no Bairro Goiá. Ela conversava com uma amiga na praça, que fica na diante da escola na qual ela estudava, quando o suspeito chegou em sua motocicleta e atirou. Ainda segundo a investigação, o suspeito mandou a outra garota correr para também não ser baleada. Decisão de pronúncia proferida pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara, no dia 2 de junho de 2015.

Arlete dos Anjos Carvalho – O crime ocorreu no dia 28 de janeiro de 2014, no Bairro Goiá. A vítima caminhava pela Rua Potengui, falando ao celular, quando foi abordada pelo assassino, que anunciou assalto. Antes que ela pudesse esboçar qualquer reação, o homem, que estava em uma motocicleta vermelha, atirou no peito da jovem e fugiu em seguida. Decisão de pronúncia proferida pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara, no dia 27 de maio de 2015.

Pedro Henrique de Paula Souza – O crime ocorreu no dia 20 de junho de 2014, na esquina da Avenida T-2 com Rua C-52, no Setor Sol Nascente, em Goiânia. O estudante estava sentado na mesa de um restaurante quando um homem parou a motocicleta, desceu, caminhou na direção do rapaz e, sem dizer uma palavra, efetuou o disparo e fugiu. Decisão de pronúncia proferida pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara, no dia 3 de junho de 2015.

Ana Rita de Lima – O crime ocorreu no dia 13 de dezembro de 2013, na Vila Santa Tereza, na capital. A jovem caminhava sozinha pela rua quando foi abordada por um homem em uma moto preta. Ele anunciou um assalto, mas atirou na vítima antes que ela manifestasse qualquer reação. DEcisão de pronúncia proferida pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara, no dia 8 de junho de 2015.

Bruna Gleycielle de Sousa Gonçalves – O crime ocorreu no dia 8 de maio de 2014, por volta das 22h30, em um ponto de ônibus na Avenida T-9. A jovem aguardava o ônibus ao lado de um colega de trabalho, quando um homem parou a moto sobre a calçada e anunciou um assalto. Antes que ela lhe entregasse o aparelho, o homem deu um tiro na vítima. Decisão de pronúncia proferida pela juiz Jesseir Coelho de Alcântara, no dia 9 de junho de 2015.

Beatriz Cristina Oliveira Moura – O crime ocorreu no dia 19 de janeiro de 2014, na Rua C-181, no Setor Nova Suíça. A vítima dirigia-se a uma panificadora da região quando foi abordada por um homem em uma motocicleta. Ele simulou um assalto e antes que a vítima tivesse qualquer reação levou um tiro no peito, morrendo no local. Decisão de pronúncia proferida pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara, no dia 10 de junho de 2015.

Adailton dos Santos Farias – O crime ocorreu no dia 31 de julho de 2014, na Rua Anchieta, no Setor Rodoviário, A vítima saiu de casa e encontrou-se com uma amiga, com quem teve uma breve conversa. Em seguida, seguiu pela rua, quando foi abordado por um homem em uma motocicleta, que anunciou um assalto e determinou que a vítima colocasse as mãos no chão. Logo depois, o suposto assaltante deu dois tiros na vítima e fugiu. Decisão de pronúncia proferida pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara, no dia 11 de junho de 2015.

Mauro Ferreira Nunes – O crime ocorreu no dia 28 de fevereiro de 2014, na Avenida Neder Meyer, na Vila Canaã, dentro do estabelecimento Eskema Imagens. A vítima estava no estabelecimento quando foi abordado pelo suspeito do crime, que parou sua moto na porta da loja e entrou, anunciando um assalto. Mauro Ferreira não esboçou reação mas foi atingido com um tiro no peito. Decisão de pronúncia proferida pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara, no dia 11 de junho de 2015.

Rosirene Gualberto da Silva – O crime ocorreu por volta das 22h30 do dia 19 de julho de 2014, na Avenida Anhanguera, no Setor dos Funcionários. A vítima estacionava o carro para ir até uma casa de danças quando um homem parou sua moto ao lado do motorista e anunciou um assalto. A vítima se preparava para entregar-lhe as chaves do carro quando levou um tiro no peito. A bala também atingiu o braço da irmã da vítima. Decisão de pronúncia proferida pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara, no dia 16 de junho de 2015.

Janaína Nicácio de Souza – O crime ocorreu por volta das 21h40 do dia 8 de maio de 2014, n o Buteko da Mainha, na Rua C-1, no Jardim América. A vítima estava sentada em uma mesa na companhia de um amigo. Um homem parou sua moto na rua, desceu e caminhou na direção de Janaína Nicácio de Souza e deu-lhe um tiro no peito, cujo projétil atingiu-lhe coração e pulmão. Decisão de pronúncia proferida pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara, no dia 17 de junho de 2015.

Valdivino Luiz Ribeiro – O crime ocorreu no dia 11 de outubro de 2012, na esquina das Ruas 3 e 24, no Centro. A vítima dormina na calçada quando foi atingida por um tiro na cabeça. O projétil atravessou a cabeça de Valdivino e não foi localizado pela perícia técnica. Decisão de pronúncia proferida pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara no dia 20 de julho de 2015.

Aleandro Santos Miranda – O crime ocorreu no dia 20 de novembro de 2011, na guarita da empresa para a qual prestavam serviço de segurança na Avenida Perimetral, na Zona Industrial Pedro Abrão, em Goiânia. A vítima foi morta a facadas. Decisão de pronúncia proferida pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara, no dia 31 de julho de 2015.

Wesley Alves Guimarães – O crime ocorreu no dia 3 de fevereiro de 2013, sob a marquise de uma loja na Avenida C-4, no Jardim América. A vítima foi morta com um tiro na cabeça, enquanto dormia. Decisão de pronúncia proferida pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara, no dia 25 de agosto de 2015.

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