A previsão do juiz Antônio Fernandes de Oliveira, que está presidindo o julgamento dos acusados de tentar matar o estudante Felipe Feitoza, é de que a sessão seja encerrada por volta das 20 horas desta segunda-feira (15). Agora no início da tarde os réus Fabrício Freitas Pacheco, que seria responsável pelo disparo que atingiu o lado direito do cérebro de Felipe, e Júlio César de Araújo, que dirigia o carro em que eles estavam, serão interrogados.
No final da manhã foram ouvidas três testemunhas arroladas pelo Ministério Público (MP) e, também, em defesa de Júlio César Gonçalves Rodrigues de Araújo e Fabrício Freitas Pacheco, acusados de tentativa de homicídio qualificado por motivo torpe e recurso que impossibilitou a defesa da vítima. Os trabalhos foram encerrados às 12h30, com previsão de volta às 13h30.
Ao dizer constantemente que não se recordava dos fatos - mesmo daqueles já confirmados anteriormente em juízo -, a testemunha de defesa Bruno Henrique de Castro, amigo de Fabrício e Júlio César, provocou a indignação dos familiares de Felipe Feitoza, fato que fez com que o juiz pedisse para que o público não se manifestasse.
Ao contrário do que já havia afirmado ao juiz Antônio Fernandes, Bruno disse não se lembrar de ter afirmado que antes de atirar em Felipe Feitoza, Fabrício teria perguntado se ele era do Jardim América. Ele contou ainda que não assistiu a discussão havida momentos antes do crime numa festa entre Júlio César e outros convidados. Disse apenas que ouviu os disparos, que foi Fabrício quem efetuou, mas que não viu o que aconteceu de fato nem se recorda de ter presenciado qualquer conversa sobre o caso porque o som do carro dirigido por Júlio César estava alto.
Felipe Feitoza afirmou que só se recorda de ter saído do shopping, onde viu um filme com o primo, e de se aproximar do ponto de ônibus. Ele relatou que não ouviu os disparos, nem viu quando o carro em que os réus estavam se aproximou. Felipe ficou 23 dias na Unidade de Terapia Intensiva do Instituto Neurológico de Goiânia e mais 15 dias no quarto. Ele teve perda encefálica e até hoje, quatro anos após o crime, depende da família para atividades cotidianas e teve de abandonar a universidade, depois de trancá-la por quatro vezes, em razão da dificuldade de interpretação e raciocínio, sequela do dano cerebral.
O pai de Felipe Feitoza, Nilson Fernandes Feitoza, acredita que a chance de o filho se recuperar totalmente não existe mais, apesar dos progressos que ele continua fazendo. “Ele depende da ajuda da família. Não corre e, dependendo dos alimentos que lhe são oferecidos, não consegue comer sozinho. Além disso, toma anticonvulsivos que o deixam lento”, disse. Nilson Feitoza relatou ainda que, algum tempo depois do ocorrido, foi abordado por um parente de Júlio César, que prestou solidariedade e contou que o rapaz “era problemático e só queria saber de farra e bagunça”.
Relembre o caso
Segundo as investigações do MP, Felipe Feitoza foi atingido por um tiro no lado direito do cérebro, na noite de 12 de julho de 2009, quando caminhava na direção de um ponto de ônibus, no Setor Bueno, próximo a um shopping. De acordo com o inquérito, o tiro foi disparado por Fabrício Pacheco, que estava no banco de carona do carro dirigido por Júlio César.
Além dos acusados, estavam no veículo outros cinco amigos da dupla. Todos vinham de uma casa de festa localizada no Setor Bueno, onde Júlio César já havia se envolvido em uma briga. Conforme o MP, foi por sugestão dele que o grupo saiu pelas ruas do setor em busca de uma gangue com a qual os rapazes já teriam uma rixa antiga. Após o tiro, os acusados fugiram do local.
Felipe estava de férias e aguardando o resultado da segunda fase do vestibular de meio do ano da Universidade Federal de Goiás (UFG). (Texto: Aline Leonardo e Lílian de França – Centro de Comunicação Social do TJGO)