Por iniciativa da diretoria do Foro de Serranópolis, foi iniciada nesta quinta-feira (3), a reforma e ampliação do presídio da cidade, localizada a 372 quilômetros de Goiânia. O trabalho será feito por cinco presos da própria cadeia. Será construído um muro de cinco metros de altura, duas celas femininas, uma outra para os presos do semiaberto e uma cozinha. O presídio, cuja capacidade é para 16 pessoas, conta atualmente com 43 detentos.

A diretora do Foro local, Luciana Vidal, explicou que a ideia surgiu com a ocorrência de um crime ambiental numa fazenda da região, em que árvores estavam sendo retidas ilegalmente. Por iniciativa do juiz Joviano Carneiro Neto, que atuava na comarca, foi feito um acordo com a prefeitura. A madeira apreendida seria destinada ao município, que, em troca, daria os materiais de construção para a obra do presídio.

De acordo com a magistrada, além da oportunidade de reinserção na sociedade, o trabalho dos reeducandos também proporcionou o benefício da remissão da pena. A cada três dias trabalhados na obra, o preso terá a pena é reduzida em um dia. Ela observou ainda que, com a reforma, a prestação jurisdicional será mais ágil. “As presas estão em outra comarca, em Jataí, e se eu tenho de fazer audiência com alguma, eu preciso mandar carta precatória para Jataí e o juiz de lá realiza a audiência. Com as celas aqui, eu terei acesso direto a essas presas”, explicou

O prefeito de Serranópolis, Sidnei Pinheiro, destacou que a iniciativa tem muitas vantagens, como resgatar a autoestima dos presos, que passam a se sentir úteis. “Outro ponto importante é que o presídio deixa de ser visto apenas como um lugar ruim. Lá dentro há pessoas que querem ter novas oportunidades”, afirmou. Segundo ele, a obra era uma necessidade antiga do presídio e, desde que foi criada a comarca, os presos ficam no local sem segurança e estrutura.

Recomeçando
Condenado a 9 anos pelos crimes de homicídio e tráfico, J.C.C é dos cinco presos que trabalham na obra do presídio de Serranópolis. “Representa para mim a volta para a sociedade. Sei que daqui alguns anos vou sair da cadeia e quero ter novas oportunidades”, afirmou. Para ele, além do retorno à sociedade, trabalhar no presídio significa descobrir o valor que a liberdade tem. “É um incentivo para nós. Porque, se a gente não trabalha, demoramos mais a sair daqui. E quando eu sair, só quero ajudar o próximo porque eu já fiz mal a muita gente. Agora sei que posso recomeçar de maneira lícita na vida”, concluiu.

Para a juíza Luciana Vidal, a ação também coloca em discussão a execução penal. “As pessoas percebem que o preso, com restrições, pode participar de alguma forma da vida em sociedade”, diz. A magistrada lembrou que o juiz é um gestor e falou ainda da necessidade em estar em contato direto com os presos. “Eles merecem esse atendimento. Juiz não é aquele que só fica em gabinete. E merecem uma segunda chance”, pontuou a juíza, destacando que o objetivo maior é proporcionar dignidade aos presos. (Texto: Arianne Lopes / Fotos: Aline Caetano – Centro de Comunicação Social do TJGO)

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