“Não sei o que seria de mim sem você. Você é minha filha, minha menina, agora de fato. Eu te amo”. As palavras pronunciadas com dificuldade são do idoso Arlindo Dionízio Rosa, de 75 anos, que, apesar da deficiência visual e auditiva e das limitações físicas, reconheceu a filha Claudiany Fernandes de Jesus, após 46 anos, durante uma das audiências mais emocionantes do Programa Pai Presente, realizada no final da tarde desta quarta-feira, 10. O programa é da Corregedoria-Geral da Justiça de Goiás e tem à frente o desembargador Leandro Crispim.
Por não ter condições de assinar o documento que homologou a paternidade, a digital do idoso foi colhida na hora pela equipe do Pai Presente.
Há um ano Arlindo sofreu um acidente e foi atingido por dois veículos que colidiram e o atingiram quando ele estava em um ponto de ônibus. A fatalidade resultou na deficiência visual, afetou parte da audição e da locomoção. Ele só consegue se deslocar para qualquer lugar com a ajuda de uma cadeira de rodas.
“Somos seis irmãos, mas somente eu cuido dele desde o acidente. Muitas são as dificuldades e não conseguia nem mesmo pegar as fraldas geriátricas na OVG porque não tinha o nome dele nos meus documentos. Estou grata porque tivemos muitos conflitos e hoje eu também o reconheço como meu pai. Essa audiência mudou nossa história para sempre”, emociona-se Claudiany, sem conter as lágrimas.
Longa trajetória
A longa e dolorosa jornada de quase 12 anos para conseguir reconhecer a filha Ainara Galeano Zarate, de 14 anos, só teve fim quando o autônomo Mario Borges de Sousa Júnior, 42, chegou ao Pai Presente. Ele morou e trabalhou no norte da Espanha por muitos anos, onde conheceu a companheira Blanca Isabel Galeano Zarate, 46, que é paraguaia. Depois de alguns anos juntos, eles tiveram Ainara, que nasceu naquele País, mas não foi registrada com o nome de Mario em razão dos trâmites burocráticos.
Contudo, com a doença do pai, em 2003, ele teve que retornar ao Brasil e achou que o reconhecimento da filha seria mais fácil. Bateu em todas as portas, procurou várias instituições, sem êxito. Até que um dia, tomou conhecimento do programa.
“Nosso caso é atípico e agora posso dar segurança à minha filha que tem seus direitos legais garantidos, inclusive o de ir e vir. Tudo foi um processo de amadurecimento e aprendizado e a equipe do programa é maravilhosa. Tivemos um atendimento célere, prestativo e muito gentil”, realçou.
Para a jovem Anaiara, com esse momento surgem novas oportunidades em sua vida, inclusive a de visitar a avó materna no Paraguai.
“Já fomos barrados na fronteira com o Paraguai porque eu não tinha o documento com o nome do meu pai. Minha mãe vai para lá todos os anos para visitar minha avó, mas eu estou sem vê-la há 8 anos. Agora, finalmente, graças a esse projeto esse problema foi resolvido. Estou muito feliz”, comemora.
Audiência presencial
A audiência presencial dos dois casos aconteceu na sala de reuniões da Corregedoria e foi presidida pelo juiz Eduardo Perez Oliveira, coordenador do programa em Goiânia. Comovido, ele enfatizou que é necessário ter um olhar humano para situações delicadas e excepcionais, a exemplo do caso de Arlindo. E frisou que o Pai Presente impacta de forma real a vida das pessoas e auxilia no resgate das relações humanas entre pais e filhos.
“Agradeço a Deus pela oportunidade de contribuir para que este momento tão especial acontecesse. A importância do programa vai muito além do aspecto formal, já que laços familiares são recompostos e situações complexas são regularizadas. O Pai Presente traz dignidade de verdade às pessoas”, acentuou.
A audiência foi acompanhada também pelo juiz Gustavo Assis Garcia, auxiliar da Corregedoria e coordenador geral do programa; Maria Madalena Sousa, gerente administrativa do Pai Presente; Nikaella Araújo e Walkiria Oliveira, integrantes da equipe do programa.
As orientações sobre a documentação foram feitas pelo Cartório Oliveira, de Aparecia de Goiânia, que tem como titular Rodrigo Barbosa Oliveira e Silva.
Resultados positivos
Somente neste quadrimestre de 2024, 1.870 pessoas foram atendidas atendidas pelo Programa Pai Presente com a realização de 319 exames de DNA e 388 reconhecimentos de paternidade com as certidões entregues às partes.
Em 2023, sob a gestão do desembargador Leandro Crispim, na comarca de Goiânia, foram realizados quase 2 mil atendimentos pelo Pai Presente resultando em 198 certidões concluídas.
Desde que foi instituído em 2012, inúmeros reconhecimentos de paternidade de várias localidades do Brasil e também de âmbito internacional (que aconteceram na modalidade online por meio do Pai Presente Total consolidado na pandemia da Covid-19) ocorreram com grande êxito. Deste período até o momento o programa atendeu 67.302 pessoas e concluiu 19.355 reconhecimentos paternos com as certidões entregues às partes.
O Pai Presente está instalado em 100% das comarcas goianas e fornece testes de DNA gratuitamente. Para conhecer melhor o Programa Pai Presente é só acessar o Instagram oficial do TJGO e o Canal do Youtube da Diretoria de Planejamento e Programas da CGJGO por meio do Programa Corregedoria em Foco. Maiores informações podem ser obtidas pelos telefones (62) 3216-2442 e (62) 99145-2237 ou pelo e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.. (Texto: Myrelle Motta - Diretora de Comunicação Social da Corregedoria-Geral da Justiça do Estado de Goiás/Imagens: Wagner Soares - Centro de Comunicação Social do TJGO)