Com a participação de mais de 100 servidores e 7 palestrantes, o primeiro encontro motivacional virtual promovido pela Corregedoria-Geral da Justiça do Estado de Goiás nesta quinta-feira (30), cujo tema foi Inteligência Emocional, Autoestima e Atitude=Servidor Motivado, foi realizado com grande sucesso utilizando a ferramenta webinar (conferência online ou videoconferência, na qual a comunicação é de apenas uma via, ou seja, somente os palestrantes se expressam e as outras pessoas assistem). Com mensagens e dicas inspiradoras, de alento, encorajamento, ânimo e incentivo nos tempos de quarentena devido a pandemia do novo coronavírus (COVID-19) e de trabalho home office, os três juízes auxiliares da Corregedoria, Donizete Martins de Oliveira, Algomiro Carvalho Neto e Aldo Guilherme Saad Sabino de Freitas, bem com profissionais técnicos de várias áreas como psiquiatria, psicologia, fisioterapia, e musicoterapia, deram o tom do ciclo de palestras com abordagem de temáticas diversificadas voltadas para este momento, de grande complexidade e incerteza. 

Ao dar as boas-vindas e proceder a abertura do evento, o juiz Aldo Sabino, saudou os participantes em nome do corregedor-geral da Justiça de Goiás, desembargador Kisleu Dias Maciel Filho, e falou sobre os tempos extremamente difíceis enfrentados por toda a sociedade e pelos próprios servidores do Poder Judiciário, que tem se desdobrado para atender o excesso de demandas surgidas com o teletrabalho durante a pandemia da COVID-19, com alteração em todas as rotinas de vida. A seu ver, esse tipo de encontro é uma maneira alternativa de enfrentar com mais equilíbrio essa situação que pode perdurar ainda por algum tempo. “Cuidar da saúde mental e emocional é fundamental para que possamos lidar melhor com as dificuldades adversas impostas pela pandemia do coronavírus. Sabemos do esforço concentrado dos servidores para atender as demandas neste período e os expressivos índices de produtividade revelam isso. No entanto, a mudança brusca impactou na vida pessoal também e em todo um estilo de vida. Estamos reaprendendo e esse reaprendizado fica mais fácil quando podemos contar com essa ajuda”, acentuou.

A reorganização das rotinas para ajudar na saúde psíquica foi o tema da primeira palestra feita pelo psiquiatra Pedro Antônio Amador Júnior, que atende no Centro de Saúde do TJGO. Na ocasião, ele lembrou que é preciso adaptar as atividades cotidianas dentro do que é possível ser feito, sempre priorizando não só o físico, mas o aspecto mental, emocional e intelectual. “É muito importante saber administrar o tempo destinado ao trabalho e à família. Procurar estabelecer rotinas como horários para as refeições, para uma atividade física, para exercícios de respiração, para as aulas virtuais das crianças e adolescentes, dentre outros”, destacou.

Na opinião do psiquiatra, a tolerância, inclusive consigo mesmo, também precisa ser trabalhada nesse período. “Somos assolados por altas demandas e muitas cobranças. Isso piora a qualidade das relações porque a partir do momento que não nos permitimos errar acabamos sendo intolerantes com as outras pessoas também. Temos que ter calma, equilíbrio, e a certeza de que nem sempre vamos acertar, apesar de todo o esforço empreendido”, acentuou.

Outro ponto observado pelo especialista é o excesso de luz branca a que ficamos expostos nos computadores, celulares e tablets, já que com a pandemia da Covid-19 esse se tornou o único meio de conexão e comunicação com as outras pessoas e com o mundo. “Essa exposição excessiva pode afetar o desenvolvimento neuropsíquico de crianças e adolescentes, por exemplo. Por isso, devemos limitar horários para o seu uso”, recomendou.

Novas rotinas

Já a fisioterapeuta Priscila Camargos Kolayashi, falou na sequência sobre a importância de se levar a ergonomia a sério no home office, organizando um local específico para o trabalho, com luz adequada, ambiente e temperatura agradáveis, além de criar rotinas que se adequem a essa nova realidade. “É preciso organizar a casa para que não haja interrupções na hora do trabalho e criar rotinas voltadas para que a pessoa foque no trabalho como colar uma roupa confortável, mas tirar o pijama e tomar o café da manhã. Até para que o seu cérebro compreenda que vocês está ali, naquele momento, para trabalhar”, frisou.

Para evitar possíveis dores e lesões na coluna causadas por passar muito tempo sentado, nas mesma posição, a fisioterapeuta dá algumas dicas como manter a tela do computador ou do notebook na altura dos olhos, a distâncias do braços, os ombros relaxados e as costas totalmente apoiadas na cadeira quando a pessoas for se sentar. “É importante ter uma cadeira ajustada e regulável e as pernas devem ficar em um ângulo de 90 graus, enquanto os pés precisam receber algum apoio, como um caixa ou um banquinho. Não se deve também trabalhar na cama ou no sofá”, orientou. Outro aspecto considerado por ela como essencial são as pausas que devem ser feitas de hora em hora e os alongamentos a cada cinco minutos de trabalho, incluindo uma leve caminhada pela casa para estimular a circulação sanguínea, flexões nas mãos e nos punhos e respirações mais profundas para relaxar, aliviando, assim, o stress e as tensões. “Os alongamentos na cervical evitam não só problemas na coluna, mas outras doenças que causam muito desconforto como tendinite e burcite”, exemplificou, ao explicar que, sem dor, consequentemente existe um aumento na produtividade do servidor.

Autocuidado: mais empatia consigo mesmo para enfrentar as angústias

Em seguida, a importância do autocuidado para a saúde emocional foi enfatizado pela psicóloga Ana Paula Osório Xavier, integrante da Secretaria Interprofissional Forense da CGJGO. A adoção de pequenas estratégicas para desenvolver o bem-estar intrínseca nas pequenas atitudes do dia a dia foram acentuadas pela profissional que disse ainda ser necessário reconhecer que os sentimentos ruins existem e que todas as pessoas devem se permitir sentir medo, angústia, naturais nesse momento delicado. Contudo, deixa claro que é preciso extrair dessa situação um aprendizado, um ensinamento para vida, olhando para o outro, sem deixar de cuidar de si mesmo.

“O autocuidado está ligado a autoestima, ao autoconhecimento. Só podemos ajudar alguém se nos ajudarmos primeiro. Autocuidado nada tem a ver com egoísmo, mas com um olhar compassivo para si mesmo. Devemos viver um dia de cada vez porque sofrer por um futuro que não temos controle aumenta as chances de adoecimento. É necessário que cada um descubra uma estratégia para lidar com essa situação, seja cuidar das plantas por um tempo ou brincar com os filhos no outro. É preciso ter organização e prazer naquilo que o indivíduo se propor a fazer”, assegurou.

A quarta palestra foi ministrada pela musicoterapeuta Érica Fernandes que abordou a comunicação não violenta/CNV e home office. Ao tocar nesse ponto, a musicoterapeuta apontou dois aspectos importantes: que 90% do nosso sofrimento é causado pelas nossas interpretações e as necessidades universais. “Podemos escolher como passar por este momento. Você pode se sentir privilegiado por ter uma emprego que te proporciona a segurança de ficar em casa neste momento, quando tantos não podem, uma casa, comida, uma família, e ver isso justamente como pequenos milagres. Ou pode fazer o contrário e ficar reclamando, falando sobre o que sente falta. Temos que entender que as nossas necessidades devem ser baseadas agora em novas estratégicas e devemos usar esse momento para ampliar esse leque de possibilidades”, considerou.

O “novo normal”: oportunidade de crescimento pessoal

“O novo normal” foi explanado pelo juiz Algomiro Carvalho que denominou esse momento como uma oportunidade de conhecer situações novas, pois tudo o que é novo causa apreensão e propõe uma alteração no estilo de vida e de comportamento, que, para a maioria das pessoas, não é tarefa simples. Contando um pouco da sua experiência profissional e pessoal, o magistrado relatou que após 20 anos trabalhando na mesma vara em Anápolis acabou aceitando o desafio de vir para Goiânia e integrar as Turmas Recursais, sendo que pouco tempo depois recebeu o convite do corregedor-geral para fazer parte da Corregedoria.

“Foi uma grande reviravolta na minha vida e um desfio enorme porque eu estava acostumado com uma rotina e muita cosia não saiu como planejado, fugiu da minha alçada, pois eu não esperava integrar a Corregedoria-Geral da Justiça, embora esteja muito feliz e honrado hoje de fazer parte do que chamamos de família da Corregedoria, tamanha a integração e sintonia que todos temos uns com os outros. Por isso, essa pandemia está nos ensinando a cada dia e, com certeza, nos tornaremos pessoas melhores. Esse será o nosso novo normal, aprenderemos a ser mais solidários, mais gratos”, evidenciou.

Encerrando o ciclo de palestras, o juiz Donizete Martins realçou a importância de ter o coração agradecido mesmo em meio a tantas dificuldades impostas pelo isolamento social e o afastamento de pessoas queridas. Segundo ele, o tempo é de profunda reflexão interna e, nesse sentido, fez uma citação bíblica conhecida no capítulo 3, versículo 5, de Eclesiastes, compatível com o atual momento: “tudo tem seu tempo determinado e há tempo para todo o propósito debaixo do céu...tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar”.

“Até mesmo os ensinamentos bíblicos nos diz que existe tempo para tudo. Estamos em tempo de afastamento, mas em tudo devemos ser gratos. Quem possui um coração grato tem uma vida rica de significados e ressignificados, consegue lidar melhor com fracassos e frustações, acaba abrindo as portas para a plenitude. Quando nos tornamos agradecidos até por aquilo que não nos é favorável transformamos uma casa em um lar, uma simples refeição em um banquete, a negação em aceitação, um estranho em um amigo. Mesmo nesse momento de dor, cansaço, sofrimento de tantas pessoas é preciso persistir na busca dos sonhos e ver esse momento como uma oportunidade de crescimento, de aperfeiçoamento. Nenhum dever é mais importante que a gratidão”, intensificou.

Nos agradecimentos finais, o secretário-geral da CGJGO, Rui Gama da Silva, um dos grandes idealizadores do encontro, pediu a todos que tenham bom ânimo e não esmoreçam diante das adversidades diante deste momento delicado que, de acordo com ele, será superado com esforço, luta, união, esperança e fé. “Vamos permanecer unidos, seguindo em frente, perseverando, sem permitir que o medo do futuro tome conta de nós. Tendes bom ânimo, como nosso Deus nos ensinou”, sublinhou.

Emoção e união

Em momento muito emocionante, ao final do ciclo de palestras, os servidores, acometidos por um sentimento de profunda gratidão, apareceram na tela e todos puderam se ver (ainda que virtualmente) rezando juntos a oração do Pai Nosso (a mais antiga ensinada por Jesus aos seus discípulos), coordenada pela secretaria interprofissional forense da CGJGO, Nilva Fernandes. A Diretoria de Tecnologia da Informação da CGJGO organizou, durante o evento, os instrumentos necessários para que os servidores pudessem ter essa oportunidade, já que pela webinar somente os palestrantes aparecem, enquanto as outras pessoas assistem.

A decisão pela realização do evento partiu do próprio do corregedor-geral da Justiça do Estado de Goiás, desembargador Kisleu Dias Maciel Filho, que, preocupado e atento ao abalo emocional e psicológico causado nos servidores devido ao momento delicado atual imposto pela propagação da COVID-19 e do trabalho remoto estendido por tempo indeterminado, tomou essa iniciativa para estimular os servidores a cuidarem da saúde mental em meio a essa situação. A ação é inédita e este é o primeiro encontro desta natureza durante o período da quarentena e de regime de teletrabalho adotado pelo Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. Toda a organização e preparação do evento ficou a cargo da Equipe Interprofissional da Corregedoria e contou com o apoio do diretor do Centro Médico do TJGO, dr. Paulo Henrique Fernandes Sardeiro. (Texto: Myrelle Motta - Diretora de Comunicação da Corregedoria-Geral da Justiça do Estado de Goiás/Fotos e trabalho de arte: Hellen Bueno - Diretoria de Planejamento e Programas da CGJGO)

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