Adotar formas práticas, alternativas e inovadoras de educar para a paz no ambiente escolar auxiliando na prevenção e na transformação dos conflitos por meio de metodologias que visem fortalecer as relações interpessoais nas unidades educacionais da rede municipal de Goiânia. Com esse viés, a Corregedoria-Geral da Justiça de Goiás (CGJGO) em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Goiânia (SME) deu início nesta segunda-feira (19) ao Projeto Pilares: Edificando a Cultura de Paz na Escola com os apoios pedagógicos das cinco Coordenadorias Regionais de Educação (CRE) da capital. Desenvolvido pela CGJGO através da Secretaria Interprofissional Forense, o projeto foi idealizado pela juíza Sirlei Martins da Costa (foto), auxiliar da Corregedoria. 

 Durante o encontro foi realizado o Círculo de Construção de Paz: O Despertar do Olhar com representantes das coordenadorias de apoio do Projeto de Mediação de Conflitos da SME e com as equipes das regionais de ensino para apresentação da metodologia que abordou temáticas relativas a habilidades sociais, comunicação não-violenta, promoção do diálogo, compartilhamento e resolução de conflitos, construção de relacionamentos saudáveis, estabelecimento de vínculos, valores ética, resiliência, entre outros. Atuaram como facilitadoras as juízas Sirlei Martins e juíza Maria Socorro de Sousa Afonso da Silva, diretora do Foro de Goiânia.

Experiente nesta seara, a juíza Sirlei Martins (foto), contou um pouco da história do projeto e disse que há cerca de cinco anos já pensava em uma maneira de levar até as escolas ferramentas para a implantação da cultura de paz de forma preventiva e racional. Ela explicou que o Poder Judiciário tem um papel fundamental no que tange à solução alternativa dos conflitos, uma vez que estes deságuam na própria Justiça. “Dentro desse contexto precisamos apresentar alternativas que ajudem a dirimir os conflitos. Especialmente no ambiente escolar eles são de natureza variada e muito elevados. Primeiro pretendemos preparar o pessoal da área educacional para, posteriormente, praticar as reflexões. Nossa finalidade é levar uma proposta de pacificação e de desenvolvimento da comunicação não violenta dentro das escolas preparando os alunos, professores, familiares para que lidem com os conflitos de uma forma diferenciada. Podemos precaver os conflitos iniciais, pois o que queremos evitar é justamente que se transformem em ações judiciais”, salientou. Sobre a prática dos círculos restaurativos, a magistrada é enfática: “Extrapolamos o limite do Judiciário com os círculos e temos uma visão ampla do todo”, evidenciou.


Aproximando o Judiciário da comunidade

Para a juíza Maria Socorro (na foto, de óculos), o projeto também é uma forma de aproximar o Judiciário da comunidade, desmitificando a imagem de que é um poder distante da realidade social. “Vejo a extrema necessidade de trazer o Judiciário para dentro das escolas para que as pessoas nos conheçam por outra vertente. A paz precisa ser construída e reconstruída em todos os lugares e nenhum pode ser melhor do que a escola, considerada nossa segunda casa. Essa interlocução conjunta é uma ferramenta poderosa para amenizar conflitos que atingem diversos níveis de violência. A resposta de uma educação para a paz é a construção de uma sociedade mais justa, compreensiva e humana”, ressaltou.

De acordo com a coordenadora da Comissão de Mediação Educacional e do Projeto de Resolução Criativa de Conflitos no Ambiente Educacional, Clédia Maria Pereira, esse trabalho prevê a positivação dos conflitos quebrando paradigmas e oferecendo instrumentos para administrá-los. “Conflitos são inerentes do ser humano e acabam se tornando violência. No âmbito escolar não é diferente. Através da mediação, por exemplo, podemos ter uma melhor percepção dos profissionais que precisam de ajuda. O projeto com o TJGO é voluntário e pretendemos ampliar as equipes daqui pra frente. Queremos implantar metodologias que auxiliam a comunidade escolar, promover oficinas para desenvolver as habilidades de cada um na construção de valores morais com todos os envolvidos no processo”, pontuou.

Conforme observou Clédia, após o encontro será promovido o curso de formação “Mediação Educacional: Mediar é Educar, Educar é Mediar” com a participação de diretores de escolas e Centros Municipais de Educação Infantil (Cmei). “Após o curso, as unidades educacionais farão a adesão ao projeto e serão utilizados três instrumentos metodológicos: assembleia educacional, círculos reflexivos e mediação entre pares. A avaliação do projeto será contínua, de modo a verificar o cumprimento dos objetivos e a adequação ao planejamento pedagógico, buscando analisar as mudanças de comportamentos e as tipologias dos casos e conflitos na comunidade escolar”, destacou.

Ao fazer uma análise da rede que abrange o âmbito escolar, a superintendente pedagógica da SME, Ampara Ferreira de Barros, realçou que somente em Goiânia existem 363 instituições e aproximadamente 106 mil educadores, todos com perfis completamente diferentes. Por essa razão, frisou a importância da parceria com o Judiciário. “Atualmente temos uma rede muito grande de alunos e servidores. Então, é inevitável que conflitos existam nas escolas com essa diversidade. É justamente na escola que encontramos a resposta da sociedade e que enxergamos com clareza o resultado da fragilidade social. Não só as famílias necessitam de apoio, mas os nossos próprios servidores, que, às vezes, estão carentes de tratamento. A escola é o melhor espaço para discutir os problemas e resolvê-los” ressaltou.

Sobre os círculos de construção de paz

Os processos circulares ou círculos de construção de paz são processos baseados em habilidades de diálogo e de uma comunicação que auxilia na reformulação da forma pela qual o indivíduo se expressa e ouve os outros, inspirando, assim, uma ação compassiva e solidária, mesmo em condições adversas, para a promoção da cultura de paz. O formato de círculo simboliza aos princípios fundamentais da liderança compartilhada: igualdade, conexão e inclusão, e proporciona foco, comprometimento e participação de todos em ambiente seguro e respeitoso. Sua principal filosofia é a de que “todos precisam de ajuda e que, ajudando os outros, estamos, ao mesmo tempo, ajudando a nós mesmos”. (Texto: Myrelle Motta - assessora de imprensa da Corregedoria-Geral da Justiça de Goiás/Fotos: Acaray M. Silva - Centro de Comunicação Social do TJGO) Veja galeria

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