A comarca de Itaguaru recebeu, nesta segunda-feira (6), o Projeto Acelerar - Mutirão Previdenciário. Em um único dia, foram designadas 75 audiências previdenciárias, das quais 23 relacionadas à aposentadoria por idade rural, 14 à Lei Orgânica de Assistência Social (Loas) e aposentadoria por invalidez, 1 de auxílio-acidente, 5 de pensão por morte, 3 aposentadorias por idade, 13 relacionadas a salário-maternidade e 16 de concessões ou restabelecimentos de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez. Amanhã a força-tarefa segue para Itaberaí, na quinta-feira passará por Ipameri e se encerrará em Abadiânia e Alexânia.

Segundo o diretor do Foro de comarca de Itaguaru, Eduardo Tavares dos Reis (foto), o mutirão colabora para manter as ações previdenciárias em dia. Ele lembrou que os processos que estão no evento, são, em sua maioria, ações de 2014. “A população local é eminentemente rural e as pessoas precisam muito desse benefício e está aí a importância do projeto”, destacou, ao citar que a comarca conta com o distrito judiciário de Heitoraí e tramitam mais de 1,5 mil processos, sendo em torno de 350 previdenciários.

Segundo o juiz, o Previdenciário tem suas particularidades. “Por mais que a comarca seja pequena, a demanda na área é grande. Devem entrar de 30 a 40 processos por mês, ou seja, a região é quase toda rural”, explicou.

Para o juiz Jonas Nunes Resende, que está presente no Acelerar Previdenciário desde o início dos trabalhos, a iniciativa se destaca devido ao grande alcance social, além da quantidade de processos que são resolvidos. “Entra recursos no bolso das famílias carentes e no município e isso acaba refletindo no comércio, movimentando assim a cidade”, frisou.

De acordo com o magistrado, a força-tarefa ajuda na resolução dessas ações repetitivas. “É preciso que, com esse esforço conjunto, busquemos alternativas para solucionar esse tipo de demanda. E o projeto é a solução porque ataca um volume maior de ações e desafoga a pauta de processos dos colegas, liberando-os para trabalhar em outros”, finalizou Jonas. 

Jurisdicionados
Vantagens também foram apontadas por Viviane Londres de Souza, ela conseguiu o auxílio-doença depois de quatro anos que sofreu um acidente na empresa em que trabalhava. A sentença foi preferida pelo juiz Jonas Nunes, que antecipou tutela e determinou que o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) implante e passe a pagar o benefício para Viviane. Ela contou que desde o acidente anda com dificuldades e sente muitas dores. Segundo ela, o dinheiro vai ajudar na sua sobrevivência. “Eu ganhava quase dois salários-mínimos e, de repente, passei a viver com 150 reais por mês”, afirmou, ao dizer que vende adesivos de unha. “Meu pé foi parar debaixo da máquina. Se sobrar um pouco do dinheiro vou querer tratar dessa perna”, disse.

Feliz também ficou Aroldo José de Oliveira, de 41 anos, depois que a juíza Alessandra Gontijo do Amaral homologou o acordo para que ele passe a receber o auxílio-doença. Aroldo caiu do caminhão de carvão em que trabalhava e por causa disso teve de passar por duas cirurgias na coluna. “Desde que me aconteceu o acidente eu não ficava tão feliz. Já até pensei em me matar. Minha vida mudou com esse problema na coluna”, afirmou. Morador de Heitoraí, que fica 25 quilômetros de Itaguaru, Aroldo frisou que vive com a ajuda de conhecidos. “Eu não trabalho porque não dou conta. As vezes custo a andar. Minha vida é só assistir TV”, desatou, ao contar que está com depressão. “A coisa que eu mais gostava era de ser independente e com esse problema não posso ser. Com esse dinheiro vou começar o tratamento em Goiânia”, garantiu.

Também passou pelo fórum José Eurípedes da Silva, de 63 anos, que começará a receber um salário-mínimo, no prazo de 60 dias, uma vez que lhe foi concedida aposentadoria rural por idade. “Não sei como agradecer. Ela é um anjo”, falou se referindo a juíza Alessandra. “Vou me organizar e mudar para a cidade. Moro na roça há 40 anos, mas lá tudo é mais difícil, ainda mais para quem tem problema de saúde”, narrou.  “A primeira coisa que vou fazer é tentar arrumar um lugar em Heitoraí”, planejou. (Texto: Arianne Lopes / Fotos: Aline Caetano – Centro de Comunicação Social do TJGO)