Devido à insistência do representante do Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO), bem como dos advogados da assistência de acusação, em ouvir testemunhas arroladas e que não compareceram, o juiz Jesseir Coelho de Alcântara, da 1ª Vara Criminal de Goiânia, suspendeu a continuação da audiência preliminar criminal do processo que apura a morte do garçom Edmar Cavalcante Rebelo Filho, de 20 anos. Cinco testemunhas de acusação foram ouvidas na manhã desta quinta-feira (28). O magistrado deverá marcar, nos próximos dias, a data para continuidade da audiência. Participaram o promotor de Justiça Cyro Terra Peres e os assistentes de acusação Ronaldo David Guimarães e Leonardo Menossi Hisbek. Pela defesa atuou o advogado Arthur Paulino de Oliveira.

Cairo Petrucci de Paiva (foto à direita), de 22 anos, foi denunciado pelo MPGO por homicídio com as qualificadoras de motivo fútil e emprego de recurso que impossibilitou a defesa da vítima. O crime ocorreu na madrugada de 19 de fevereiro deste ano, na Boate Pink Elephant Tour, na Rua 139, no Setor Marista.

A primeira testemunha ouvida foi a mãe da vítima, Lucilete Carvalho Souza Rabelo. Ela afirmou que o filho era um rapaz trabalhador, que ajudava nas despesas domésticas. Disse que Edmar Cavalcante Rebelo Filho não tinha inimizades e mantinha como rotina diária o trabalho e jogos eletrônicos em casa. Segundo ela, foi um dos parentes que estavam com o filho na hora do homicídio que lhe deu a notícia do ocorrido.

Em seguida, Antônio Jackson Oliveira de Souza, que estava com a vítima na boate, disse que não presenciou o crime, pois estava acertando a conta de consumo na boate. Relatou que ouviu algumas pessoas dizerem que Cairo Petrucci de Paiva havia derrubado intencionalmente uma garrafa de cerveja que Edmar e Diayson Viana de Oliveira tomavam, que ocorreu uma rápida discussão e que o denunciado, depois de dirigir-se até o carro em que estavam, voltou e atirou.

Diayson Viana de Oliveira, em seu depoimento, relatou que bebia uma cerveja com Edmar na área destinada a fumantes na boate, quando Cairo de Paiva passou e derrubou a garrafa de bebida. Em seguida, disse ele, houve uma rápida discussão, mas que o denunciado saiu. Neste momento, ele foi em direção ao banheiro, quando ouviu os estampidos dos tiros disparados. “Eu não vi que Edmar havia sido baleado, só percebi isso quando chegamos ao banheiro”, afirmou.

O então chefe da segurança da boate, Marcelo Nascimento Lataliza, contou que Cairo de Paiva e outros dois amigos chegaram ao estabelecimento por volta das 2h20 do dia do crime. Os três não tiveram a entrada permitida, pois já estavam sendo encerradas as atividades. Ele relatou ter visto os momentos em que o denunciado derrubou a garrafa e em que atirou na vítima. Segundo o chefe de segurança, a pistola de Cairo de Paiva falhou no primeiro disparo, mas que ele arrumou a arma e apertou o gatilho outras duas vezes, alvejando a vítima. Disse ainda que já tinha visto o denunciado outras vezes em casas noturnas da capital, até mesmo se envolvendo em confusões.

O segurança Sallatiel Lima Silva confirmou que Cairo de Paiva e outros dois amigos foram barrados na entrada da boate no dia do crime. Disse não ter visto a hora em que o denunciado derrubou a garrafa, mas presenciou a discussão, na qual Edmar não se envolveu. Em seguida, visualizou Cairo de Paiva apontando a arma para a vítima antes de atirar duas vezes.

Um dos proprietários da Boate Pink Elephant Tour também prestou depoimento, mas disse que não presenciou a discussão nem o assassinato. Afirmou apenas que os seguranças contaram ter sido Cairo de Paiva o atirador. Ele contou que prestou assistência à mãe da vítima e que o crime ocorreu do lado de fora do estabelecimento.

Cairo Petrucci de Paiva foi denunciado pelo promotor Maurício Gonçalves de Camargos no dia 3 de maio. Na ocasião, o juiz Jesseir Coelho de Alcântara (foto acima à esquerda) converteu a prisão temporária em preventiva. Ele acatou os argumentos do MPGO, de que o crime abalou a sociedade pela futilidade da motivação e a liberdade do suspeito representa sentimento de insegurança e descrédito. O magistrado determinou também à Delegacia de Investigação de Homicídios a realização de investigação complementar para apurar a participação de duas outras pessoas no homicídio. (Texto: João Carlos de Faria/Fotos: Hernany César – Centro de Comunicação Social)