Começou na manhã desta terça-feira (29) o quarto júri popular do vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha. Ele responde pelo homicídio de Arlete dos Anjos Carvalho, ocorrido no dia 28 de janeiro de 2014. A sessão de julgamento é presidida pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara.

Assim como no julgamento anterior, o réu preferiu por não comparecer ao plenário. Segundo o advogado de defesa, Herick Pereira de Souza, Tiago alegou não se sentir bem diante do assédio da imprensa e da sociedade. "Ele requereu não comparecer, o que é um direito dele. Eu elucidei que poderia ser uma oportunidade para explanar sua versão, mas ele preferiu não vir", afirmou o advogado.

A tese da defesa se baseia na ausência de exame de microbalística, uma vez que o projétil que atingiu a vítima não foi encontrado. "Há, também, incoerências nos depoimentos de Tiago sobre as condições do homicídio", contou Herick de Souza.

Para o magistrado que vai conduzir a sessão, contudo, a pronúncia não se baseou apenas na confissão feita perante autoridade policial. "Para um réu ser submetido a júri popular, há indícios de materialidade e autoria. Compete ao jurados avaliarem as provas somadas".

O crime
Arlete foi assassinada por volta das 20h45 no dia 26 janeiro de 2014, na Rua Potengui, no Bairro Goiá. Segundo a denúncia do Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO), Tiago Henrique conduziu uma motocicleta vermelha pelas ruas do bairro, quando avistou a vítima caminhando sozinha pela calçada, falando ao telefone celular. Ele então se aproximou de Arlete, anunciou um assalto e, antes que ela pudesse esboçar qualquer reação, atirou no peito dela. Em seguida, subiu na moto e fugiu.

Antes de Tiago ser apontado pelo homicídio de Arlete, a Polícia Civil chegou a considerar hipótese de crime passional, cometido pelo ex-namorado da jovem. Para a irmã da vítima, Mariana Fernandes da Costa, no entanto, não há dúvidas de que o crime teve autoria do acusado. "Nunca acreditei que pudesse ter sido ele (ex-namorado). Não houve brigas nem ameaças por parte dele à minha irmã. Quero justiça, não posso suportar a perda", afirmou.

Depoimento

Em depoimento, a delegada Silvana Nunes (foto à direita), que conduziu as investigações do homicídio antes da força tarefa, afirmou que foi feita uma análise profunda do histórico da vítima, a fim de encontrar possíveis motivações para o assassinato. "Não havia motivos para o homicídio. Depois, relacionamos o mesmo modus operandi a vários assassinatos de mulheres em Goiânia, um homem que se aproximou de moto e atirou, sem que a vítima esboçasse reação". Durante interrogatório posterior de Tiago, delegada contou que o acusado revelou conhecer a identidade das vítima apenas por reportagens veiculadas após os fatos. "O homicídio de Arlete, contudo, não teve repercussão a época do fato, e ele não sabia dizer o nome da jovem".

Ainda conforme Silvana, ao apresentar fotos da vítima ao vigilante, ele a reconheceu prontamente. "Mostramos fofos de Arlete em vida, e ele reconheceu a jovem. A imagem do corpo da vítima no chão também foi reconhecido por Tiago". A motivação do crime, segundo a delegada, segue sem reposta. "Ao ser interrogado, Tiago afirmou espontaneamente ter vontade deliberada de matar, sem objetivo específico. Ele saía de casa tomado por uma angústia. Após o assassinato, ele afirmou ter alívio após satisfazer o desejo de matar. Ao ser questionado 'por que Arlete?', ele respondeu que saiu no dia a esmo, e ao avistar a vítima, achou que a jovem tinha pernas muito bonitas".

Condenações prévias
Tiago Henrique já foi condenado por homicídio em outras três ocasiões – a 20 anos de prisão em regime inicialmente fechado, em cada um. O vigilante possui ainda duas outras condenações: 12 anos e 4 meses de prisão por dois assaltos a uma mesma agência lotérica, proferida pela juíza Placidina Pires, da 10ª Vara Criminal de Goiânia, e a 3 anos de reclusão, na 8ª Vara Criminal, proferida pelo juiz Wilton Müller Salomão, por porte ilegal de arma de fogo. (Texto: Lilian Cury/ foto: Hernany César - Centro de Comunicação Social do TJGO)