Com o objetivo de incluir a pessoa com necessidades especiais no meio social e oportunizar a preparação dela para o trabalho, a comarca de Cristalina lançou o Projeto Com Viver. A iniciativa, inédita no âmbito do Poder Judiciário de Goiás, foi idealizada pela diretora do Foro, juíza Priscila Lopes da Silveira, e pelo colega Thiago Inácio Oliveira.

O lançamento ocorreu na tarde de terça-feira (4), no auditório do Tribunal do Júri da cidade, com a presença de autoridades, alunos e professores da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Cristalina e servidores do fórum. Quase 24% da população brasileira é composta por pessoas que possuem algum tipo de deficiência. De acordo com o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil vivem 45 milhões de Pessoas com Deficiência (PCDs).

Os números são considerados altos e representam uma barreira quando se trata de mercado de trabalho. Segundo o IBGE, homens e mulheres de 16 a 64 anos com deficiência no grau severo ou mental/intelectual participam menos do mercado de trabalho. No entanto, muito mais que incluir essas pessoas em um ambiente laboral, o projeto visa dar a elas autonomia, independência e ganhos psicossociais.

A juíza Priscila Lopes (foto à esquerda) conta que o projeto surgiu de uma conversa entre os magistrados. “Queremos unir as funções do Judiciário porque além de pacificar a sociedade resolvendo os conflitos, também é fundamental implementar direitos fundamentais. Acredito que com o projeto estamos implementando um grande direito fundamental, que é o direito a igualdade”, salienta.

A magistrada destaca que dificilmente essas pessoas teriam acesso ao fórum se não fosse por meio do projeto. “Aqui eles vão saber como funciona as atividades e nos ajudar. Inicialmente, o objetivo é fazer com que eles aprendam tarefas simples, mas nós vamos visualizar em cada um deles o que eles têm para nos oferecer porque cada um tem sua individualidade e pode contribuir de forma diferente com os serviços judiciários”, explica.

Além disso, Priscila Lopes fez questão de frisar que o ganho é recíproco, uma vez que todos que trabalham no fórum também aprenderão com os novos voluntários. “Tenho certeza que o aprendizado maior é nosso porque as deficiências que eles possuem são pequenas perto das tantas que vemos aqui no dia a dia com pessoas que aparentemente não tem nenhum tipo de deficiência, mas carecem de carácter”, enfatiza.

O juiz Thiago Inácio (foto à direita) lembra que no projeto é fundamental a parceria com a Apae. “O Judiciário é protagonista ao abraçar a inciativa e trazer essas pessoas para o nosso convívio e nós vamos aprender muito mais com eles do que eles com a gente. Tirar essas pessoas de suas atividades rotineiras e trazê-las para o nosso convívio, para o dia a dia forense”, pontua. Ele afirma que o Com Viver fortalece a dignidade das pessoas com necessidades especiais.

A diretora da Apae de Cristalina, Cristina Maróstica (foto à esquerda), diz que trabalhar significa para essas pessoas inclusão, respeito e autonomia. Para ela, o convívio com eles é agregador para todos. “O projeto é um avanço na vida dessas pessoas. O Judiciário está abrindo portas para a Apae de Cristalina isso que é inclusão de verdade. O olhar dos juízes para esses jovens adultos é único e eles serão gratos pelo resta da vida”, analisa, ao citar o aumento da qualidade de vida e o respeito à diversidade.

Também participaram da cerimônia a juíza Yanne Pereira e Silva Braga Netto, da comarca de Cristalina; Antônio Carlos Picolotto, secretário da Federação Estadual das Apaes; prefeito de Cristalina, Daniel Sabino Vaz; Marco Aurélio Ribeiro, presidente da Câmara Municipal de Cristalina; Nilda Gonzatti, secretária de Educação do Município de Cristalina e Marco Antônio Martin Silva, general-comandante da 3ª Brigada de Infantaria Motorizada de Cristalina.(Texto: Arianne Lopes / Fotos: Aline Caetano – Centro de Comunicação Social do TJGO)
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