Quebrando uma rotina de silêncio nas audiências dos processos que apuram os homicídios de que é suspeito, o vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha (foto) falou em juízo. Perante o juiz Jesseir Coelho de Alcântara, da 1ª Vara Criminal de Goiânia, ele negou que tenha assassinado Adailton dos Santos Farias. Em depoimento marcado por contradições e respostas curtas, ele disse que não se lembrava do crime e que não foi o responsável por 39 assassinatos ocorridos em Goiânia nos últimos dois anos, conforme noticiado pela imprensa. Os depoimentos foram acompanhados pelo promotor de Justiça Cyro Terra Peres e pela advogada Brunna Moreno de Miranda Bernardes.

Tiago Henrique disse também que confessou vários homicídios sob coação. Ao ser questionado sobre quem o teria coagido, ele afirmou que foram homens da delegacia. O juiz Jesseir Coelho de Alcântara indagou se ele sabia que o inquérito da morte de Adailton teria sido presidido por uma mulher, ele limitou-se a dizer que não se lembrava.

O vigilante confirmou que todos os crimes foram cometidos por influência de vozes que não sabia de onde vinham. Afirmou que não se lembrava de todos os detalhes dos crimes que cometeu, apenas que saía de casa de moto, movido pelo sentimento de raiva, e que tinha flashes de memória dos assassinatos. “Lembro-me apenas do barulho de um tiro”, afirmou.

O juiz Jesseir Coelho de Alcântara (no centro da foto) perguntou a Tiago Henrique se ele tinha algum tipo de sentimento sobre os crimes de que era acusado. O vigilante respondeu que estava arrependido, mas que este tipo de sentimento surgiu apenas agora, depois que os fatos vieram à tona e ele acabou sendo preso e levado para o Núcleo de Custódia do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia.

Três testemunhas foram ouvidas ontem antes do vigilante Tiago Henrique ser levado para a sala de audiências. Marinalva Miranda Andrade afirmou ter presenciado a morte de Adailton dos Santos Farias. Segundo ela, Tiago Henrique teria chegado de moto e, armado com um revólver, mandou a vítima deitar-se no chão para, em seguida, dar-lhe um tiro. Em seguida, subiu na motocicleta e fugiu. Marinalva Andrade disse ter reconhecido o vigilante por meio de imagens de televisão e pela voz. “Nunca me esqueceria da voz dele”, afirmou. Também prestaram depoimento Charles Alves Miranda e Vanderley Miranda de Andrade, amigos da vítima. A testemunha Maria Josimara Nascimento Cruz, também arrolada pela acusação e pela defesa, não compareceu e foi dispensada por defesa e acusação. (Texto: João Carlos de Faria/Fotos: Aline Caetano - Centro de Comunicação Social) 

Veja a galeria de fotos